Exposição que destaca a cerâmica portuguesa fica em exibição até 3 de fevereiro (Foto: obra Mulher a Cavalo de José Moreira)

Abrindo a programação anual do Museu de Cultura Popular da UFJF, instalado no Forum da Cultura, está em cartaz a exposição “Lastro Português”. Contando com mais de 50 peças, todas pertencentes ao acervo do Museu, a exposição destaca a cerâmica portuguesa, conhecida mundialmente pela peculiaridade de seus detalhes e acabamentos. 

Na mostra, o visitante pode conferir peças utilitárias como chocolateira, assador de castanha, jarros, bacias e panelas que chamam a atenção pela coloração metálica obtida pela queima no forno utilizando a lenha verde, além de figuras que refletem vivências e o imaginário popular lusitano.

Um dos destaques da edição são as obras de Rosa Ramalho. Célebre ceramista portuguesa, R.R., como ficou conhecida, se tornou o maior nome do Figurado de Barcelos – forma popular de expressão artística que é uma das principais produções tradicionais de Portugal -, construindo um repertório de verdadeira notoriedade. A tradição de trabalho com barro característica dessa cidade do norte português se singulariza por sua natureza lúdica, enigmática e fantástica, com obras que remetem às festividades, mitologias locais, ao cotidiano e ao religioso. Além disso, não são necessariamente utilitárias.

O figurado de Rosa ganhou notoriedade ao ser descoberto em uma feira pelo pintor António Quadros, então estudante na Escola Superior de Belas Artes do Porto. A partir de Rosa Ramalho, os barristas de Barcelos obtiveram estatuto de artistas, deixando as feiras e passando a ocupar lojas, museus e galerias de arte. A artista ficou internacionalmente conhecida perto de seus 70 anos e continuou moldando peças de barro até quase os 90 anos. 

Obra Oratório de Rosa Ramalho é uma das peças que compõe a exposição (foto: divulgação)

As peças de (J.M.), embaixador da arte barrística da cidade de Estremoz, também recebem destaque na mostra. A produção de Figurado em Barro de Estremoz, arte com mais de três séculos de tradição, é considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco desde 2017. Conhecidos popularmente como “bonecos de Estremoz”, os figurados tiveram sua origem a partir da necessidade espiritual do povo, que queria ter em casa santinhos de sua devoção, mas comprá-los não era possível. 

A partir daí começaram a ser moldadas imagens de devoção particular, presépios com a Sagrada Família, por vezes contendo os Três Reis Magos e alguns animais. Em seguida, começaram a aparecer nessa arte figuras típicas, representativas e do imaginário do povo em um vasto repertório com modelação singular e cores expressivas. Também é possível conferir os tradicionais apitos ou assobios zoomórficos e antropomórficos em barro de Estremoz. 

“Lastro Português” permanece em cartaz no Museu de Cultura Popular até o dia 3 de fevereiro, estando aberta para visitação de segunda a sexta, das 10h às 19h.  As visitações são gratuitas e abertas ao público em geral. Para grandes grupos, é necessário agendamento prévio. A mostra também contará com repercussão nos perfis do Forum da Cultura no Instagram e no Facebook.

Museu de Cultura Popular – UFJF

Com mais de três mil peças em acervo, o Museu de Cultura Popular possui estatuárias, peças de crenças religiosas e cerâmicas, brinquedos populares, entre outros artefatos de culturas nacionais e estrangeiras. A delicadeza e a originalidade das obras e utensílios expostos regularmente nesse espaço despertam interesse, encantam e fazem sonhar adultos e crianças, proporcionando uma janela para tradições populares em transformação.

O Museu, criado em 12 de março de 1965 – data que marcou o centenário do folclorista Lindolfo Gomes –, foi transferido para o espaço do Forum da Cultura em 1973, sendo doado à UFJF em 30 de setembro de 1987. Sua origem está no trabalho do professor Wilson de Lima Bastos, que criou o então chamado “Museu do Folclore”, mais tarde renomeado como “Museu de Cultura Popular”.

 Forum da Cultura

Instalado em um casarão centenário, o Forum da Cultura é o espaço cultural mais antigo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Em atividade há mais de quatro décadas, leva à comunidade diversos segmentos de manifestações artísticas, abrindo-se a artistas iniciantes e consagrados para que divulguem seus trabalhos.

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