Na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) os coletivos formados por estudantes da instituição cumprem um importante papel ao contribuir no debate de questões sociais e no combate à discriminação. Constituídos por alunos, eles reivindicam seus direitos e mudanças dentro das instituições de ensino, sendo fundamentais na defesa da educação qualitativa, de fácil acesso e inclusiva, fortalecendo a Universidade como espaço de mobilização, reflexão política e ação social.
Os coletivos podem abordar várias causas como a igualdade de gênero, racismo, LGBTQIA+, a própria causa estudantil, dentre outras. Apesar de não serem institucionalizados, a UFJF, geralmente por meio da Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf), busca dialogar com esses grupos, fortalecendo o trabalho de conscientização da comunidade acadêmica diante de tais questões.
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“Entendemos os coletivos como espaços potentes de produção de um olhar político e crítico sobre a vida, sobre a realidade e sobre as necessidades concretas. São espaços de resistência que buscam romper com as diferentes formas de violência e exclusão. Entendo o participar como elemento vivo, dinâmico e de uma universidade que se transforma a partir da realidade da sociedade”, diz a diretora de Ações Afirmativas, Daniele Telles.
Um dos exemplos dessa participação é a proposta de programação do Mês da Consciência Negra na UFJF, construída de forma coletiva com esses grupos.
Conheça alguns coletivos presentes na UFJF
Descolonia
O coletivo nasceu a partir de um projeto do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Artística (Pibiart) de mesmo nome criado pelos alunos do Instituto de Artes e Design (IAD). O grupo promove o estudo, a arte e a cultura de minorias étnicas, principalmente povos indígenas e afrodescendentes.
O diretor do coletivo e estudante de Artes e Design, Lucas de Paula, considera que o Descolonia é a única unidade enquanto militância preta no Instituto de Artes e Design, acolhendo, estudantes não brancos na Universidade, onde ainda falta bastante representatividade.
“Nosso coletivo realiza atividades como visitas em escolas para ensinar as crianças sobre diversidade étnica e cultural, o Novembro Negro, a promoção de artistas negros da comunidade da UFJF e, recentemente, ingressamos no Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, o Compir. Os discentes que compõem esse projeto trabalham suas habilidades em gestão, promovendo a integração do coletivo com os demais alunos, atividades coletivas, realizando curadorias e mediação para ampliar a participação, tanto dos membros do coletivo na Universidade quanto nas imediações.”
Conheça mais sobre o coletivo pelo Instagram: @coletivodescolonia
Cafofo
O Cafofo é um movimento formado por estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, fundado em 2020. O grupo deu origem a partir de questionamentos dos estudantes negros do curso para que pautas e assuntos relacionados à arquitettura africana e outras pautas raciais pudessem estar mais presentes na sala de aula. O intuito do coletivo é trabalhar pela permanência dos corpos negros na FAU, através do apoio aos estudantes, grupos de estudos e eventos realizados pela organização estudantil, conforme explica a coordenadora do grupo, Vivian Menendes.
“Um dos trabalhos desenvolvidos pelo cafofo é o documentário “Nós Cartograficos“ que conta a trajetória de corpos negros que chegaram a UFJF. Um documentário impecável que alguns membros do coletivo se esforçaram muito para que ficasse pronto. Realizamos também encontros quinzenais com o intuito de debater assuntos que são pertinentes a nossa trajetória e também eventos internos e externos.”
Vivian considera que as organizações estudantis e coletivos contribuem para a permanência dos estudantes na Universidade, facilitando na adaptação à vida acadêmica. O coletivo busca estar em diálogo com os calouros e veteranos, além de dar voz aos estudantes negros do curso, que em conjunto, conseguem ter avanços nas pautas dos alunos.
Para conhecer melhor o coletivo, siga o @cafofo nas redes sociais
Afronte
O coletivo é formado por estudantes de diversos cursos da UFJF, fundado em 2017, como uma alternativa de construção coletiva das lutas populares e de mobilização social. A principal preocupação do grupo é impulsionar, apoiar e estar presente ativamente nas diferentes lutas que se encontram no dia a dia da juventude brasileira. O movimento possui orientação anticapitalista, antirracista, anti-LGBTfobia, feminista e ecossocialista.
Para o coordenador do coletivo e estudante de Ciências Sociais da UFJF, Pedro Arruda, a juventude é parte ativa nas mobilizações de rua, estando, em muitos momentos, na vanguarda de processos históricos das lutas da classe trabalhadora. Assim, os coletivos são os responsáveis por organizar e direcionar essa energia da juventude para causas importantes.
“Nós entendemos que só conseguimos alcançar nossos objetivos na luta coletiva, por isso, é importante que a juventude busque se organizar e se fortalecer em coletivos e movimentos que consigam dialogar com seus ideais de luta. A universidade é um momento muito especial para a juventude, onde temos um contato mais direto com uma diversidade de ideias e movimentos. O movimento estudantil é um motor fundamental de organização e impulsionamento dos movimentos sociais e de lutas.”
