
Laboratório de Estudo das Linguagens e Expressões da Arquitetura, Urbanismo e Design (Leaud) também criou o próprio jogo, o ArchBricks (Foto: arquivo pessoal)
Jogos de montar sempre foram instrumentos de desenvolvimento criativo, estimulando habilidades essenciais para áreas como arquitetura e urbanismo. Com peças de LEGO, blocos de madeira ou até mesmo por meio de jogos digitais como Minecraft, estudantes e profissionais podem ter oportunidade de explorar conceitos estruturais de forma lúdica, mas também técnica. Essas atividades não apenas despertam a criatividade, mas também fornecem uma base sólida para o entendimento de elementos fundamentais de um projeto arquitetônico, como volumetria, espaço, texturas e a interação entre cheios e vazios.
O Laboratório de Estudo das Linguagens e Expressões da Arquitetura, Urbanismo e Design (Leaud), vinculado ao Departamento de Projeto, Representação e Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo (DPRT) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), tem se destacado na aplicação de jogos de montar como ferramentas pedagógicas no ensino de arquitetura. Coordenado pelo professor Frederico Braida, o laboratório integra o uso de recursos recreativos e tecnológicos com o objetivo de transformar a maneira como futuros arquitetos abordam o design e o planejamento de espaços.
No episódio mais recente do programa IdPesquisa, disponível nas plataformas digitais da UFJF, o uso desses jogos no ensino da arquitetura é discutido de forma aprofundada. A ação Projetando com Jogos Tridimensionais: do Lúdico ao Profissional foi iniciada em 2015 como parte de uma dissertação de mestrado e já resultou em exposições, artigos e, até mesmo, no desenvolvimento de um jogo próprio, o ArchBricks, que pode ser impresso em 3D.
Estudante e bolsista do Leaud, Narcelly Gonçalves atua no laboratório no Treinamento Profissional, onde pesquisa e aplica, de forma prática, como os jogos — tanto manuais quanto digitais — podem contribuir para o desenvolvimento do pensamento arquitetônico e urbanístico. Inclusive, o laboratório conta com um amplo acervo de jogos manuais, como Engenheiro, Jenga, LEGO e o próprio ArchBricks.

Para Narcelly Gonçalves, os jogos contribuem para desenvolver o pensamento projetual e funcionam como ferramenta de expressão (Foto: arquivo pessoal)
“Esse conjunto de recursos nos permite explorar de forma lúdica o fazer arquitetônico, estimulando a criatividade e contribuindo para a elaboração de estudos preliminares que envolvem a compreensão da volumetria, do espaço, das texturas e dos cheios e vazios presentes em um projeto. Além disso, é utilizado o Studio, uma ferramenta digital que simula a mecânica das peças de LEGO”, explica a estudante.
Ainda de acordo com Narcelly, no âmbito do Treinamento Profissional, o grupo participa frequentemente de oficinas práticas, especialmente direcionadas aos alunos ingressantes do curso de Arquitetura e Urbanismo. Segundo ela, os jogos desempenham um papel fundamental nessa iniciativa, pois auxiliam no desenvolvimento do pensamento projetual e funcionam como ferramenta de expressão e representação, como se os alunos ganhassem o poder de materializar suas ideias.
“Um aspecto que realmente me marcou foi perceber o potencial dos jogos como meio de colaboração e comunicação. Vejo que eles não apenas ajudam estudantes e profissionais de Arquitetura e Urbanismo, mas também criam pontes com áreas como Engenharia, aproximando o conhecimento técnico das reais necessidades da sociedade.”

Experiência de Natália Fantin no Leaud contribuiu para desenvolvimento de proposta de mestrado (Foto: arquivo pessoal)
Para a arquiteta, urbanista e mestre em Ambiente Construído pela UFJF Natália Rosa Fantin, a vasta gama de pesquisas do grupo é um ponto a favor do projeto. Natália ingressou no Leaud durante a graduação, como voluntária de Iniciação Científica. A experiência foi importante em seu mestrado, realizado no Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído (Proac), já que o tema de sua proposta tinha relação com as investigações realizadas pelo Leaud.
“Todas estas atividades foram essenciais para meu crescimento pessoal e profissional. Desde a capacidade de síntese, pois éramos sempre questionados sobre qual era o tema, o problema, a metodologia e resultados esperados das nossas pesquisas, até a nossa capacidade de opinar sobre os temas dos nossos colegas. Toda a troca foi bastante rica, e o estímulo à cooperação e fortalecimento da produção científica foram essenciais para mim”, avalia.
Cidades e os grafites feitos por mulheres
O Leaud também se dedica a explorar as dinâmicas sociais e culturais que envolvem a cidade, especialmente no que se refere à presença feminina na arte urbana. Uma das linhas de pesquisa mais recentes é “As cidades e os grafites feitos por mulheres”. A intenção é compreender melhor as relações estabelecidas entre o ambiente urbano, a mulher e a cultura do grafite, além de refletir criticamente sobre os desconfortos vivenciados por grupos que divergem de padrões pré-estabelecidos.
E essa iniciativa já vem fazendo a diferença na formação de estudantes. Um exemplo é o da Thaís Siqueira, que participou do Leaud nos últimos dois anos como bolsista de Iniciação Científica.

Na avaliação de Thaís Siqueira, o curso de Arquitetura e Urbanismo “dissemina a necessidade de olhar para as demandas dos cidadãos” (Foto: arquivo pessoal)
“Acredito que os projetos de pesquisa e extensão da UFJF são capazes de promover uma aproximação da academia com a comunidade e evidenciar populações geralmente invisibilizadas. O curso de Arquitetura e Urbanismo, por sua vez, dissemina a necessidade de olhar para as demandas dos cidadãos, promovendo atividades extensionistas que, ao meu ver, compactuam com um processo de integração do pesquisador e profissional com a cidade.”
Mais sobre o Leaud
Fundado em 2011, o laboratório se empenha em ações que integram pesquisa, ensino e extensão, com foco principal nas linguagens e expressões da arquitetura, urbanismo e design, especialmente nas questões relacionadas à expressão e representação gráfica em diversos suportes.

Frederico Braida, coordenador do Leaud: ampla gama de pesquisas que dialogam com diversas áreas do conhecimento (Foto: Leandro Mockdece/UFJF)
O laboratório trabalha simultaneamente com temas ligados às técnicas convencionais de representação bi ou tridimensional, além das tecnologias digitais.
“As principais pesquisas do Leaud giram em torno da representação tanto em meios analógicos, quanto digitais. Hoje em dia, a gente tem uma ampla gama de pesquisas que são desenvolvidas dentro do nosso laboratório e elas dialogam com diferentes áreas do conhecimento. Obviamente que a principal área é arquitetura e urbanismo, mas a gente tem também uma expressão bastante importante das pesquisas desenvolvidas em comunicação e educação”, comenta o coordenador, Frederico Braida.
Escute o episódio também em podcast:
https://open.spotify.com/episode/4FW5rd9WRrT95y4rUA9EQY?si=H_T9pPMWQiGY7QWnaArvRw&nd=1&dlsi=c4ddcb35f3f64a2aOutras informações:
Laboratório de Estudo das Linguagens e expressões da Arquitetura, Urbanismo e Design (Leaud)
Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Programa de Pós-graduação em Ambiente Construído (Proac)