A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi a única instituição de pesquisa no Brasil que registrou crescimento na produção científica em 2023, em comparação ao ano anterior. As informações foram divulgadas na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada na última terça-feira, 30, em Brasília.
Segundo o relatório, produzido pela editora Elsevier em parceria com a Agência Bori, a queda na produção científica do Brasil foi de 7,2% entre 2022 e 2023. O declínio é observado pelo segundo ano consecutivo e não é exclusividade brasileira – 35 países também tiveram queda, sendo esse o mais alto número desde 1997.
Atrás da UFJF, que teve variação positiva de 0,3%, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) se manteve estável. Só foram analisadas as instituições brasileiras com mais de mil publicações científicas do tipo artigos em 2023. Assim, das 31 analisadas, 29 tiveram redução de publicações.
A pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da UFJF, Priscila Faria Pinto, aponta que a instituição sofreu um “baque financeiro”, assim como as demais universidades e outros centros de pesquisa do país. “Com recursos financeiros menores, estabelecemos políticas de otimização e valorização que surtiram efeito”.
Além das verbas diretas, a pró-reitora cita a mobilização na captação de recursos em várias frentes como forma de mitigar os cortes de orçamento e os impactos na produção científica. “A UFJF tem sido ativa na captação de verbas de outras fontes, de agências de fomento nacionais e internacionais e na parceria público privada.”
O gráfico que mostra a variação da publicação de artigos reflete a maturidade científica conquistada pela UFJF na história recente da instituição. “A UFJF, nesses últimos oito anos, passou por uma etapa de consolidação dos seus programas de pós-graduação e aumento do conceito da maior parte deles. Isso reflete a maturidade institucional em relação à ciência e tecnologia. A universidade que consolida sua pós-graduação consegue manter seu ritmo de produção científica mesmo com as adversidades”, explica Priscila.
O Brasil ocupa o 14º lugar no ranking de produção científica, considerando o volume total de publicações: 69.656 em 2023. As áreas de Ciências da Natureza, seguida por Ciências Médicas e Engenharias e Tecnologias, concentram o maior número de artigos.
De acordo com o relatório, considerando o cenário mundial, os efeitos da pandemia ainda podem justificar os índices de 2023. Já no caso do Brasil, outro agravante soma-se ao surgimento da Covid-19: os cortes em pesquisa e desenvolvimento como citado pela pró-reitora da UFJF. Os valores começaram a cair a partir de 2013, atingindo o pior orçamento em 2021. A tendência, no entanto, desde 2022, é de recuperação do montante de investimentos.
Os dados usados pelo relatório são da base Scopus/Elsevier e, para os cálculos, foi usada a ferramenta analítica SciVal/Elsevier. A pesquisa analisou todos os países que publicaram mais de 10 mil artigos científicos em 2022 — em um total de 53 nações.
Veja os relatórios dos anos de 2023 (publicado em jul/24) e de 2022 (publicado em jul/23).