Como define a pesquisadora Letícia Perani, a “arte também envolve ciência, uma ciência visual, uma ciência do olhar, do fazer, da experimentação a partir dos sentidos”. Além de fazer parte do mundo dos jogos e da ciência, a arte também possui o potencial de unir pessoas. Uma prova disso foi testemunhada na última sexta-feira, 26, com a vinda de estudantes da Escola Municipal Presidente Tancredo Neves para conferir a releitura de personagens criados por eles feita por alunos do Instituto de Artes e Design (IAD) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Tudo começou em fevereiro deste ano, 2023, quando os estudantes da escola municipal receberam uma visita da professora Letícia Perani, por meio do projeto “A Ciência que Fazemos”, e criaram personagens para um jogo fictício. Com o propósito de criar espaços de diálogo entre pesquisadores e jovens de escolas da cidade e região, o projeto inclui esse público no debate sobre ciência, levando os próprios produtores de conhecimento até as salas de aula.
Nesse caso, além de promover o encontro entre estudantes do ensino médio e pesquisadores da Universidade, Perani e o projeto “A Ciência que Fazemos” também se mobilizaram para trazer os adolescentes para conhecer o espaço universitário e participar da abertura da exposição “A Ciência que Fazemos”, na Galeria Guaçuí, do Instituto de Artes e Design (IAD) da UFJF. A mostra ficará aberta para visitação até o dia 9 de junho.
Perani também desempenha um papel fundamental como coordenadora do Concept Art, vinculado ao Grupo de Educação Tutorial (GET) Jogos. Esta posição permite a ela envolver diretamente os alunos do GET Jogos na transformação das ideias dos jovens da escola municipal em artes visuais únicas e inspiradoras. É um processo que não apenas permite aos alunos da universidade aplicar e desenvolver suas habilidades, mas também valoriza e legitima a criatividade dos adolescentes.
Para os envolvidos, a visita à exposição no IAD fecha com chave de ouro o diálogo criado entre eles. “Esse tipo de atividade foge ao padrão e tem um impacto muito grande nos nossos alunos. Quando você trabalha em algo que não é seu, que partiu da imaginação de outra pessoa, você precisa fazer um exercício de empatia, de tentar imaginar o que a outra pessoa pensou. Isso tem um tem um efeito profundo perspectiva profissional dos graduandos”, ressalta Perani.
Essa é a terceira exposição promovida pela parceria entre o projeto de extensão “A Ciência que Fazemos” e o Concept Art. Para o estudante Ramiro Moreira, do IAD, o trabalho feito dentro do grupo é motivo de orgulho. “Fiquei muito feliz de entregar o desenho para o menino que veio da escola e espero que ele tenha gostado. Também é um orgulho ver como eles [novos integrantes do Concept Art], inclusive, cresceram dentro do grupo. A gente tem feito um trabalho muito legal e importante com todo mundo.”
Por sua vez, a visita ao IAD foi uma experiência significativa para a estudante Júlia do Carmo, da Escola Municipal Presidente Tancredo Neves. Ela confessou inicialmente que, confrontada com a tarefa de desenhar, sentiu-se um pouco perdida, sem saber exatamente o que colocar no papel. Contudo, a experiência em si acabou se revelando enriquecedora. Júlia destacou que, além de “muito legal”, a visita ao instituto também a deixou feliz pelas novas perspectivas.
A estudante Lírio, do curso de Geografia da UFJF, também esteve presente na inauguração da exposição. Ela compartilhou suas impressões, destacando o entusiasmo das crianças. “Eu ouvi muitas crianças falando ‘nossa, eu quero muito vir pra cá, aqui é perfeito’. Então, acima de tudo dos desenhos, a parte legal é ver eles conhecerem o Instituto de Artes e verem que é uma possibilidade, que podem trabalhar com o que gostam.”
Outras informações: