O trabalho foi eleito o melhor na categoria treinamento esportivo. (Foto: arquivo pessoal/Lindsei Barreto)

Um estudo sobre os combates femininos de judô conduzido por uma ex-aluna e por um professor do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV) conquistou o prêmio de melhor trabalho em uma das categorias do “10º Congresso Internacional de Ciências do Esporte e 23º Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte”. Realizado na última semana em Fortaleza, no Ceará, o evento é considerado o mais importante da área de educação física do país.

Lindsei Brabec Mota Barreto analisou 1.332 vídeos de lutas internacionais de atletas que estavam entre as 20 melhores no ranking mundial em cada categoria de peso. Metade dessas imagens se referia a 2016 e a outra metade a 2020. A pesquisadora buscou verificar se as mudanças nas regras do judô ocorridas entre esses dois ciclos olímpicos trouxeram impactos no momento de término dos combates.

Egressa do Programa de Pós-graduação em Educação Física – parceria entre a UFJF e a federal de Viçosa (UFV) – Barreto identificou diferenças significativas. No ciclo de 2020, por exemplo, ocorreu um aumento de 11% em relação a 2016 das lutas que terminavam na prorrogação, o chamado golden score. Além disso, na análise minuto a minuto, os combates do ciclo 2020 finalizados no tempo regular terminavam mais rápido que em 2016, e os que terminavam na prorrogação gastavam mais tempo.

Segundo o orientador do estudo, o professor do Departamento de Educação Física da UFJF-GV Ciro José Brito, esses achados “mostram que houve alterações no comportamento temporal dos combates e, portanto, professores e treinadores do judô feminino devem levar em consideração essa nova configuração de demanda energética para a prescrição do treinamento”.

Sobre a premiação, o docente ainda afirma que ela “coloca o campus como destaque na produção científica nacional” por ter sido conquistada em um congresso que se caracteriza por ser “um dos mais importantes e rigorosos” de educação física no Brasil.

Já Barreto define o prêmio como “o reconhecimento da dedicação à pesquisa durante os quatro anos no programa de doutorado em educação física da UFJF-GV”. A pesquisadora, que atualmente cursa pós-doutorado na UFJF e atua como docente na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) também comemora o fato da premiação ocorrer em um “momento de transição da condição de aluna para a de professora universitária”. E finaliza afirmando: “Posso dizer que abro as portas dessa nova fase da minha vida com ‘chave de ouro’.”

No total, 1140 trabalhos foram inscritos no evento, distribuídos entre 14 diferentes áreas, entre elas a do treinamento esportivo. Só para termos uma ideia do quão competitivo é o congresso, das mais de mil produções inscritas, apenas 39 foram aprovados para a apresentação final. O artigo de Barreto e Brito foi um deles.

Também assinam o trabalho a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Bianca Miarka, os ex-alunos do programa, Michele Andrade De Brito, Esteban Ariel Aedo-Muñoz e Dany Alexis Sobarzo Soto.

Para ler o artigo “Momento de término de combates femininos de judô entre os ciclos olímpicos 2016 e 2020”, clique aqui.