Compreender a realidade, buscar o conhecimento para melhorar a vida no planeta é um dos princípios da ciência. Aliado a isso, a missão da UFJF é fazer com que tal conhecimento impacte na educação dos seus alunos e na qualidade de vida da sociedade. O Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism) 2026 traz a sustentabilidade como tema central e reforça a urgência de agir por um futuro melhor agora. 

Em diálogo com a proposta, preparamos uma série de matérias para mostrar iniciativas da UFJF que dialogam com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Projetos que mostram, na prática, como a Universidade ajuda a enfrentar desafios globais e, ao mesmo tempo, prepara seus estudantes para serem protagonistas de um futuro sustentável.

Nesta segunda reportagem, o destaque está em iniciativas que se conectam diretamente com o ODS 3 (Saúde e Bem-Estar), o ODS 6 (Água Potável e Saneamento) e o ODS 4 (Educação de Qualidade). Do monitoramento da qualidade da água à formação de professores e ao acolhimento em escolas, passando pelo incentivo ao esporte, pelas pesquisas em saneamento e pelo desenvolvimento de tecnologias inovadoras, cada ação evidencia o compromisso da UFJF em contribuir para a construção de um mundo melhor.

O coordenador Humberto Húngaro e os alunos do LAAA trabalham para reduzir desigualdades no acesso a serviços básicos. (Foto: Twin Alvarenga)

Laboratório de Análise de Alimentos e Águas

Garantir o acesso universal à água potável e segura até 2030 é uma das metas do ODS 6 da ONU. Na UFJF, esse compromisso se fortalece no trabalho desenvolvido pelo Laboratório de Análise de Alimentos e Águas (LAAA), localizado na Faculdade de Farmácia. O espaço atua em práticas de ensino, de pesquisa e de extensão, com o objetivo de controlar a qualidade da água para o consumo humano. 

Com uma atuação que vai desde análises laboratoriais em amostras de comunidades rurais até parcerias com agroindústrias, hospitais e órgãos públicos, o LAAA contribui para reduzir desigualdades no acesso a serviços básicos. O laboratório também realiza o monitoramento de bebedouros da própria UFJF e presta suporte a projetos de extensão, reforçando a importância do saneamento como estratégia de promoção da saúde preventiva.

“Nosso foco hoje é a qualidade da água. Fazemos diagnósticos tanto para comunidades rurais, que muitas vezes dependem de nascentes e poços, quanto para agroindústrias e hospitais. Esse trabalho é essencial para garantir saúde pública e sustentabilidade”, destaca o professor Humberto Moreira Húngaro, coordenador do Laboratório.

A experiência também transforma a trajetória acadêmica dos estudantes. Eles participam de treinamentos, aprendem técnicas de análise e têm contato direto com projetos de pesquisa e de extensão. Para o aluno Daniel Freire, bolsista de Treinamento Profissional no laboratório, a vivência é enriquecedora. “Aqui a gente aprende desde cedo como o trabalho da Universidade pode impactar a vida das pessoas. Não é só teoria, é prática que ajuda a melhorar a qualidade da água e, consequentemente, a saúde da comunidade”.

Trabalho do projeto Semeando Habilidades em parceria com o Grupo Semente promovendo saúde e bem-estar no bairro Dom Bosco. (Foto: Twin Alvarenga)

Semeando Habilidades para a vida através do basquetebol

Unir esporte, cidadania e inclusão é a proposta do projeto de extensão “Semeando habilidades para a vida através do basquetebol” desenvolvido pela Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) em parceria com o grupo espírita Semente, no bairro Dom Bosco. Criada há dois anos, a iniciativa nasceu a partir da demanda da comunidade e hoje leva às crianças da região a oportunidade de vivenciar uma modalidade pouco difundida no Brasil, mas capaz de gerar grandes transformações. 

Professor Dilson Borges – ao centro – coordena o projeto da Faefid. (Foto: Twin Alvarenga)

Segundo o professor Dilson Borges, da Faculdade de Educação Física e coordenador do projeto, a proposta vai muito além do esporte. “O basquetebol se tornou um veículo para ampliar horizontes. Muitas dessas crianças não teriam acesso a essa vivência, e o projeto possibilita que elas interajam em festivais, conheçam novos ambientes e ampliem sua visão de mundo. Isso gera um resultado marcante, porque o esporte as transforma não só fisicamente, mas também cultural e socialmente”.

Para os estudantes de Educação Física, a experiência também é formativa. João Miguel Silva Cabral, bolsista do projeto, conta que a participação mudou sua forma de ver a profissão. “O que mais me marcou foi o carinho das crianças. Desde o primeiro contato, percebi o quanto o esporte cria vínculos e oportunidades. Hoje tenho certeza de que o esporte é um grande transformador social, principalmente para quem não tinha acesso a esse tipo de atividade.”

A aluna Liz Duque integra o projeto  de tratamento de esgoto e avaliação de novas tecnologias. (Foto: Divulgação)

Saneamento básico em foco

Na UFJF, o saneamento básico é tema de diversas pesquisas que buscam não só compreender os desafios, mas também propor soluções aplicáveis à realidade local. Em uma dessas iniciativas, o pesquisador Edgard Dias, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (ESA), coordena um projeto que envolve diagnósticos das estações de tratamento de esgoto, gerenciamento do lodo e avaliação de novas tecnologias. 

