O Pint of Science é o maior festival de divulgação científica do mundo e acontece em Juiz de Fora desde 2018. (Foto: Iris Faria)

Laboratório, sala de aula, biblioteca e… mesa de bar? Para mostrar que todo lugar é um lugar para falar de ciência, o festival internacional “Pint of Science” leva pesquisadores para mais de 500 bares mundo afora e estimula a divulgação dos estudos sendo realizados em instituições de pesquisa de forma descontraída, sempre relacionando com assuntos do cotidiano. 

O festival acontece em Juiz de Fora desde 2018 e neste ano ocorre nos dias 20 e 21 de maio, às 19h, no Experimental Bar, no Bar do Luiz e, pela primeira vez, na Cervejaria Wurttemberg, localizada na Zona Norte. “Além da ampliação territorial, destacamos uma maior diversidade dos temas abordados nas palestras, que vão desde os impactos ambientais da indústria da moda até questões contemporâneas ligadas à comunicação e desinformação”, afirma Fernanda Bombonato, coordenadora do evento em Juiz de Fora. 

Primeiro dia: Mudanças climáticas, viagens e destinos e o futuro elétrico no Brasil

Na terça, 20, o papo é sobre “Cidades quentes, florestas ameaçadas: o desafio das mudanças climáticas” no Experimental; “De viagens e destinos: nossas decisões importam ou é papo furado?” na Cervejaria Wurttemberg e “Energia de verdade: o que não te contaram sobre o futuro elétrico do Brasil” no Bar do Luiz.

A mesa será dia 20 de maio, terça, às 19h, no Experimental Bar. (Arte: Divulgação)

Como construir sem poluir?

Dados do Relatório de Situação Global 2020 para Edifícios e Construção, produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU), mostram que a construção civil é responsável por 38% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2). “O que precisamos é construir melhor”, afirma Júlia Castro Mendes, do Departamento de Construção Civil. De acordo com a pesquisadora, existem materiais mais sustentáveis e que isolam melhor o calor e o frio. “A solução passa por juntar esforços: sociedade, governo e profissionais da área trabalhando juntos para fazer casas mais confortáveis, eficientes e sustentáveis”, revela. “É preciso insistir em um replanejamento urbano radical”, adiciona Cristina Dias da Silva, do departamento de Ciências Sociais e questiona: “será que estamos prontos para compreender a necessidade e o peso dessas transformações?”.

Turismo sustentável: é possível?

A mesa será dia 20 de maio, terça, às 19h, na Cervejaria Wurttemberg. (Arte: Divulgação)

O que influencia nossas escolhas de destinos de viagens? Existe espaço para o turismo sustentável na realidade atual? “O objetivo deste debate é trazer reflexões, dados e questões relacionadas ao grande fluxo de movimentação de pessoas por todo canto do mundo, que possuem diferentes interesses e desejos de conhecer lugares de naturezas e culturas, e os seus efeitos e impactos em contextos rural e urbano”, explica Edilaine Albertino de Moraes, coordenadora do Grupo de Pesquisa e Extensão TBC-Rede: Turismo de base comunitária, Sustentabilidade e Redes. Dividindo o palco com Edilaine, Danilo de Oliveira Sampaio, pesquisador no Departamento de Ciências Administrativas (CAD), adianta que as questões referentes ao desenvolvimento sustentável são tratadas de forma “superficial, errônea e descompromissada” por líderes políticos e gestores de empresas da esfera privada. “Temos que interagir com a comunidade, nos mais diferentes ambientes, tornar a ciência disponível à população. A troca entre os experimentos necessariamente passa pelo contato com a sociedade. Assim a evolução acontece!”, destaca.