Para saber mais sobre o Afronte e como ingressar no coletivo, basta fazer contato com o grupo através das redes sociais: @afrontejf
ParaTodosJF
O Coletivo ParaTodosJF foi formado em 2022 e é composto por estudantes de vários cursos da UFJF, incluindo também alunos do ensino médio de escolas públicas da cidade. O movimento é uma ramificação do ColetivoParaTodos, que nasceu em 2009, durante um Congresso da União Nacional dos Estudantes e faz alusão ao Programa Universidade Para Todos (Prouni), sendo o primeiro movimento estudantil a apoiar a sua criação.
O ParaTodosJF compõe a atual gestão do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFJF e mantém o diálogo com a instituição para atender as demandas dos estudantes da Universidade. Para o estudante de Ciências Sociais e fundador do movimento, Lyon Vitor Borcard, as conversas com a Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf) e demais órgãos burocráticos da Universidade são fundamentais na construção de caminhos e medidas importantes para o conjunto dos estudantes.
“Como costumamos dizer, nós não queremos apenas conquistar pessoas a se organizarem conosco, mas conquistar suas mentes e corações para lutar ao lado dos trabalhadores e estudantes do nosso país. Acreditamos que essa é a ferramenta central para construirmos um país e uma educação com a cara do nosso povo, por isso convidamos os estudantes a nos conhecerem e se organizarem conosco, somos uma juventude plural com inúmeras pessoas negras, mulheres, LGBTs e pessoas das periferias de Juiz de Fora.”
Interessados em compor o coletivo, basta fazer contato através do Instagram: @paratodos.jf
GT Trans
O Grupo de Trabalho Trans Tynna Medsan (GT Trans) foi formado originalmente por estudantes trans da Faculdade de Serviço Social da UFJF. O objetivo é criar uma rede de apoio entre os estudantes trans, bem como lutar pelos seus direitos. Atualmente, o grupo visa a conquista das cotas trans no âmbito da graduação. Além disso, recentemente, o GT recebeu o nome de Tynna Medsan, em homenagem à primeira pessoa trans a se formar na UFJF e a lecionar na rede pública de ensino em Juiz de Fora.
De acordo com o integrante do coletivo e aluno da Faculdade de Serviço Social, Jude de Oliveira, o coletivo busca dialogar com a Diretoria de Ações Afirmativas assuntos referentes aos alunos trans e os problemas vivenciados por nossos integrantes e pelos alunos trans da UFJF, como um todo.
“O movimento estudantil sempre foi e continua sendo fundamental para a educação brasileira, bem como o desenvolvimento social do país como um todo. Entendemos que muitos dos direitos conquistados pela população partiram das lutas dos movimentos sociais, isso incluindo o movimento estudantil. Um exemplo interessante é a recente conquista das cotas trans na Universidade Federal Fluminense (UFF), fruto da mobilização estudantil em prol dos direitos das pessoas trans”, explica Jude de Oliveira, estudante da Faculdade de Serviço Social e membro do coletivo.
Para compor o grupo, basta entrar em contato direto pelo Instagram @gt.trans.tynnamedsan
Movimento Olga Benário
O Movimento Olga é uma mobilização nacional que através de articulações, foi incorporado por estudantes da UFJF. A causa surgiu da demanda de várias mulheres de movimentos sociais, com objetivo de aprofundar a luta contra o machismo e o capitalismo no Brasil. O objetivo é organizar mulheres nos seus espaços de trabalho, estudo e moradia para que lutem por seus direitos, pela transformação da sociedade, junto com estudo teórico, conforme explica a integrante Juliana Auler.
“O Olga faz campanhas pelo direito à creche, contra o assédio, dirige ocupações de mulheres que acolhem vítimas de violência. Esses coletivos são importantes porque sozinhos a gente nunca consegue nada, e a vida já oferece muitas injustiças para a gente não se envolver. Todo mundo é afetado de algum jeito e não podemos esperar alguém fazer por nós. No Brasil e no mundo, os jovens sempre foram a parte mais ativa da sociedade, então acho que faz parte dessa experiência de ser estudante se engajar em lutas e coletivos. Torcemos para que dure a vida toda.”
Conheça mais sobre o movimento pelas redes sociais: @movimentoolga.mg
Diaaf
A Diretoria de Ações Afirmativas está aberta para o diálogo com as organizações estudantis presentes na instituição. Caso o coletivo deseja conversar e/ou apresentar uma demanda para a diretoria, basta entrar em contato através do telefone (32) 2102-6919 ou encaminhar o e-mail acoesafirmativas@ufjf.edu.br