Uma senhora que é dona de obras de arte e mora em um apartamento de frente para o mar é vítima de uma armadilha e pode perder todo o seu patrimônio. Mas será que os supostos golpistas e a vítima são mesmo o que parecem ser? Esse é o enredo de “O Golpe”, a nova peça do Grupo Divulgação, escrita e dirigida por José Luiz Ribeiro. A estreia acontece nesta quarta-feira, 4, às 20h, no Forum da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A temporada segue com espetáculos de quarta a sábado, no mesmo horário, até o dia 18 de novembro.
A nova peça, que pode ser definida como uma comédia policial, é especial por um outro motivo: o espetáculo marca os 60 anos de dedicação contínua à arte teatral por parte do coordenador do Grupo Divulgação, José Luiz Ribeiro. A data será celebrada exatamente em 15 de novembro. No mesmo dia, em 1963, aconteceu a estreia da primeira peça dirigida por Ribeiro – “Brasil, Espaço 63”. Eram mais de cem atores em cena, sob o comando do diretor, à época com 21 anos de idade.
Servidores docentes e técnico-administrativos (TAEs) na ativa ou aposentados, trabalhadores terceirizados e estudantes com assistência estudantil da UFJF podem retirar um par de convites na bilheteria do teatro. Basta apenas apresentar comprovante de vínculo com a Universidade, como carteira funcional ou o contracheque.
Quem vai dar o golpe em quem?
A história de “O Golpe” tem início quando Edy Marie, uma carioca francófila, acaba de voltar de mais uma de suas viagens à Paris. Ao chegar ao apartamento, a senhora percebe que parte de suas obras de arte – como uma tela do artista plástico juiz-forano Carlos Bracher – sumiu do local.
A partir daí tem início uma trama de suspense com pitadas de humor, em que vemos um conjunto de personagens muito interessados nos bens de Edy Marie. Uns parecem querer passar a senhora para trás e há quem demonstre a intenção de preservar o espólio das garras de golpistas. Ao público, restará resolver a charada: quem quer mesmo dar o golpe? Será que todos os personagens são o que realmente parecem?
Segundo o autor e diretor, a peça é uma crônica do tempo atual, em que novas modalidades de golpe surgem aplicadas pela internet. Tudo isso com um ritmo narrativo típico do cinema, uma característica ressaltada na iluminação: as cenas se sucedem, com mudanças no jogo de luzes, semelhantes aos cortes cinematográficos.
“A Edy é muito ‘francesa’, daquelas pessoas que moram no Rio pensando na França. Por isso, para a trilha sonora, selecionamos clássicos da música francesa. A gente tem ‘La mer’ (de Charles Trenet), ‘Non, je ne regrette rien’ (interpretada por Édith Piaf)”, conta José Luiz Ribeiro.
Para a intérprete de Edy Marie e professora do Departamento de Fundamentos, Teorias e Contextos da Faculdade de Comunicação (Facom), Márcia Falabella, o plantel de personagens é formado por figuras que “querem sobreviver e buscam o caminho mais fácil”. Em meio a esse cenário, há espaço para o riso.
“É um riso da torpeza humana. Acho que o texto é brilhante, enxuto. O cartaz da peça mostra um alvo. Então eu acho que nesse alvo, o Zé Luiz acertou. Na mosca”, avalia a docente e atriz.
60 anos de teatro de José Luiz Ribeiro
“O Golpe” é o 183º texto teatral escrito por José Luiz Ribeiro. O número de espetáculos dirigidos pelo artista chega a 294. Filho de imigrantes portugueses e nascido em Juiz de Fora, Ribeiro estudou Jornalismo na antiga Faculdade de Filosofia e Letras (Fafile) e foi professor da Facom por quatro décadas. Em 1972, foi idealizador e responsável direto pela transformação do antigo casarão da Faculdade de Direito em Forum da Cultura, durante o mandato do reitor Gilson Salomão.
Para Márcia Falabella, que convive com Ribeiro há 37 anos, ele é uma referência e um exemplo. “O Zé segue levando à frente o estandarte. E outros acreditam no sonho e vão atrás. Ele abriu caminhos para muitas pessoas e eu sou uma delas. Poucos conseguem fazer o que ele faz, estando em uma cidade fora do grande eixo de produção cultural. É um resistente quixotesco”, brinca.
No elenco, Márcia Falabella como Edy Marie; os sobrinhos de Edy são interpretados por Lendel Smânio (Evaristo) e Pedro Moysés (Elaino). Lúcio Araújo é Eustáquio; e Igor Santos é o ator Edmilson e seus diferentes personagens. O figurino é de Malu Ribeiro. A sonoplastia é de Aian Cruz. Cenário, desenho de luz e direção são de José Luiz Ribeiro.
O Teatro do Forum da Cultura fica localizado na Rua Santo Antônio, 1.112, Centro. O espaço conta com ar-condicionado para proporcionar maior conforto ao público.
Serviço
“O Golpe”
Teatro do Forum da Cultura – Rua Santo Antônio, 1.112, Centro.
Datas: de quarta-feira a sábado, entre 4 de outubro e 18 de novembro.
Horário: 20h.
Outras informações: (32) 2102-6306 – Forum da Cultura