Da esquerda para direita: Dandara Felícia, Lev Hellbrügge, Joyce Alves da Silva e Danielle Teles  (Foto: Tomás Pereira Ribeiro)

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), através da Pró-reitoria de Assistência Estudantil (Proae), da Pró-reitoria de Graduação (Prograd) e da Diretoria  de Ações Afirmativas (Diaaf), realizou nesta quinta-feira, 13, o primeiro debate público sobre a implementação de cotas para a comunidade trans (transgêneros, transexuais e travestis) nos cursos de graduação da instituição.

O debate contou com a presença da professora doutora Joyce Alves da Silva, atualmente pró-reitora adjunta da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ); da servidora da UFJF Dandara Felícia, mestre em Serviço Social e coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino no Município de Juiz de Fora (Sintufejuf); e Lev Hellbrügge, aluno do 5º período da Faculdade de Medicina. A mesa foi mediada pela diretora de Ações Afirmativas, Danielle Teles. O evento também recebeu a presença de alunos, professores e servidores da UFJF, bem como representantes de coletivos de Juiz de Fora e autoridades locais.

Evento contou com a presença da comunidade acadêmica e de coletivos de Juiz de Fora (Foto: Tomás Pereira Ribeiro)

A UFJF foi uma das primeiras instituições a adotar as ações afirmativas na graduação no final de 2004. Desde 2021, a Universidade também implementou cotas para a comunidade trans nos programas de pós-graduação. Agora, devido a uma demanda da comunidade acadêmica, a instituição se prepara para embasar as discussões sobre a implantação de cotas trans nos cursos de graduação. Posteriormente, a pauta será encaminhada ao Conselho Setorial de Graduação (Congrad) e ao Conselho Superior (Consu).

Na abertura do debate, Danielle reafirmou o compromisso da UFJF com a diversidade e também enfatizou que a instituição está sempre aberta para o diálogo e disposta a atender às demandas dos corpos docente e discente. “Nós pretendemos levar essa discussão para todas as instâncias consultivas e deliberativas da UFJF até encontrarmos um modelo que se adeque mais ao nosso contexto. Hoje a Universidade já conta com uma série de resoluções voltadas para a população trans, que garantem o uso do nome social, o uso do banheiro de acordo com a identidade de gênero e a Ouvidoria Especializada em Ações Afirmativas. Além de deliberar sobre a adoção desse tipo de cota, também é muito importante mostrar para a comunidade acadêmica a importância dessa temática.”

Vivências 

Com a participação de três pessoas trans, o debate foi marcado não apenas pelo aspecto teórico da questão, mas também pelo compartilhamento das vivências pessoais. Para Joyce Alves, a experiência positiva da UFRRJ foi notável após a implementação das cotas trans para todos os cursos da graduação. Para a professora, no caso da UFJF, a aprovação desse tipo de cota é essencial para a construção de novos saberes. “Quando se aumenta a diversidade no corpo acadêmico, também se abre espaço para novas perspectivas, novos olhares e uma outra forma de construir a própria ciência. O ingresso na faculdade garante para essas pessoas, oportunidades de empregabilidade, cidadania e dignidade, o que é valiosíssimo para essa população tão marginalizada.”

UFJF foi uma das primeiras instituições a adotar as ações afirmativas na graduação no final de 2004 (Foto: Tomás Pereira Ribeiro)

Dandara, por sua vez, compartilhou sua trajetória até a pós-graduação e destacou o papel transformador que a nova política de ação afirmativa pode ter na comunidade acadêmica. “O grande ganho com a cota trans é a possibilidade de poder pedagogizar as pessoas. A Universidade vai cumprir o seu papel ensinando para todos que a comunidade trans deve ser respeitada. Quando uma pessoa trans se encontra em um lugar com políticas de inclusão, ela se sente encorajada pela possibilidade de ocupar espaços e ser vista e escutada.”

Já o estudante Lev Hellbrügge, destacou a crescente desigualdade enfrentada pelas pessoas trans como o principal motivo para estabelecer as cotas. “Os dados sobre a comunidade trans mostram que existe uma série de fatores que impedem que essas pessoas cheguem ao Ensino Superior, então, se existe uma maneira de tornar a educação mais acessível, nós vamos lutar por ela. Felizmente aqui na UFJF nós temos uma pró-reitoria que é historicamente pioneira na implementação de cotas, além de aliados da diversidade e um movimento estudantil que está sempre pressionando por melhorias.”

Girlene Alves destacou a importância da universidade pública como espaço diverso e transformador (Foto: Kaio Lara/UFJF)

“Um lugar de cores” 

A reitora da UFJF, Girlene Alves, também marcou presença na audiência pública. Em sua fala, ela expressou seu agradecimento pela contribuição de todos os presentes, destacando que este é apenas o início de um debate que promete ser intenso e enriquecedor.

“A universidade pública brasileira não pode, não deve e nem tem o direito de se intimidar diante de críticas conservadoras. A UFJF tem se reafirmado como um lugar de muitas cores, muitas formas, muitos corpos, e que é diversa de fato. Toda vez que nós recebemos alunos, estudantes e professores, o nosso compromisso com a diversidade é reafirmado e nós pedimos sua contribuição para a transformação dessa sociedade que insiste em manter a marca das iniquidades.”

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