A programação do mês da Consciência Negra na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) começa na próxima segunda-feira, 18, com eventos abertos a toda comunidade. Segundo a diretora de Ações Afirmativas, Danielle Teles, a ideia foi elaborar uma proposta conjunta que refletisse a importância da construção coletiva, da transversalidade das ações e o respeito aos anseios trazidos até a diretoria.

Assim, os eventos e atividades do mês são organizados por coletivos, entidades e grupos diversos. Na segunda, a Coordenação de Saúde, Segurança e Bem-Estar (Cossbe) e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino em Juiz de Fora (Sintufejuf) promovem uma roda de conversa sobre racismo estrutural e impactos na saúde da população negra, às 9h, e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) um Cine Debate às 17h. Veja a programação completa abaixo.

O tema deste ano na UFJF do Mês da Consciência Negra é “Ocupação Preta” e, para a diretora de Ações Afirmativas, representa a presença dos corpos negros no ambiente acadêmico, espaço conquistado com muita luta e resistência. “Estamos ocupando, resistindo, invadindo espaços e alcançando direitos que nos foram negados ao longo de todo o processo de construção da nossa sociedade.”

Ocupação Preta

“Estamos ocupando, resistindo, invadindo espaços e alcançando direitos que nos foram negados ao longo de todo o processo de construção da nossa sociedade”, diz a professora Danielle Teles, diretora de Ações Afirmativas (Foto: Carolina de Paula)

A diversidade presente hoje dentro das universidades, mudança permitida em função das conquistas do movimento negro, principalmente, por meio da Lei de Cotas, impõe novos mecanismos de gestão e a possibilidade construção de um serviço público que seja de fato a cara do povo brasileiro. Com essa perspectiva, Danielle Telles reflete sobre a presença dos corpos negros: 

“Quais as contribuições culturais e artísticas trazidas pelo povo negro? Quanta beleza produzimos sem darmos a devida visibilidade? O quão rica é nossa culinária graças aos ensinamentos vindos de nossos ancestrais? O que uma universidade mais diversa produz em termos de novos conhecimentos, novos saberes, novas tecnologias, novas questões de pesquisa? Aprendemos e construímos novas metodologias e estratégias de ensino?” 

Questões que precisam ser debatidas para além da data, 20 de novembro, que, pela primeira vez, é tratada como feriado nacional no país – uma conquista que, segundo a professora, permite romper os silenciamentos em torno da existência do racismo estrutural no Brasil. 

“Estamos falando da possibilidade de compreender o racismo e os pactos da branquitude para resistir e avançar. Trata-se de olhar para os acontecimentos e fatos históricos a partir de um novo olhar e novas narrativas que não sejam centradas na perspectiva eurocêntrica e colonizadora.” O dia 20 de novembro marca a data de morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, um dos maiores representantes da resistência contra a escravização negra no país no período colonial.

PROGRAMAÇÃO (em construção)

Roda de conversa: Racismo estrutural e impactos na saúde da população negra: desafios e perspectivas na UFJF

  • Promovido por Cossbe e Sintufejuf
  • Data: 18/11/2024, às 9h
  • Local: Sede do Sintufejuf, na Rua Santo Antônio 309, Centro.
  • A roda de conversa tem por objetivo promover o debate sobre a temática contribuindo para o desenvolvimento de práticas que auxiliem na construção de um ambiente mais democrático, inclusivo e que considere as particularidades das diferentes vivências na Universidade.
  • Convidados: Danielle Teles (Diaaf) / Ana Beatriz Querino Souza (Prefeitura de Juiz de Fora)/ Fernando Santana (Instituto de Ciências Humanas)

Cine Debate (exibição de documentário seguido por discussão)

  • Promovido pelo DCE
  • Data: 18/11/2024, às 17h
  • Local: Anfiteatro das Pró-Reitorias

