O Parque Tecnológico de Juiz de Fora e Região (PartecJF) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realizou um encontro especial em apresentação da plataforma de biodiesel, que marca o avanço na fase de testes conduzida no Centro Integrado de Ensino, Pesquisa, Extensão, Transferência de Tecnologia e Cultura (Cieptec), o Módulo II do Parque. O evento foi dividido em dois momentos: o primeiro contou com uma mesa-redonda composta pela reitora Girlene Alves, o pesquisador Adilson David da Silva, professor da UFJF e coordenador do Projeto Plataforma de Biodiesel da Zona da Mata e demais apoiadores do projeto.
Já no segundo momento, foi feita uma visita técnica à planta-piloto da Green Fuels no Cieptec, situada no Distrito Industrial, local que é produzido biodiesel a partir de óleo de cozinha reciclado. Estudantes da UFJF puderam conhecer o funcionamento da usina de processamento e tirar dúvidas sobre o processo de transformação do óleo de cozinha usado em biodiesel.
“Se colaborarmos, temos condições de colocar Juiz de Fora no radar da transição energética do planeta”, afirmou o secretário de Desenvolvimento da Prefeitura de Juiz de Fora, Ignácio Delgado. A declaração do professor aposentado da Universidade foi reafirmada por grandes parceiros envolvidos na Plataforma de Biodiesel da Zona da Mata, em evento realizado na quarta-feira, 13.
O encontro, na Faculdade de Engenharia, acontece no momento em que o mundo discute as mudanças climáticas e os eventos extremos na Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 29, no Azerbaijão, e sinaliza para a necessidade de soluções sustentáveis urgentes. A reitora da UFJF, Girlene Alves, destacou o papel das universidades diante do desafio. “Esse é o nosso compromisso com um mundo mais sustentável, sair do livro, do discurso e ir para a prática, é isso que estamos fazendo”, disse ela referindo-se ao uso de biodiesel em veículos, produzido a partir de óleo de cozinha.
A ideia da produção de biodiesel na região nasceu como uma das alternativas de desenvolvimento sustentável, para fazer frente ao baixo crescimento econômico da Zona da Mata e a sua degradação ambiental. De início, o biodiesel começou a ser produzido a partir da biomassa do fruto da macaúba, uma palmeira, e utilizado, principalmente, em combustíveis da aviação. Atualmente, os esforços da Plataforma estão concentrados na conversão do óleo de cozinha em biodiesel.
O Instituto EPROS é o responsável pela coleta e beneficiamento do óleo de cozinha a ser processado na usina da Green Fuels, e transformado em biodiesel. Segundo Flávia David, o Brasil consome 4 bilhões de litros de óleo de cozinha por ano, sendo um bilhão descartado. O impacto no meio ambiente pelo descarte irregular é enorme. Um litro de óleo contamina 25 mil litros de água. “Nós procuramos o projeto e firmamos uma parceria esse ano. Nós coletamos esse material através dos ecopontos que temos distribuídos pela cidade e realizamos o processo de pureza dele. Para o projeto já fizemos a doação que gira em torno de 10 a 15 mil litros trazidos aqui para o Partec.”
O óleo de cozinha transformado em biodiesel é usado em caminhões da Empav, no ônibus circular da UFJF e agora deverá ser utilizado pela transportadora Ibor. A iniciativa vai ao encontro da nova Lei Combustível do Futuro, sancionada em outubro pelo presidente Lula.
A colaboração entre a Universidade, Prefeitura de Juiz de Fora e empresas é fundamental para a movimentação da economia e promoção da sustentabilidade. De acordo com o professor e coordenador da Plataforma de Biodiesel, Adilson David da Silva, o equipamento possui a capacidade de produzir cerca de três mil litros de biodiesel por dia e que o projeto permite realizar a pesquisa, avançar na produção, patentear novas ideias, além de possibilitar a expansão do projeto para outras localidades.
“Nós já temos três parcerias firmadas. Essas parcerias estão em fases de testes, utilizando veículos da Empav, da UFJF e agora com a Ibor Transporte Rodoviário, o que é um salto muito grande para o nosso projeto, uma vez que os caminhões da Ibor estão sendo utilizados com 100% de biocombustível”, pontua David.
O evento também contou com a participação de Fabrício Campos, pró-reitor de Inovação da UFJF; professor Adilson David da Silva, coordenador da Plataforma de Biodiesel; Jackson Moreira Júnior; Luiz Antonio Bordin Júnior, da Ibor Transporte Rodoviário; Flávia David, presidente Instituto EPROS; Manuel Thompson-Flôres e James Hygate, CEO da Green Fuels.
Visita ao Partec
Estudantes da UFJF presentes no evento participaram de uma visita técnica ao Partec, localizado no Distrito Industrial, onde conheceram as instalações da usina de processamento. O transporte dos estudantes foi realizado pelo ônibus circular da UFJF, movido com 30% de biocombustível.
Durante a visita, os alunos observaram todo o processo de transformação do óleo de cozinha em biodiesel e esclareceram dúvidas, sob a orientação do professor Adilson David da Silva, do pró-reitor de Inovação Fabrício Campos e demais apoiadores do projeto.