A professora do Departamento de Física da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Zélia Maria da Costa Ludwig, foi uma das delegadas titulares eleitas para representar a comunidade científica na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (CNPM). 

Zélia Ludwig participa de proposições de políticas para mulheres no ambiente acadêmico (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

A escolha aconteceu durante a Conferência Livre Temática “Equidade de gênero nas instituições de educação superior e pesquisa”, realizada no dia 15 de agosto, em Brasília (DF). O encontro reuniu pesquisadoras, gestoras e representantes de diferentes instituições para discutir propostas que visam construir uma política pública mais justa, inclusiva e representativa para as mulheres na ciência e no ensino superior. 

Para Zélia, ocupar esse espaço é um passo fundamental para ampliar as vozes femininas dentro da ciência. “Nós, mulheres, trazemos a força e a criatividade da diversidade. Eu levo não só a perspectiva da UFJF, que é muito importante, mas também a das diversas intersecções que carrego comigo enquanto mulher negra, mãe, acadêmica das Ciências Exatas e mulher engajada nas questões sociopolíticas que envolvem gênero e questões étnico-raciais.”

Propostas sugeridas
Ao final do evento, foram sugeridas três proposições principais: a criação de uma política para promoção de um ambiente acadêmico e científico seguro, com proteção às denunciantes; o estabelecimento de uma política de apoio à parentalidade e aos cuidados na educação, ciência, tecnologia e inovação; e a implementação de uma política nacional de inclusão, permanência e ascensão de meninas e mulheres, contemplando grupos sub-representados.

“Precisamos garantir a presença, a permanência e a progressão das mulheres de forma saudável e produtiva. Isso significa abrir caminhos para as gerações futuras e aprofundar o letramento tão necessário para consolidar uma ciência mais justa e diversa” (Zélia Ludwig, professora do Departamento de Física da UFJF)

“Precisamos garantir a presença, a permanência e a progressão das mulheres de forma saudável e produtiva. Isso significa abrir caminhos para as gerações futuras e aprofundar o letramento tão necessário para consolidar uma ciência mais justa e diversa”, reforça a professora.

Além de Zélia, foram eleitas como delegadas titulares Maria Lúcia Braga, servidora do CNPq e integrante do Programa Mulher e Ciência deste Conselho, e Zeila Sousa de Albuquerque, docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA). Outras três suplentes foram escolhidas, oriundas da Universidade de Brasília (UnB) e das universidades federais Fluminense (UFF) e de Santa Catarina (UFSC).

Mais conquistas para todas
A conferência livre integra a programação da 5ª CNPM, que será realizada de 29 de setembro a 1º de outubro de 2025, sob coordenação do Ministério das Mulheres e do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM). Com o tema “Mais Democracia, Mais Igualdade, Mais Conquistas para Todas”, o evento busca ampliar a participação de diferentes vozes femininas representadas por organizações e movimentos sociais.

Durante a abertura, o presidente do CNPq, Ricardo Galvão, destacou que o Conselho vem atuando em políticas afirmativas e citou a criação do programa “Mulheres e Ciência”, lançado em 2024, como exemplo de incentivo. Ele lembrou que, historicamente, a presença feminina na ciência ainda é limitada, já que apenas 8% da autoria da revista Nature é de mulheres, mas ressaltou que o Brasil figura em terceiro lugar no ranking mundial de participação feminina na ciência.

Já a presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Denise Pires de Carvalho, defendeu a necessidade de políticas públicas que garantam maior igualdade de condições. Segundo ela, embora o Brasil tenha quase 50% de pesquisadoras, essa representatividade ainda não se reflete nas academias científicas ou em cargos de liderança.

Ao falar sobre as futuras gerações, Zélia deixa um recado: “Que elas não desistam de lutar pelos seus objetivos. Que busquem formar redes de apoio. Que estudem e sejam engajadas e comprometidas com as questões de diversidade e equidade no ambiente acadêmico. E que envolvam o maior número de pessoas nessa luta diária.”