Mesa-redonda – Saberes Negros: Memórias e Transformações para Reexistir

  • Promovido por DIAAF, CRITT e Fadepe
  • Data: 19/11/2024, às 14h30
  • Local: Auditório I da Faculdade de Engenharia, no campus da UFJF 
  • Com o tema “Saberes Negros: Memórias e Transformações para Reexistir”, a mesa-redonda contará com as convidadas Danielle Teles, diretora de Ações Afirmativas da UFJF, e Marilda Simeão, professora e especialista em História da África. A mediação do evento será realizada pelo jornalista e professor Antônio Carlos Hora. Serão abordadas questões como a preservação da memória coletiva da população negra, a importância da resistência cultural e as contribuições dos saberes tradicionais e contemporâneos para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. O debate busca iluminar as vozes e experiências que ajudam a transformar a realidade social lançando olhar sobre uma nova proposta de existência.
  • As inscrições estão abertas na plataforma Sympla e as vagas são limitadas. Link para inscrições. 
“Por nós, com a nossa voz”: uma reportagem decolonial sobre a re-existência dos docentes negros na UFJF.
  • Trata-se de um mini documentário na Produtora de Multimeios, em celebração ao Dia da Consciência Negra.
  • Data de lançamento: 20/11/2024
  • Canal: Instagram “@produtora.ufjf”; Youtube “@Produtora UFJF”
  • Produtores: Juan Pablo dos Santos Amaro, Sâmela Moura e Sophia da Silva Bispo

Exposição: Invasão Preta

  • Promovido por: Coletivo Descolonia
  • Local, data e horário: ICH, IAD e Direito, 25/11. A exposição ocorrerá no campus entre os dias 25 a 29 de novembro e no Arquivo Central do dia 02 a 06 de dezembro
  • Os curadores selecionaram diversos materiais para compor a exposição, entre eles, documentos históricos como inventário com nomes dos escravizados e documentos de libertos do século XIX; manchetes históricas e contraditórias em recortes de jornais dos anos 1980; documentos contemporâneos sobre as cotas raciais e mostra fotográfica de alunos negros.

Reflexões e práticas: 1º ciclo de debates entre estudantes pretos e coordenadores de curso

  • Promovido por: Associação de Pós-graduação da UFJF (APG)
  • Data: 27/11/2024, horário e local a definir
  • Promover um espaço em que os estudantes pretos das mais diferentes áreas da UFJF possam se conhecer, trocar experiências e apresentar nossas demandas e expectativas com os cursos.

Vozes negras 

  • Promovido por Biblioteca Central
  • Durante todo o mês de novembro
  • Quantas autoras e autores negros você já leu? Partindo desse questionamento a mostra de livros proposta para o mês da consciência negra da UFJF busca divulgar autores e autoras negras disponíveis no acervo da Biblioteca Central da UFJF. Com a mostra objetiva-se incentivar a leitura da história e da literatura a partir da subjetividade de pessoas negras, de suas vivências e de seus pontos de vista. Dentro da disponibilidade do acervo, os livros da mostra poderão ser emprestados pela comunidade acadêmica de acordo com as regras da biblioteca. Os livros ficarão expostos durante todo o horário de funcionamento da Biblioteca Central durante o mês de novembro, das 7h às 22h. Tendo como limitação a quantidade de obras do acervo e a demanda de empréstimos, os títulos poderão esgotar. De forma complementar, um painel da entrada da biblioteca, o livroflix, deixa sugestões de leitura de autores(as) negros(as) por temas e tem um espaço para interação da comunidade acadêmica.
Oficina sobre Intersecções entre Cuidado, Gênero e Raça: discutindo práticas e pesquisas em contextos comunitários
  • Local e data: ICH – Sala BII01 – 28/11/24 às 17h
  • Inscrições limitadas por meio do formulário na página Instagram: @nupsid_ufjf
  • Outras informações: fernandosantana.paiva@ufjf.br

Exposição: “Negritude”

  • Data: segunda a sexta, das 10h às 19h, até 29/11
  • Endereço: Museu de Cultura Popular do Forum da Cultura da UFJF – Rua Santo Antônio, 1.112 – Centro
  • Entrada gratuita
  • A exposição reúne um acervo de objetos e representações religiosas que compõem parte da identidade negra e integram a cultura brasileira. Ao todo, estão expostos mais de 80 itens, entre representações de divindades que fazem parte dos cultos de matriz africana e da Mitologia Iorubá. Também integram a mostra figuras que simbolizam danças típicas do povo negro, como Jongo e o Maracatu, adornos, entre outros artefatos. O visitante tem a oportunidade de entrar em contato com a herança cultural trazida pelas pessoas escravizadas do continente africano, período condenável da história do Brasil.