Um assunto que está na pauta do dia: como criar, implementar e monitorar sistemas responsáveis de inteligência artificial? A resposta ainda não é clara e tende a se situar no meio termo entre os extremos de seguir todas as regras jurídicas e o do uso lógico-intuitivo, conforme o pesquisador Daniele Quercia, do King ‘s College de Londres (Reino Unido).
O profissional foi o palestrante do terceiro dia de atividades do Simpósio Brasileiro de Sistemas Multimídia e Web (WebMedia). Quercia também afirmou que empregos irão mudar, mas a maioria não será substituída, listando inclusive quais serão as ocupações e as tarefas afetadas (veja abaixo).
Em sua 30ª edição, o evento, um dos principais do país na área, ocorre no Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Juiz de Fora (ICE/UFJF) até esta sexta-feira, 18. Além de inteligência artificial (IA), estão em pauta outros temas, como TV 3.0, mais interativa, e tecnologias imersivas, como realidade virtual e metaverso.
A Inteligência Artificial Responsável inclui atender critérios éticos, legais, de contexto social, como os que envolvem privacidade, confiabilidade e outros tópicos. “Isso significa criar um sistema que seja justo, transparente, sustentável, cuja pegada ecológica seja baixa, e passível de ser monitorado e responsabilizado – se algo der errado, você sabe o que fazer”, explica o pesquisador, também integrante do laboratório de pesquisa da empresa de tecnologia Nokia, o Nokia Bell Labs.
Quercia afirma que grandes empresas têm investido em governança digital e compliance (conformidade com padrões éticos e legais), mas com bastante dificuldade de se adequarem às legislações, que tendem a ser rígidas, segundo o pesquisador. Cita como exemplo, a Lei de Inteligência Artificial da União Europeia, aprovada em maio de 2024. No Brasil, não há uma regulamentação específica sobre IA.
A motivação para um modelo mais responsável não é puramente ética ou jurídica, há perda de recursos com multas ou danos à reputação e a pressão da sociedade e de governos como dois dos fatores que impulsionam esse investimento.
Seguir todas as regras estritamente seria impraticável, conforme o palestrante. Para tanto, sua equipe criou um guia sintético, com 22 pilares, relacionados à legislação e ao modelo responsável, para orientar na criação de sistemas na Nokia.
Empregos
Em sua exposição, o pesquisador buscou relativizar pontos associados à inteligência artificial. Entre eles, o de que essa tecnologia irá substituir empregos. Segundo Quercia, para determinadas ocupações, é mais barato ter a mão-de-obra humana do que a tecnológica, como na preparação de alimentos. Um restaurante com robôs seria mais custoso.
A maioria das atividades de profissões que envolvem interação interpessoal e são altamente especializadas tenderão a se manter, como as relacionadas à docência e à liderança. Também aquelas que não demandam altas habilidades técnicas.
“Há custos residuais que não ficarão a cargo das máquinas. A vasta maioria das ocupações terá algumas tarefas que serão ainda realizadas por pessoas. Os empregos podem mudar, mas a maioria deles deve permanecer. Eles serão um pouco diferentes do que o de costume”, afirma.
A estimativa de Quercia está baseada no estudo do qual é um dos autores, intitulado “O potencial impacto das inovações em IA em ocupações nos Estados Unidos”. No site Social Dynamic, estipulam quais profissões tendem a ser mais afetadas pela IA, mas não substituídas, e quais tarefas nessas ocupações tendem a sofrer influência da tecnologia.
Os pesquisadores compararam 17.829 atividades de 749 profissões com possíveis execuções por meio de sistemas artificiais. Desse total, 252 ocupações terão baixo impacto em suas tarefas, a exemplo de recepcionistas de hotel, dançarinos e professores de Direito e de Comunicação. Parte dos afazeres desses profissionais, como busca e avaliação de conteúdo, poderão ser realizadas parcialmente com o emprego de novas tecnologias.
Já 492 ocupações, ainda que mantidas, experimentarão médio a alto impacto, como programadores de computador, ortodontistas e matemáticos. Conforme o estudo, há mais de 80% de probabilidade de que, no futuro, serviços de IA farão detecção automática dos tipos dentários e diagnóstico. É possível consultar uma profissão específica e suas atividades com potencial impacto pela IA em Social Dynamic.
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