Entrega de condecoração ao professor, pela presidente Droupadi Murmu, aconteceu na cidade de Indore, na Índia

O professor do Departamento de Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Dilip Loundo recebeu, do governo da Índia, a mais alta condecoração civil conferida a indianos residentes no exterior. O prêmio Pravasi Bharatiya Samman (Overseas Indian Honour Award) é concedido a personalidades de diversas esferas de atuação profissional. A seleção dos homenageados é feita por uma comissão composta por nomes como o vice-presidente da Índia, Jagdeep Dhankar, e pelo ministro indiano das Relações Exteriores, S. Jaishankar.

O prêmio foi entregue em 10 de janeiro pela presidente da Índia, Droupadi Murmu, no encerramento da 17ª Convenção da Diáspora Indiana (Pravasi Bharatiya Divas), realizada na cidade de Indore. O Diploma de Condecoração de Loundo cita “suas realizações extraordinárias das esferas da Arte, Cultura e Educação”, além de sua “contribuição inestimável na promoção da honra e do prestígio da Índia e na promoção dos interesses dos indianos residentes no exterior”.

Também é destacada a contribuição do docente para o desenvolvimento dos estudos indológicos na UFJF. “O professor Loundo é um indologista renomado, residente no Brasil. Ele tem promovido incansavelmente, no Brasil, os estudos das filosofias e das religiões da Índia, dentre as quais se destacam o Vaisnavismo, o Saivismo, o Saktismo, as tradições do Upanisads (a parte final dos Vedas, as escrituras sagradas do Hinduísmo) e do Budismo, e a literatura e a língua sânscritas. Em 2010, fundou na UFJF o primeiro centro acadêmico exclusivamente dedicado à pesquisa indológica”.

Dilip Loundo é originário do estado indiano de Goa, local que tem conexões históricas com o Brasil que remontam ao período colonial. Loundo se sente “extremamente honrado” com o prêmio. “Vejo nessa homenagem, um reconhecimento dos esforços empreendidos, ao longo dos anos, de estreitamento e consolidação do diálogo inter-civilizacional Brasil-Índia e, mais especificamente, de tradução, em termos brasileiros, dos meandros e sutilidades das religiões e das filosofias indianas”, afirma.

Para o docente, esse exercício do diálogo é “mais do que uma escolha pessoal”: “Trata-se de um imperativo de vida, em razão de um pertencimento a ambos os espaços culturais”, reflete o pesquisador, que chegou ao Brasil durante a pré-adolescência e se radicou no Rio de Janeiro.

Currículo

Professor do Departamento de Ciência da Religião desde 2009, Dilip Loundo integra o Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião (Ppcir) e é coordenador do Núcleo de Estudos em Religiões e Filosofias da Índia (Nerfi-CNPq), existente no programa. O projeto é uma referência no Brasil em estudos indológicos e, ao longo de doze anos, já formou cerca de quarenta especialistas nos níveis de mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Loundo é, ainda, bacharel em Ciências Sociais e mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na sequência, realizou doutorado em Filosofia Indiana pela Universidade de Mumbai e pós-doutorado em Sânscrito e Filosofia Indiana pela Universidade Sânscrita de Karnataka. Entre 1996 e 2008, o pesquisador ocupou o Leitorado do Itamaraty em Estudos Indo-Brasileiros na Universidade de Goa. O docente foi, ainda, professor visitante (Shivdasani Fellowship) do Oxford Centre for Hindu Studies, da Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Entre as publicações mais recentes de Dilip Loundo, estão “Razão com Sabor de Mel: Ensaios de Filosofia Indiana” (PHI, Campinas, 2022); “A Praia dos Mundos sem Fim: Brasil, Índia e a Poética do Encontro” (PHI, Campinas, 2023) e a tradução em português dos principais Upanisads, que se encontra em edição.