Para além das paredes que constroem o Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), há uma ligação invisível entre as unidades Santa Catarina e Dom Bosco. Localizadas em diferentes pontos da cidade, elas são interligadas por uma ponte fundamental: o transporte de pacientes.

Equipe do HU faz cerca de 600 remoções por mês, transportando pacientes para exames e cirurgias entre as unidades Santa Catarina e Dom Bosco e também para outras instituições (Foto: Comunicação HU-UFJF/Ebserh)

O Serviço de Remoções faz diariamente o trajeto de 13,8 km em cada viagem entre as duas unidades, ida e volta. Mensalmente, são cerca de 600 remoções, que levam pacientes para exames e cirurgias. Além disso, realiza a ligação com outros hospitais do município.

A equipe é formada por 19 profissionais: um enfermeiro responsável técnico, dois enfermeiros assistenciais, sete técnicos de enfermagem, três condutores socorristas, um recepcionista e cinco maqueiros. A maioria desses trabalhadores atuam em esquema de plantão e têm uma missão essencial para o funcionamento harmônico do HU.

“Eu sou condutor, mas também sou um auxiliar dos técnicos e enfermeiros. Eu preciso saber o que aquele paciente tem para saber como transportá-lo” (Juan Carlos de Oliveira, condutor socorrista)

Transportar também é cuidar
Juan Carlos de Oliveira é condutor socorrista e trabalha fazendo remoções no hospital há 16 anos. Ele relata que, em dias cheios, a equipe faz entre 15 e 20 deslocamentos de uma unidade a outra. Apesar de tanto tempo na função, Juan ressalta a importância do trabalho conjunto e da comunicação assertiva para a locomoção segura do paciente. 

“Eu sou condutor, mas também sou um auxiliar dos técnicos e enfermeiros. Eu preciso saber o que aquele paciente tem para saber como transportá-lo. Então, a equipe sempre me avisa se é um problema de coluna, uma cirurgia, porque preciso estar preparado também. Se eu não souber o que fazer, posso atrapalhar o serviço”, explica.

Apesar de trabalharem com o transporte dos pacientes de uma unidade a outra do HU, Oliveira conta que, em caso de acidentes, eles precisam prestar atendimento. “Se tem um acidente no trânsito, somos obrigados por lei a parar e dar o primeiro socorro até chegar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou, até mesmo, fazer a transferência para outras unidades hospitalares.”

Há 16 anos no HU, Juan Carlos de Oliveira ressalta importância do trabalho conjunto e da comunicação assertiva para a locomoção segura dos pacientes (Foto: Comunicação HU-UFJF/Ebserh)

Álvaro Alves é técnico de Enfermagem e atua há seis anos fazendo remoções no HU. Diante de todos os desafios do dia a dia, ele destaca a velocidade de reação que seu trabalho demanda. “O hospital tem todas as condições possíveis para o paciente ser atendido, mas fora dele a gente precisa reagir muito rápido. Então, é muito importante o técnico de Enfermagem estar atento aos pequenos sinais que um paciente pode apresentar ao longo do trajeto. É um atendimento muito dinâmico, e precisamos entender, fora do ambiente hospitalar, o que está acontecendo e qual ação vamos tomar.”

Pela necessidade de reação rápida, Alves também conta que o treinamento para trabalhar nas ambulâncias é diferente e mais específico que o de outros profissionais da mesma área, ressalta Katrine Correa, técnica de Enfermagem do setor. “Nós fazemos esse treinamento de forma interna. Apesar de não realizarmos atendimento na rua todos os dias, precisamos saber o que fazer caso nos deparemos com uma situação de emergência. Então, temos o mesmo treinamento básico de socorrista. Estamos sempre estudando sobre atendimento pré-hospitalar e atendimentos básico e avançado.”

“O hospital tem todas as condições possíveis para o paciente ser atendido, mas fora dele a gente precisa reagir muito rápido. É um atendimento muito dinâmico, e precisamos entender, fora do ambiente hospitalar, o que está acontecendo e qual ação vamos tomar.” (Álvaro Alves, técnico de Enfermagem)

Essa capacitação, segundo Katrine, traz efeito no resultado dos atendimentos: “O olhar do técnico de Enfermagem e do enfermeiro da ambulância é diferente porque estamos sempre preparados para mudar alguma coisa durante o trajeto.” Ela destaca a importância do setor para as duas unidades do Hospital Universitário. “Tudo o que acontece no HU, externa ou internamente, está ligado ao transporte.”