Estudantes da graduação, mestrado e doutorado participam das atividades, que incluem visitas de campo, pesquisas laboratoriais e até testes em sistemas-piloto instalados nas próprias estações. “É uma oportunidade de aprendizado única para os estudantes e, ao mesmo tempo, conseguimos apoiar a Companhia de Saneamento Municipal (Cesama) na busca por melhorias na operação e manutenção das estações, o que reflete em ganhos para a qualidade da água e para a saúde pública”, destaca Dias.

Pesquisador Emanuel Brandt também integra a equipe que trabalha pela qualidade da água e saúde pública. (Foto: Divulgação)

Embora o impacto seja muitas vezes invisível no dia a dia, o professor ressalta que as melhorias no tratamento de esgoto se traduzem em benefícios diretos à sociedade. O avanço no processo de depuração dos mananciais está associado a melhores indicadores de qualidade de vida e redução de riscos à saúde. Segundo o professor, ainda há um longo caminho a percorrer, mas a parceria entre a universidade e a companhia de saneamento representa um passo concreto para o desenvolvimento sustentável da cidade.

Outra pesquisa, coordenada por Nathalia Roland, também integrante do ESA, se dedica à análise sobre o acesso à água e a banheiros em espaços públicos de Juiz de Fora. A mestranda Bruna Acácio, conduz um estudo que mapeia legislações, visita locais de uso e entrevista trabalhadores como ambulantes, motoristas de aplicativo e feirantes, que passam grande parte do dia nas ruas. 

Aluna Bruna Acácia e pesquisadora Nathália Roland pesquisam o acesso à água e a banheiros em espaços públicos de Juiz de Fora. (Foto: Twin Alvarenga)

Bruna explica que o tema surgiu a partir das discussões em sala de aula sobre os grupos populacionais que ficam à margem do direito ao saneamento. “Pouco se fala sobre trabalhadores que enfrentam uma realidade de grande vulnerabilidade quando se trata do acesso à água potável e a condições mínimas de higiene. Essa lacuna me motivou a aprofundar a pesquisa e mostrar como saneamento, saúde pública e saúde ocupacional estão diretamente conectados”, afirma a mestranda.

A investigação já identificou avanços, como os pontos de apoio instalados para motoristas e entregadores de aplicativo e o banheiro container na Avenida Brasil, mas também revelou desafios, como a cobrança de taxas e a baixa disponibilidade de opções gratuitas. Para Nathalia, dar visibilidade a essas situações é fundamental. “O acesso ao saneamento é um direito humano, mas vemos esse direito sendo constantemente violado. Mesmo com alguns avanços, ainda há muito a ser feito para garantir dignidade e saúde para todos”.

Michelle Almeida, professora da escola e supervisora do subprojeto, junto com as alunas Geovana Éster e Ana Beatriz. (Foto: Twin Alvarenga)

Projeto Acolhe 

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) é uma iniciativa que insere estudantes de licenciatura no cotidiano das escolas públicas desde os primeiros períodos da graduação. Para a professora Andreia Rezende Garcia Reis, coordenadora do Pibid na UFJF, a iniciativa fortalece a formação docente e amplia a qualidade da educação. “O Pibid cria uma rede formativa que integra a universidade e o ensino básico. Os estudantes aprendem não só na sala de aula, mas também no cotidiano escolar, junto com professores experientes, o que os torna profissionais mais preparados para os desafios da educação básica”, destaca Andreia. 

Entre os subprojetos do Pibid da UFJF está o de Pedagogia, coordenado pela professora Sandrelena da Silva Monteiro, que leva às escolas discussões sobre direitos humanos e saúde mental. A proposta deste subprojeto nasceu como desdobramento dos estudos e pesquisas do Grupo Acolhe, coordenado pela professora. As atividades atuais estão acontecendo na Escola Municipal Doutor Ademar Rezende de Andrade. 

“Não há saúde mental sem direitos humanos. Foi com essa compreensão que estruturamos o subprojeto. Neste momento, estamos desenvolvendo um trabalho a partir da Declaração dos Direitos da Criança de forma lúdica e acessível às crianças para que possam compreender, desde pequenas, que bem-estar e cidadania caminham juntos”, explica Sandrelena.

Com materiais, jogos e atividades, sempre adaptados à linguagem das crianças, o trabalho realizado pelos estudantes do projeto é sempre muito bem recebido e as crianças levam a sério a pauta. Para Ana Beatriz Oliveira, o acolhimento é imediato e não deixamos de falar sobre assuntos sensíveis e urgentes: “É essencial falar de saúde mental desde a infância, porque muitas vezes isso passa batido no dia a dia da escola”. 

A estudante Giovanna Esther destaca o caráter formativo do projeto: “Antes de levar qualquer atividade, a gente estuda e discute no grupo. É uma troca muito significativa, porque aprendemos como abordar temas complexos, como sentimentos e direitos, de um jeito lúdico e acessível”.

Michelle Almeida, professora da escola e supervisora do subprojeto, reforça o impacto da iniciativa tanto na formação das bolsistas quanto no ambiente escolar. “Elas acompanham diariamente as crianças e desenvolvem planos de trabalho relacionados à Declaração dos Direitos da Criança. As trocas têm sido muito interessantes, o projeto já começa a ganhar maior visibilidade dentro da escola”, comenta.

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