A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) está recebendo, nesta semana, uma comitiva de oito representantes do Ministério da Educação e de professores de Angola. A instituição mineira possui convênio, por meio da Fundação Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed/UFJF), para avaliação da educação básica no país africano. Nesta visita, os profissionais vieram conhecer a estrutura local e representantes da UFJF, além de participarem de capacitação, para aprofundarem conhecimentos sobre a área.

A delegação chegou na última segunda, 10, e termina as atividades nesta quinta, 13. Na programação da “Capacitação de gestão e tratamento de dados no âmbito da avaliação em larga escala”, estão incluídos tópicos sobre estatística aplicada à avaliação educacional, tratamento de dados, indicadores, resultados e logística. 

Com o apoio do Caed, a avaliação da educação básica, em Angola, tem sido realizada pela primeira vez no país africano. As aplicações ocorreram, em 2023 e 2024, com nova prevista para 2025, em todo o país. O exame é empreendido por profissionais angolanos sob consultoria de brasileiros vinculados à UFJF. 

Ao todo, cerca de 55 mil alunos de 300 escolas participaram dos exames, em 2023, e de 419 escolas, em 2024, conforme Luty Marla, diretora-geral adjunta do Instituto Nacional de Avaliação e de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação de Angola (Inade/Med).

Um dos objetivos da visita à UFJF é conhecer estratégias para fazer com que a avaliação implique em transformações na sociedade angolana. “Estamos em processo muito inicial de avaliação. Os resultados são apresentados e, muitas vezes, os professores não sabem o que fazer com eles. No âmbito desta visita à UFJF, solicitamos ao Caed para preparar sessões sobre como entregar os resultados às nossas escolas, gestores e aos próprios professores, para que surjam mudanças que queremos com a avaliação: melhorar o nosso sistema de educação e ensino”, pontua Luty. 

Profissionais do Caed também já estiveram, em Luanda, capital de Angola, em 2024, para a devolutiva dos resultados. “Essa ação foi muito relevante para conhecer de perto a realidade local, trocar informações e divulgar a importância da avaliação externa como política pública e como meio de promover a qualidade da educação”, afirma a analista de avaliação Luciana Bortolucci.   

Internacionalização

Esta é a terceira iniciativa internacional do Caed na África. Como explica o diretor da Fundação, Wagner Silveira Rezende, o Banco Mundial já havia financiado iniciativas em Moçambique e em São Tomé e Príncipe. “O contato de Angola se deu em virtude dessa experiência e da expertise do Caed com esses dois países lusófonos na África.” A Fundação anseia prolongar a parceria, com vigência até este ano, por mais períodos, por meio de novo convênio a partir de 2026.

No entender de Luty, a relação entre as instituições tem sido positiva, no que considera muito mais uma relação de parceria do que de contrato. “Porque o Caed está sempre disponível a nos auxiliar em todas as questões relativas à avaliação.” 

A parceria vai ao encontro do planejamento estratégico da UFJF de intensificar o diálogo com países do chamado Sul Global, tais como os pertencentes à América Latina e África. “É uma região com grande potencial de trocas e desafios semelhantes”, aponta o vice-reitor da UFJF, Telmo Ronzani. A Universidade possui atualmente estudantes de Guiné-Bissau, Benin, Angola e Moçambique, oriundos por meio de programas nacionais, além de parcerias de pesquisa. Como acrescenta o diretor de Relações Internacionais da UFJF, Alexandre Cadilhe, objetiva-se uma internacionalização mais comprometida com justiça e mudança sociais. 

Outro aspecto importante da parceria com Angola é a possibilidade de professores do país africano ingressarem no Mestrado em Gestão e Avaliação da Educação Pública. Nove profissionais iniciaram os estudos em 2024. Como a avaliação educacional é uma das principais linhas de pesquisa do mestrado, a participação de alunos angolanos no programa tornou-se um desdobramento natural dessa cooperação. 

“Esse movimento sinaliza o avanço na troca de saberes, o estabelecimento de temas de pesquisa e o diálogo entre pesquisadores”, celebra Cadilhe, que, ao lado do vice-reitor, Telmo Ronzani, também recebeu a delegação, na última quarta, 12. 

Na bagagem os estudantes de pós-graduação trazem suas vivências e percepções, e retornam ao país de origem com outras. “As experiências sempre se referem aos respectivos contextos profissionais dos alunos. Eles emergem nas dinâmicas e a partir dos conteúdos de cada disciplina, nos trabalhos coletivos, nas discussões e grupo”, explica a coordenadora do programa, Eliane Medeiros Borges. Os estudantes tiveram aulas presenciais, no ano passado, e retornam à Universidade em julho. Nova seleção para o mestrado está prevista para agosto de 2025.

“A visita da delegação angolana foi muito importante, pois pudemos discutir e reforçar outras possibilidades de convênios e parcerias”, anseia Ronzani. Participam da comitiva, o diretor nacional do Ensino Secundário, Luis Valério João Venâncio; o secretário-geral do Ministério da Educação, Euclides Paxe; a já citada Luty Marla (Inade/Med); o chefe do Departamento da Avaliação e Garantia da Qualidade do Inade, Hélio dos Santos; o chefe do Departamento de Comunicação, Inovação Tecnológica e Modernização de Serviços do Inade, Domingos Bartolomeu; e os professores João Andrade Sampaio, Edson Jorge Souza Viegas e Arlindo Tomás Daniel.

Outras informações:
Fundação Centro de Avaliação da Educação (Caed/UFJF)
Instituto Nacional de Avaliação e de Desenvolvimento da Educação
Diretoria de Relações Internacionais da UFJF

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