Após bom resultado na competição nacional de veículos Baja, a equipe Rampage Baja, projeto vinculado à Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), quer mais. Na 29ª Competição Baja SAE Brasil – etapa nacional, o grupo chegou à 7ª colocação geral, e conquistou o 1º lugar em duas categorias: veículos 4×2 e Eletrônica e Freios. Agora, a equipe se prepara para a edição regional do torneio, com equipes do Sudeste brasileiro, marcada para setembro deste ano. A Rampage Baja planeja também a montagem de um novo carro, desta vez, com tração nas quatro rodas (4×4).
Fundada em 2016, a Rampage Baja UFJF é formada por 12 estudantes dos cursos de Engenharia Mecânica e Elétrica. Acadêmicos de todos os cursos podem participar. O projeto é voltado à criação e desenvolvimento de um protótipo de veículo off-road montado de acordo com os critérios da SAE Brasil, responsável pela organização dos eventos de competição e que também concede apoio aos participantes.
Ao todo, 60 equipes brasileiras participaram da competição realizada em março, na cidade de São José dos Campos (SP). Na avaliação do capitão da Rampage Baja UFJF, Pedro Henrique Gusmão Lula, o resultado foi “ótimo”. A intenção agora é chegar ao Top 1 no regional. “A gente sabe que consegue”, acredita Pedro, que é aluno do 5º período do curso de Engenharia Mecânica.
A equipe passou por desafios na competição. Um deles aconteceu na prova de enduro – a mais importante, com duração de 4 horas e em que o piloto deve correr com o carro em uma pista repleta de obstáculos. “Nós tivemos que parar para averiguar o carro. E na hora de voltar para a prova, o carro não queria frear. Voltamos para o box e vimos que a pastilha de freio estava completamente desgastada, tivemos que trocar rapidamente. Foi um grande desafio – tinha que trocar rápido para não perder a prova”, conta Pedro.
Para o estudante João Henrique Pereira, também capitão da Rampage Baja, o resultado conquistado na competição demonstra uma trajetória de evolução da equipe, considerando que o trabalho é realizado há 8 anos – tempo relativamente curto, na comparação com equipes de outras instituições.
“A gente já está entre faculdades com 30, 40 anos de projetos. Então temos essa comprovação prática e de resultados, do quanto a gente evoluiu. O resultado desse último nacional é muito por conta dessa evolução que tivemos”, afirma João Henrique, que também é estudante do 4º período de Engenharia Mecânica e gerente de suspensão e direção da Rampage Baja.
A avaliação é compartilhada pelo professor do Departamento de Engenharia Mecânica, Raphael Marcomini, orientador da Rampage Baja. “O resultado mostra que eles estão bem organizados. Uma equipe com menos de 10 anos e que pela segunda vez consegue estar entre os dez primeiros colocados. Tem equipes com mais tempo de trajetória e ainda não atingiram resultados tão bons.”
Para a competição regional de equipes do Sudeste, em setembro, a equipe não deve fazer grandes alterações no carro que utilizou na Baja SAE nacional. Em relação a competições futuras, a Rampage Baja já planeja a criação de um novo carro com tração nas quatro rodas.
Como explica Pedro, o prazo de duração do chassi de um veículo Baja deve ser de dois anos, desde a fabricação. O prazo é determinado pela SAE Brasil, por questões de segurança. No caso do veículo utilizado atualmente, esse prazo está terminando, o que determina a criação de um novo modelo. A principal novidade é que o veículo terá tração nas quatro rodas – mais avançado que o modelo vigente, que tem tração em duas rodas. De acordo com o capitão da equipe, o projeto é “completamente novo”.
“A gente usa muitos parâmetros que já obtivemos no 02 (o carro atual). O nome do carro será RPB 03, sigla de Rampage Baja 03. Vamos conseguir aproveitar algumas geometrias e outras iremos modificar. A tração nos dois eixos é uma grande diferença. O projeto já está bem encaminhado e falta agora terminar a modelagem do carro para começar a etapa de fabricação”, conta Pedro.
Segundo Marcomini, a intenção é criar “algo leve e robusto, para atender às exigências da competição”. A expectativa é já levar o carro para disputar a competição nacional do próximo ano. “E lá estará competindo com as melhores equipes do Brasil, com a possibilidade de ir para os Estados Unidos competir no mundial”.
Formação extracurricular
A participação em equipes como a Rampage Baja representa um elemento adicional à formação dos estudantes, em que podem ser colocados em prática não apenas o conhecimento acadêmico adquirido em sala de aula, como também outras características comportamentais que fazem diferença no mercado de trabalho. Entre esses atributos estão “gestão de conhecimento, de pessoas, de recursos”, como define Marcomini.
Como conta João Henrique, o intuito com a equipe é formar bons engenheiros bem preparados academicamente, com capacidade de trabalhar em equipe e gerir pessoas. “Eu indicaria a todos os alunos que puderem fazer parte de algum projeto, que tentem. No meio empresarial, buscam saber o que foi feito de relevante na vida profissional das pessoas, não somente o lado acadêmico. Então é importante buscar e tentar evoluir”, acredita.