Com pleno funcionamento presencial, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) retomou, este ano, o programa de visitas escolares à instituição – uma aprendizagem que extrapola as salas de aula, permitindo que alunos do ensino médio troquem experiências com estudantes da graduação e conheçam os cursos diretamente no campus.
As turmas são recepcionadas pela Diretoria de Imagem Institucional, que faz uma apresentação geral da Universidade, incluindo suas formas de ingresso, bolsas oferecidas e o funcionamento geral da instituição. Depois, elas partem para a visita às faculdades, laboratórios e outros espaços, tendo contato direto com os graduandos. Geralmente, as visitas acontecem das 9h às 16h, com intervalo para almoço no próprio Restaurante Universitário.
Criado em 2010, o projeto de Extensão já recebeu 250 escolas, aproximando a UFJF dos alunos do 9° ano do ensino fundamental e do ensino médio. “Por ser o elo entre esses estudantes, escolas e a Universidade, o projeto abre as portas da instituição para públicos que muitas vezes não têm acesso a certas informações e dados. Entre eles, como funciona o ingresso à universidade, o sistema de cotas, os pedidos de isenção das taxas dos processos seletivos, as formas de manutenção caso se tornem alunos. E, ainda, dá ao aluno a possibilidade do contato com sua futura formação”, explica a cerimonialista da Universidade, Priscila Reis Vieira.
No segundo ano do ensino médio da Escola Estadual Maria Elba Braga, Matheus Tenório da Silva esteve em visita ao campus no dia 12 de abril e destacou a importância do projeto: “O pessoal da escola pública não costuma ter conhecimento sobre o quanto a UFJF é ampla e o tanto de graduações oferecidas para que estudantes tenham acesso ao ensino superior. Quando a Universidade abre as portas para nós, permite que tenhamos esperança de estudarmos aqui, sem que tenhamos aquela sensação de incapacidade para ingressar no curso que sonhamos”, disse o estudante que deseja cursar Medicina.
O futuro mais próximo
Para o estudante Lucas Portela de Souza, também da Escola Estadual Maria Elba Braga, o contato com a Universidade já permite sonhar com o futuro. “É uma chance de me inteirar do ambiente. Ano passado fiz as provas do módulo I do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism), mas também vou tentar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para ter mais opções de ingresso, pois quero ter uma vida no meio acadêmico.”
Por enquanto, a opção que mais chama sua atenção é o curso de História. “Quando a UFJF abre as portas e demonstra todo o seu potencial, tira aquela ideia que apenas os cursos de Engenharia, Direito e Medicina formam profissionais bem sucedidos. Conhecer as graduações nos abre um leque de oportunidades e nos permite conhecer as nossas verdadeiras paixões, já que a ciência é abrangente.”
Já perto da escolha definitiva para o ingresso no ensino superior, Luara Sílvia Pereira, do terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual Padre Francisco Rey, comenta que ficou surpresa com a apresentação dos professores e alunos. “Visitamos a estação meteorológica e o prédio de Engenharia, onde nos apresentaram a equipe de robótica. Também tivemos uma palestra sobre a importância do trabalho da Universidade, eles foram todos muito detalhistas e, ainda assim, sucintos sobre aquilo que visavam explicar.”
Ela é de Arantina (MG) e conta que a maioria dos vestibulandos escolhe a UFJF como primeira opção pela proximidade local e qualidade. “Tomei conhecimento de algumas coisas que eu gostaria de tentar. O programa do curso de Letras para línguas estrangeiras; a monitoria; empresas juniores; projetos de extensão e possivelmente um intercâmbio. Parecem ser atividades que ensinam muito como um todo.”
Os alunos da Escola Estadual Padre Francisco Rey também tiveram a chance de visitar o planetário, no dia 19 de abril. “Quero muito retornar quando estiver aberto ao público para acessar o observatório. O prédio do Centro de Ciências tem uma estrutura bastante impressionante”, disse Luara.
Professores são os grandes incentivadores
Os professores das escolas são os grandes incentivadores do projeto. Geralmente, são eles que entram em contato com a UFJF e organizam as turmas para conhecer a instituição, abrindo um novo universo de possibilidades para os estudantes. Esta é justamente a percepção da professora de Sociologia da Escola Estadual Maria Elba Braga, Luiza Vieira Godinho.
“Quando fomos ao Planetário, localizado no Centro de Ciências, os alunos não sabiam que poderiam frequentar o local sem o intermédio da escola. Eles ficaram surpresos em poder acessar os espaços da UFJF, o que traz uma visão de uma universidade possível para eles, caso decidam vir para cá”, enfatiza a professora.
Além da oportunidade em conhecer o campus, Luíza ainda acredita que o Programa de Visitas é a possibilidade de demonstrar efetivamente como a ciência é realizada e o quanto a vivência universitária é diversa, diferente da rotina escolar. “Após a pandemia, muitos alunos ficaram cansados, desmotivados e só querem finalizar o ensino médio. Trazê-los para a UFJF é tornar a Universidade como um futuro palpável e que eles podem acessar. Esse contato permite que conheçam cursos que não conheciam ou profissões que parecem distantes”.
O também professor de Sociologia da Escola Estadual Padre Francisco Rey, de Arantina, Breno Alves, percebe os mesmos benefícios. “É mostrar para eles as oportunidades que eles têm pela frente. A maioria dos nossos alunos não fazia ideia do que se tratava uma universidade pública e da quantidade de possibilidades que eles têm em uma instituição como a UFJF.”
Para participar
O projeto é uma iniciativa de extensão da UFJF, atendendo escolas públicas e particulares. As visitas acontecem uma vez por semana, e devem ser agendadas previamente pela direção ou por professores, pelo e-mail visitas@comunicacao.ufjf.br. O cronograma já está completo até outubro, pois havia uma demanda represada dos últimos anos. Ainda assim, é possível entrar em contato para verificar datas futuras disponíveis. Os custos da visita, como transporte e alimentação, são por conta das escolas e/ou dos seus estudantes.
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