Outro profissional fundamental é o maqueiro, que faz o transporte seguro e humanizado em macas e cadeiras de rodas, garantindo conforto e segurança aos atendidos. Washington Luís é um desses profissionais da equipe de remoção interna no HU. “Tenho gosto pela função na qual estou. Nos faz crescer profissionalmente e pessoalmente, já que estamos fazendo o bem, sempre procurando levar palavras de otimismo, paciência e boa recuperação aos pacientes que atendemos”, afirma. 

Além disso, o profissional destaca a colaboração entre os trabalhadores dos diversos setores, identificando a gravidade das situações encaminhadas, incluindo o estado físico e mental da pessoa. “Esse trabalho define uma soma maior da nossa experiência do dia a dia.”

Equipe de Enfermagem que atua junto à recepção, dentro do hospital, funciona como engrenagem indispensável para que os deslocamentos aconteçam de forma segura e eficiente (Foto: Comunicação HU-UFJF/Ebserh)

Para além da ambulância
E, por trás de todo o trabalho na rua, quem organiza a mobilidade? Quem recebe as demandas de transporte? Como é feita a capacitação das equipes atuantes? Tudo isso é função da equipe de Enfermagem junto com a recepção. Dentro do hospital, estes profissionais funcionam como uma engrenagem para que os deslocamentos aconteçam de forma segura e eficiente.

Além disso, no transporte interno de pacientes, o papel do enfermeiro vai além. Ele atua como o elo central entre a equipe de técnicos, maqueiros e os diversos setores da Instituição. Portanto, a equipe é responsável pela supervisão, organização logística e pelo bom funcionamento da rotina diária.

“O olhar do técnico de Enfermagem e do enfermeiro da ambulância é diferente porque estamos sempre preparados para mudar alguma coisa durante o trajeto. Tudo o que acontece no HU, externa ou internamente, está ligado ao transporte” (Katrine Correa, técnica de Enfermagem)

Como explica a enfermeira Paula Farage, todo o processo de deslocamento, seja para exames, procedimentos ou transferências internas, depende de um sistema de agendamento. “Para cada setor, a gente tem uma planilha, que é comum a todos os setores, e eles fazem o agendamento. Depois, se precisar de algum encaixe de urgência, avisam a gente”, pontua.

Esse trabalho exige constante atenção e habilidade de liderança, pois é o enfermeiro quem garante o alinhamento entre os setores e a fluidez do serviço. Além disso, segundo Marcus Vinicius Pereira, enfermeiro e responsável técnico pelo Serviço de Remoção, há um esforço contínuo para oferecer treinamentos e capacitações à equipe, preparando os profissionais para situações imprevistas, como emergências durante o transporte ou até mesmo a necessidade de prestar socorro externo, conforme previsto em lei.

O cuidado com a formação dos profissionais se torna ainda mais essencial diante do desafio logístico enfrentado pelo hospital: “Como os exames de imagens mais complexos são realizados no Dom Bosco, a gente tem um elo muito importante para fechar o diagnóstico dos pacientes do HU Santa Catarina, transportando-os de uma unidade a outra. Lá, eles realizam ressonância, tomografia ou alguma avaliação com especialista.”

Maria do Carmo Bento Silva, 67 anos, precisou ser transportada recentemente e ressalta a qualidade do atendimento, do veículo e da condução (Foto: Comunicação HU-UFJF/Ebserh)

Mais conforto e segurança
Uma boa notícia é que, desde o início do ano, o hospital conta com uma ambulância nova, resultado de um investimento de R$ 297 mil (são duas ambulâncias hoje em funcionamento). “Ela é excelente, toda equipada e mais segura. É básica para o transporte, mas tem um conforto para nós, condutores, para a equipe e também para o paciente”, ressalta Oliveira.

Maria do Carmo Bento da Silva, de 67 anos, foi transportada na nova ambulância recentemente. Ela é da cidade de Santos Dumont e faz tratamento no HU. Estava internada na Unidade Santa Catarina quando foi entrevistada e precisou ir para a Unidade Dom Bosco realizar uma tomografia. “Fui muito bem atendida, a ambulância é muito boa e o transporte foi tranquilo”, conta.

Cloviane Cugola Quintilhano, do município de Mar de Espanha, foi ao HU acompanhar o filho, Thawan Quintilhano Maia, 18 anos, que passou por uma cirurgia após um acidente de moto. O jovem estava internado no HU Santa Catarina e precisou do transporte de ambulância para operar no Centro Cirúrgico do Dom Bosco. “O atendimento da equipe da ambulância foi maravilhoso. A equipe nos atendeu muito bem. Todos muito educados e prestativos, e a condução muito segura.”