
Obra compõe uma das mostras coletivas que será exposta no Jardim Botânico. Quadro de Fernanda Moysés Procópio (Foto: divulgação)
A Pró-reitoria de Cultura (Procult) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) divulgou nesta segunda-feira, 1º de setembro, os resultados finais dos editais de ocupação das galerias de arte do Jardim Botânico e da Reitoria da Universidade. Ao todo, foram selecionadas quatro propostas para integrarem as galerias Tlegapé, Mehtl’on e Tchóre, localizadas na Casa-Sede do Jardim Botânico; e sete propostas para exposição na Galeria Helio Fádel, posicionada no corredor frontal da Reitoria do campus-sede da UFJF.
As mostras contempladas se enquadram física e conceitualmente no compromisso da instituição em acolher artistas e acadêmicos que possuem interesse nas mais diversas tendências artísticas; que trabalham temáticas no campo das Ações Afirmativas, como questões de raça, gênero, classe, sexualidade e inclusão; e que valorizam a biodiversidade e as culturas tradicionais. Os editais preveem que as artes fiquem expostas até agosto de 2026.
Jardim Botânico
A chamada pública do Jardim priorizou celebrar a ancestralidade e a cultura dos povos indígenas para ampliar a consciência ambiental e social dos cerca de 100 mil visitantes que recebe anualmente. As galerias Tlegapé, Mehtl’on e Tchóre são nomeadas com terminologias da cultura “Puri”, povo indígena que habitou a região no século XIX, e significam, respectivamente, Mata, Força e Luta.
Para o diretor Breno Moreira, celebrar essa cultura dentro do Jardim Botânico fortalece seu caráter de educação ambiental, inclusão, pesquisa e conservação da Mata Atlântica, promovendo respeito e reconhecimento da diversidade étnica brasileira. “Também é um gesto de reparação histórica, diante das invisibilidades e violências sofridas por esses povos. Dessa forma, o Jardim Botânico se torna um território de diálogo, aprendizagem e valorização das raízes culturais do Brasil, ampliando a consciência ambiental e social de seus visitantes.”
No processo de apreciação das 20 mostras submetidas ao edital, houve a valorização de propostas coletivas e alinhadas à identidade cultural do Jardim Botânico. Segundo Moreira, foram consideradas a qualidade artística das obras, as diferentes técnicas utilizadas, a aderência ao edital e a consonância com os princípios institucionais educativos e ambientais que norteiam o espaço.
Atualmente, o Jardim Botânico da UFJF trabalha intensamente na reconfiguração do espaço físico da Casa-Sede de modo a acolher as novas coleções de maneira adequada e inspiradora. “Estamos planejando a expografia com atenção especial à experiência do visitante, buscando criar percursos que valorizem cada obra em sua singularidade, mas também no diálogo com o todo. O objetivo é proporcionar uma vivência estética significativa, em que arte, ciência e natureza possam se entrelaçar”, reforça Moreira.
Way Sanà-Marya Pury, proponente da exposição Uxô Gamung: Reencantamento Puri e o Sonho da Terra, é um dos contemplados no resultado final. A mostra é da modalidade coletiva e transmite a diversidade dos povos indígenas – em particular do Povo Puri – pois todos os participantes da exposição pertencem a essa etnia. As obras que a compõem contam com muitas linguagens, desde instrumentos tradicionais em fibras diversas, trama em bambu, tecelagem, pintura e literatura, até ilustração digital, músicas acessadas por escrita e QR Code, e instalação interativa.
“O Jardim é esse luzeiro de vida e ancestralidade em meio à cidade. Foi natural pensarmos em expor na Galeria Sede, visto que o Jardim já nos acolhe há muito tempo. Muitas reuniões dos Puri da cidade de Juiz de Fora acontecem sob as copas das árvores do Jardim Botânico”, afirma o proponente.
Além desse, as outras três artes e artistas selecionados para as galerias Tlegapé, Mehtl’on e Tchóre são: “Cidade, aldeia e mata”, de Everaldo Moreira; “Animinimalis”, de Victor Ribeiro Corra; e “Azul atlântico”, de Bárbara Lúcia de Almeida.
Reitoria da UFJF
Sobre a Galeria Helio Fádel, que receberá sete exposições ao longo dos próximos 12 meses, a previsão para inauguração da primeira exposição é 1º de outubro, com a coletiva “Muito além das palavras”, organizada por Lêda Soares, com fotografias realizadas por pessoas surdas. Marcus Medeiros, pró-reitor de Cultura da UFJF, ressalta a importância de ocupar a Reitoria do campus com artes visuais.
“Promover exposições na Reitoria é fundamental para levar a arte – e, junto com ela, os questionamentos, provocações e reflexões que a arte promove – a todas as pessoas que por ali passam: a trabalho, a estudo ou visitando o local. É exercer a missão da Universidade de democratizar o acesso às artes, à cultura e ao conhecimento, ao mesmo tempo em que incentiva a produção artística. É, enfim, ressaltar o lugar da cultura na universidade e o lugar da universidade no campo cultural.”, afirma.
As artes e artistas selecionados para a Galeria Helio Fádel são: “Rádio Corredor”, de Guilherme Liduino; “Retalhos de Mim”, de Ilka Soares; “Muito Além das Palavras”, de Lêda Soares; “Tudo o que está aqui está lá”, de Marco Raphael; “Exposição JF”, de Pedro Carriço; “É Dia de Feira”, de Rodrigo Dias; e “A Arte Construindo um Planeta Sustentável”, de Valéria Marques.
Outras informações: (32) 2102-6336 – Jardim Botânico
(32) 2102-3964 – Pró-reitoria de Cultura (Procult)




