A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por meio do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPEE), é uma das poucas instituições a desenvolver projeto no Experimento Atlas, o maior detector de partículas do Grande Colisor de Prótons (LHC), da Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN). O experimento envolve um dos pontos de colisão do LHC e fornece leituras detalhadas dos resultados das colisões, através de seus diferentes subsistemas, de forma a viabilizar as análises físicas. As atividades do Cluster Atlas/Brasil envolvem pesquisa, desenvolvimento, análises, manutenção e operação.

Fazendo parte da colaboração Atlas desde 1997, quando ainda era estudante de iniciação científica, o hoje docente do PPEE da UFJF pôde, ao longo de sua carreira, desenvolver, projetar, validar e operar sistemas eletrônicos avançados de grande complexidade (Foto: Arquivo Pessoal)

A UFJF desenvolve atividades de pesquisa ligadas ao desenvolvimento de instrumentação eletrônica avançada, de sistemas embarcados, de técnicas de processamento digital de sinais, e de inteligência artificial, além da necessidade do desenvolvimento de análises. A partir da atividade do grupo no experimento Atlas, a Universidade oficializou sua participação em 2007, através da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (Propp). Tais projetos são coordenados pelos professores do PPEE, Augusto Santiago Cerqueira e Luciano de Andrade.

De acordo com o docente Augusto Santiago, o CERN é o maior laboratório de física nuclear do mundo. A colaboração com o CERN possibilita à UFJF participar de pesquisas de ponta na área da física de altas energias e em colaboração com diversos países do mundo. Para além das oportunidades de pesquisa que se abrem para professores e estudantes, amplia a visibilidade internacional da instituição.

“Faço parte da colaboração Atlas desde 1997, ainda como estudante de iniciação científica. Dessa forma, já são quase 30 anos de contribuição, onde pude desenvolver, projetar, validar e operar sistemas eletrônicos avançados de grande complexidade em uma aplicação que ainda exige uma ampliação da formação com aprofundamento na física experimental de altas energias.”

Segundo o também professor do PPEE/UFJF, Luciano Andrade, quem ganha mesmo são os estudantes que, desde a graduação, têm o privilégio de entrar em contato com tecnologias inovadoras, pesquisadores de diversos países e universidades de ponta pelo mundo (Foto: Arquivo Pessoal)

Segundo o professor Luciano de Andrade, nos experimentos, são desenvolvidos sistemas para medição da energia das partículas subatômicas geradas nas colisões do acelerador. A energia das partículas é uma grandeza fundamental na identificação e análise dos componentes fundamentais da matéria. Este trabalho de relevância, feito pela UFJF, se deu graças à estreita colaboração do PPEE com o CERN, através de estudantes de mestrado e doutorado.

“São poucas as universidades brasileiras com esse privilégio. Até a descoberta do bóson de Higgs, que deu o Prêmio Nobel de Física em 2013, éramos somente três universidades no Atlas: UFJF, USP e UFRJ. Aliás, tenho muito orgulho quando vejo o nome da nossa universidade no paper da Science que culminou nesse prêmio. Hoje, oficialmente já temos também a UERJ e a UFBA. Posso dizer que quem ganha mesmo são os nossos estudantes que, desde a graduação, têm o privilégio de entrar em contato com tecnologias inovadoras, pesquisadores de diversos países e universidades de ponta pelo mundo.”

CERN seleciona para estágio
O CERN está com inscrições de estágio abertas para estudantes de graduação e pós-graduação, com duração de dois a 12 meses ou de, no mínimo, de seis meses a três anos, no caso de doutorado sanduíche. Há vagas para as áreas de Física, Engenharia e Área Administrativa, que, segundo a Sociedade Brasileira de Física, reúne posições nos segmentos de Tradução, Recursos Humanos, Finanças, Auditoria, Secretariado, Administração, Logística, Direito, Biblioteconomia, Psicologia, Relações Públicas, Audiovisual e Comunicação.

Caso o candidato seja selecionado, ele terá todos os custos de passagem do Brasil até a Suíça pagos pelo CERN. Para disputar a vaga, é necessário ter inglês fluente. De acordo com Santiago, a oferta de bolsas de doutorado sanduíche financiadas pelo CERN para estudantes brasileiros foi viabilizada através da associação do Brasil ao CERN, efetivada no início de 2024. A inscrição é feita pelo candidato, bastando enviar a documentação necessária que compreende Curriculum Vitae, Histórico e uma carta de recomendação. No processo de submissão, é solicitada uma descrição breve do projeto que se pretende desenvolver no Atlas.

“Por essa razão, é fundamental para o candidato conhecer ou ter trabalhado no Atlas ou buscar conversar com um pesquisador/orientador local que já desenvolve trabalho no Atlas. Importante ressaltar que o CERN é um laboratório de pesquisa, não é uma instituição educacional; desta forma, o candidato deve estar inscrito em um programa de doutorado no Brasil.”

Vagas disponíveis
Área administrativa
Doutorado Sanduíche
Engenharia Mecânica
Engenharia de Materiais
Engenharia Civil
Engenharia Elétrica/Eletrônica
Física Aplicada
Matemática e Robótica

Outras informações
CERN
Experimento Atlas
Sociedade Brasileira de Física
Pró-Reitoria de Pesquisa e Graduação