A doação de órgãos para transplante é um tema que permite várias abordagens, pois mescla diversos princípios, afeta valores, conceitos e toca em pontos delicados. A morte de alguém da família é invariavelmente um momento de fragilidade para quem acompanha a situação, e a doação dos órgãos da pessoa falecida nem sempre é uma decisão fácil. Mas o trabalho de abordar as famílias para fazer a captação dos órgãos é realizado por equipes treinadas, e as campanhas de esclarecimento e conscientização têm permitido bons resultados, elevando o número de doadores e reduzindo os casos de recusa das famílias.
O Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) realiza transplantes de medula óssea e rim. O HU-UFJF também é um dos oito hospitais da rede Ebserh na região Sudeste, junto do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes) e do Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF), que atendem também outras modalidades de transplantes, como o de córnea, coração e intervivos.
Uma das transplantadas foi Raimunda Souza de Almeida Carmo, 54 anos. Ela já era atendida no Ambulatório de Aplasia de Medula, uma doença quase órfã no Sistema Único de Saúde (SUS), de difícil tratamento, explica o médico hematologista Abrahão Hallack. Como ela já tinha tentado tratar a doença com medicações e não existia doador na família, a paciente foi inscrita no banco de medula até aparecer o doador no banco internacional de medula. A partir daí, houve troca de mensagens e a preparação de toda a logística até a chegada da medula ao Brasil, vinda da Inglaterra. O transplante foi um sucesso, a recuperação foi ótima, apesar de inúmeras intercorrências, novas internações, mas Duda está em casa se recuperando muito bem.
Segundo Hallack, “o procedimento representa um passo importante para o início de um programa de transplante de medula óssea na instituição a partir de doadores fora da família, possibilitando a expansão da capacidade de acesso a mais doadores, aumentando a oferta de tratamento a mais pessoas que necessitam desse tipo de terapia. O Hospital Universitário tem um diferencial nesses casos, sendo um centro de referência para transplante de medula óssea pelo Sistema Único de Saúde, recebendo pacientes de vários estados”.
Outra história com final feliz no HU-UFJF foi a dos irmãos Franscieny e Franklin. A receptora do rim, Franscieny Calixto, descobriu a doença renal num exame de rotina em 2020. Fez diálise peritoneal por cinco meses no HU. Após diagnóstico da doença renal em último estágio, ela e os dois irmãos começaram a realização dos exames de compatibilidade. Ambos eram compatíveis e um deles, o irmão gêmeo, Franklin, foi selecionado como doador. “A equipe do HU sempre nos deixou muito seguros. Tem aquela ansiedade, por ser uma cirurgia grande. Mas sempre tivemos muita confiança em tudo. A cirurgia foi tranquila, e tanto eu quanto meu irmão estamos muito bem. Agora é vida nova, e desejo que os profissionais do HU continuem fazendo esse trabalho para muitos outros doentes renais como eu. A tranquilidade e o respeito que tiveram comigo e minha família foram maravilhosos”, relata.
Segundo a professora e médica nefrologista responsável pelo Serviço de Transplante Renal do HU-UFJF, Hélady Sanders, a retomada dos transplantes de rim na instituição mostra a capacidade de organização do hospital de se organizar operacionalmente para um procedimento de alta complexidade e que necessita de um trabalho muito bem articulado em equipe.
Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, em todas as regiões do país, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do SUS, ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
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Relembre:
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