A mesa será dia 20 de maio, terça, às 19h, no Bar do Luiz. (Arte: Divulgação)

Mais do que carros elétricos: o futuro da energia renovável no Brasil

“A partir de pesquisas científicas desenvolvidas na UFJF, como Juiz de Fora pode se destacar no cenário nacional do biogás e do biometano?”, questiona o professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Emanuel Manfred Freire Brandt. O pesquisador afirma que a mudança gradual das fontes de energia baseadas em combustíveis fósseis para fontes limpas e renováveis é um dos grandes desafios da humanidade para enfrentamento das mudanças climáticas. “Na busca pela redução da emissão de gases causadores do efeito estufa, muitos acordos internacionais têm sido feitos, que direcionam nossas fontes de energia cada vez mais a um processo de eletrificação”, explica Janaína Gonçalves de Oliveira, professora da Faculdade de Engenharia Elétrica da UFJF. 

Segundo dia: Planeta em alerta, desinformação e memória, moda e consumo

Na quarta, 21, o brinde continua. O Experimental recebe o debate: “Planeta em alerta: os impactos em um futuro nada distante”; na Wurttemberg o tema é “Desinformação e memória: quem ganha com o esquecimento?”; já no Bar do Luiz, a questão é: “O consumo mais exterminar a nossa espécie?”

A humanidade no controle: antropoceno e formas de produzir sem poluir 

A mesa será dia 21 de maio, quarta, às 19h, no Experimental Bar. (Arte: Divulgação)

“Minha fala irá tratar dos impactos ambientais causados pela presença humana no planeta”, afirma Camila Neves Silva, professora do Departamento de Geociências e do Programa de Pós-Graduação em Geografia – PPGEO. “Temos vivenciado impactos tão diversos nesse cenário de colapso ambiental, que é possível até mesmo que estejamos em uma nova época geológica, ou seja, um novo momento da história do planeta: o Antropoceno”. Já Ricardo Guimarães, pesquisador na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), aborda o desmatamento realizado para dar lugar a pastagens e a recuperação destes pastos como uma forma de diminuir a poluição. “A produção de carne e leite no Brasil está fortemente associada às pastagens. Em pastos recuperados há maior produtividade de carne e leite, além da mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEEs) por meio de uma maior estocagem de carbono no solo”, explica.

A mesa será dia 21 de maio, quarta, às 19h, na Cervejaria Wurttemberg. (Arte: Divulgação)

Gigas de informação: quem decide o que vai para a memória?  

Marcos Olender, professor do Departamento de História e da Pós-Graduação em História da UFJF, lembra que desde as primeiras décadas do século XX, vários pensadores apontavam que a sociedade industrial ocidental se caracterizava pela falência da importância da memória coletiva estruturando a vida cotidiana. “Essa situação se complica ainda mais com o advento da informatização onde, de forma cada vez mais rápida, temos acesso a uma quantidade imensa de informações e contatos de todas as partes do planeta”, destaca. “Propomos uma abordagem que leve em consideração as batalhas discursivas em ambiências midiáticas, os processos de produção de sentido e os problemas ligados aos modos de identificação em nossas sociedades”, acrescenta Wedencley Alves, professor e pesquisador da Faculdade de Comunicação da UFJF.

Consumo acelerado, moda descartável

A mesa será dia 21 de maio, terça, às 19h, no Bar do Luiz. (Arte: Divulgação)

“Quando se fala em consumo, é impossível ignorar o impacto do setor da moda. A forte pressão comercial para a renovação constante de vestuário e calçados a cada estação ou coleção incentiva o descarte precoce de produtos ainda utilizáveis”, revela Sue Ellen Costa Bottrel, pesquisadora do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), as pessoas consomem 60% mais de roupas do que há 15 anos atrás e cada peça dura a metade do tempo que costumava durar no passado. “A partir da questão ‘é possível uma moda sustentável?’, a conversa irá abordar sobre os aspectos estruturais e produtivos da moda, discutindo, a partir disso, a viabilidade de alternativas para o vestir”, revela Débora Pinguello Morgado, professora do Bacharelado em Moda da UFJF.   

Outras informações:

Bar do Luiz (Av. Eugênio do Nascimento, 240 – Aeroporto, Juiz de Fora)

Experimental Bar (Av. Barão do Rio Branco, 3162 – Passos, Juiz de Fora)

Cervejaria Württemberg (R. Dias de Gouvêia, 106 – Araújo, Juiz de Fora)

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