
Pesquisadora Ana Paula Cândido se dedica ao estudo sobre obesidade com crianças e adolescentes (Foto: Alexandre Dornelas)
A pesquisadora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Ana Paula Cândido, acaba de voltar do pós-doutoramento na Espanha, onde colabora com a pesquisa Mediterranean Lifestyle in Pediatric Obesity Prevention (Melipop). Sua participação foi financiada pela Marie Skłodowska-Curie Postdoctoral Fellowships, uma das bolsas de pesquisa mais cobiçadas no ambiente acadêmico. Ana Paula integra o trabalho liderado pelo pesquisador da Universidad de Zaragoza, Luis Alberto Moreno Aznar, que desenvolve, desde 2019, um estudo longitudinal, com previsão de término em 2030. O objetivo é investigar em crianças com riscos de obesidade os impactos da alimentação mediterrânea, conhecida por desempenhar um papel fundamental na promoção da saúde e na prevenção de doenças devido às suas ações antioxidantes e anti-inflamatórias.
De acordo com Ana Paula, trata-se de um ensaio clínico multicêntrico, paralelo, randomizado e controlado, realizado com um grupo de crianças de 3 a 6 anos (no início do estudo) e com risco de obesidade. “Nosso objetivo é avaliar o impacto na incidência de obesidade de uma intervenção baseada no estilo de vida saudável ainda na infância. A proposta é introduzir nessas crianças um padrão alimentar mediterrâneo e atividade física regular e comparar a incidência de obesidade com um grupo controle. O acompanhamento é anual e está no seu quinto ano desde o início da intervenção”, explica.
As crianças foram selecionadas em três cidades espanholas: Córdoba, Santiago de Compostela e Zaragoza, sendo o mesmo número em cada uma delas. O objetivo principal é a redução da incidência de obesidade. A população-alvo é composta por crianças com alto risco de obesidade, definido quando pelo menos um dos pais apresenta um índice de massa corporal (IMC) > 30 kg/m². Cada uma teve a urina coletada para análise inicial e todos os anos acontece uma nova avaliação para medir o impacto das ações.
Para a investigação, foram separados dois grupos: o controle, com crianças aleatoriamente selecionadas que recebem acompanhamento nas Unidades de Saúde, e o de intervenção, que recebem azeite de oliva extra virgem, pescado e orientações para prática de atividade física regular.
Contribuição da pesquisadora

Ana Paula com o pesquisador Luis Alberto Aznar e demais integrantes do grupo na 11th International Conference on Nutrition & Growth. (Foto: Divulgação)
Ana Paula ficou durante um ano e meio na Espanha e está terminando a análise dos resultados no Brasil. A seleção da pesquisadora para participar do projeto se deu em função do longo trabalho sobre obesidade com crianças e adolescentes. Especificamente neste estudo, ela ficou responsável pela avaliação da presença de compostos fenólicos no organismo das crianças participantes.
“Pela verificação da presença de polifenóis na urina das crianças é possível saber se de fato aderiram à Dieta Mediterrânea. É feita uma avaliação com um questionário de 18 itens que mede a aderência à dieta Mediterrânea (adaptado do estudo Predimed, originalmente publicado em 2013) e são colhidas amostras de urina no início e após 12 meses, para detectar polifenóis e seus metabólitos derivados da microbiota intestinal, utilizando abordagem metabolômica.” A técnica, realizada na Universidade de Barcelona, sob a coordenação da pesquisadora Rosa Maria Lamuela Raventós, analisa os metabólitos de um organismo, ou seja, as pequenas moléculas que participam de processos bioquímicos do corpo.
Os compostos fenólicos estão entre os fitoquímicos mais importantes e abundantes das plantas e presentes em muitos alimentos e bebidas característicos da Dieta Mediterrânea, como azeite de oliva extravirgem, nozes, frutas, legumes e vinho. Já é conhecido da ciência que os polifenóis e seus metabólitos estão associados a um menor risco de desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 e que os polifenóis urinários estão relacionados com menores valores de pressão arterial sistólica e diastólica e com níveis elevados de colesterol HDL em indivíduos que seguem a Dieta Mediterrânea.
A pesquisa considera ainda a associação das concentrações de polifenóis a parâmetros antropométricos, como o Índice de massa corporal, perímetro da cintura e percentual de gordura corporal. Um dos fatores que motivou o estudo foi a baixa adesão à Dieta Mediterrânea constatada na infância, sugerindo uma ingestão reduzida de compostos fenólicos e um risco futuro elevado para doenças.
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