Mostra reúne rendas, bordados, colchas feitas em tear, crochês e obras em cerâmica policromada. (Foto: divulgação)

No dia 8 de março foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data lembra a importância das lutas femininas por justiça, igualdade e respeito, servindo, também, para celebrar atos de coragem e determinação de mulheres comuns que desempenham papéis extraordinários na história de seus países e comunidades. Nesse contexto, o Museu de Cultura Popular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), instalado no Forum da Cultura, sedia, até o dia 31 de março, a exposição “Tramas Tecidas”, uma homenagem às mulheres que realizam trabalhos manuais, buscando valorizar e evidenciar a riqueza desses ofícios, que também são arte, cultura e tradição. 

A mostra reúne rendas, bordados, colchas feitas em tear, crochês e obras em cerâmica policromada que representam mulheres em seus ofícios, entre outras peças que narram histórias desse representativo universo. As obras são originárias de locais como Caruaru (PE), Maraial (PE), Florianópolis (SC), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte, Pato de Minas e Juiz de Fora (MG). A mulher rendeira faz parte do imaginário popular brasileiro, transmitindo um conhecimento que atravessa gerações, sendo o trabalho de diversas mulheres e, por vezes, a única forma de produção de capital para algumas famílias. 

“Tramas Tecidas” faz uma homenagem às mulheres que realizam trabalhos manuais, valorizando a riqueza desses ofícios, que também são arte, cultura e tradição. (Foto: divulgação)

Um dos destaques de “Tramas Tecidas” são as almofadas de bilros. No Brasil, a renda de bilros é a de maior abrangência geográfica. Nessa técnica de tecer, a renda é produzida em cima de uma almofada cilíndrica apoiada em um suporte de madeira, que é alinhado à altura ideal para o corpo. As almofadas são geralmente preenchidas com materiais como serragem, capim ou algodão, sendo cobertas por tecidos com cores neutras para não confundir a visão da artesã. 

O processo de tecer com bilros é realizado de forma bastante sustentável, utilizando geralmente materiais naturais. Os bilros são objetos de madeira onde são colocadas as linhas para o trançado. Por cima da almofada é colocado um molde feito em papelão, que é espetado por alfinetes, costumeiramente espinhos, que foram introduzidos no trabalho pelo fato de as rendas frequentemente serem realizadas à beira-mar, o que fazia com que os alfinetes enferrujassem com a maresia. 

A atividade, que chegou ao território brasileiro através das mulheres portuguesas, desenvolveu características próprias em solos brasileiros, assumindo novas configurações de acordo com as culturas de cada localidade, exteriorizando identidades tipicamente brasileiras.

Exposição está aberta ao público até 31 de março. (Foto: divulgação)

Também recebem destaque na exposição os bordados afetivos feitos à mão pela artesã têxtil e turismóloga Camila Oliveira. São seis trabalhos em bordado livre sobre bastidores de diferentes diâmetros. A artista juiz-forana produz bordados de variados estilos, reproduzindo fotografias, realizando trabalhos em papel, flâmula, chaveiro, bastidor, entre outros. O bordado é considerado uma das artes mais antigas do mundo, marcando culturas e valores.

Durante o período em que permanecerá em cartaz, “Tramas Tecidas” estará aberta para visitação de segunda a sexta, das 10h às 19h. As visitações são gratuitas e abertas ao público em geral. No caso de grupos, é necessário agendamento prévio, que pode ser feito através do telefone (32) 2102-6306 ou pelo e-mail forumdacultura@ufjf.br. A exposição contará também com repercussão nos perfis do Forum da Cultura no Instagram e no Facebook.

Com mais de três mil peças em acervo, o Museu de Cultura Popular possui estatuárias, peças de crenças religiosas e cerâmicas, brinquedos populares, entre outros artefatos de culturas nacionais e estrangeiras. A delicadeza e a originalidade das obras e utensílios expostos regularmente nesse espaço despertam interesse, encantam e fazem sonhar adultos e crianças, proporcionando uma janela para tradições populares em transformação.

O Museu, criado em 12 de março de 1965 – data que marcou o centenário do folclorista Lindolfo Gomes –, foi transferido para o espaço do Forum da Cultura em 1973, sendo doado à UFJF em 30 de setembro de 1987. Sua origem está no trabalho do Prof. Wilson de Lima Bastos, que criou o então chamado “Museu do Folclore”, mais tarde renomeado como “Museu de Cultura Popular”.