O Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF) teve sua primeira tese defendida, por meio de videoconferência, no último dia 22. Além de representar um marco para o Programa, o trabalho de doutorado de Lara Melo Campos tem potencial de gerar uma patente. De acordo com a coordenadora Fernanda Vilela, a defesa da primeira tese atinge um momento de maior maturidade e consolidação do PPGCF na formação de recursos humanos qualificados e contribuição para a ciência.
Tese foi defendida on-line nesta quinta-feira. Lara Campos já foi aprovada para o pós-doutorado na UFJF (Imagem: Reprodução)
Intitulado “Estudos in vitro e in vivo de Annona muricata L. contra uma linhagem de Candida albicans multirresistente: atividade do extrato livre e incorporado a uma formulação a base de carbopol”, o estudo foi orientado pelo professor Rodrigo Luiz Fabri, que considera que se diferencia pela comprovação científica do uso tradicional da graviola (Annona muricata L.), utilizada na cadeia produtiva alimentar brasileira no combate de infecções microbianas.
A doutora em Ciências Farmacêuticas desenvolveu uma formulação contendo extrato da espécie da graviola para o tratamento de candidíase vulvovaginal, visando o bem-estar e a saúde da mulher. Em decorrência dessa inovação, já foi feita a solicitação de depósito de patente ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). “Destaca-se, ainda, a publicação de parte dos resultados da tese na forma de um artigo científico em revista internacional de alta relevância na área de Ciências Farmacêuticas e de Etnofarmacologia”, pontua Fabri.
Para Lara Campos, o objetivo principal deste trabalho foi avaliar a atividade antifúngica do extrato etanólico das folhas de graviola contra uma linhagem de Candida albicans multirresistente em busca de elucidar o mecanismo de ação deste insumo e desenvolver uma formulação tecnológica contendo o mesmo extrato.
“Além dos dados que comprovaram a eficácia das folhas da graviola (Annona muricata L.) contra Candida albicans, nós ressaltamos o potencial biológico e promissor dos produtos naturais, além da importância de estudos em compostos bioativos, que têm assumido um papel importante na descoberta e no desenvolvimento de novos agentes terapêuticos.”
Perspectivas futuras
Aprovada para o pós-doutorado na UFJF, Lara Campos espera aprimorar este trabalho e alcançar novos desafios na instituição onde também concluiu a graduação e mestrado: “Mas um dos meus objetivos principais é levar à sociedade o conhecimento adquirido durante os últimos anos e buscar o sucesso na produção de produtos biotecnológicos de elevado valor agregado para o combate a doenças infecciosas”.
A farmacêutica relembra os anos difíceis pelos quais os pesquisadores passaram na pandemia, em um cenário de desvalorização da ciência e de cortes orçamentários. “Conseguir este título é uma realização profissional e pessoal: representa extrema responsabilidade e importância para o desenvolvimento dos trabalhos científicos farmacêuticos e espero que sirva de exemplo para o constante aprofundamento dos estudos no Programa”, almeja.
Sobre o PPGCF
Instituído na Faculdade de Farmácia em 2010, o Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas iniciou com o curso de mestrado e em 2019 teve início o curso de doutorado. Com conceito 4 na Capes, a área de concentração é Produtos Naturais e Sintéticos Ativos. Já foram defendidas 116 dissertações e atualmente estão matriculados 30 discentes no curso de doutorado e 27 no mestrado. Os processos seletivos ocorrem duas vezes ao ano.
“O principal objetivo é qualificar profissionais na área de Ciências Farmacêuticas capazes de desenvolver projetos e métodos de pesquisa para instituições públicas e privadas, bem como o pensamento crítico necessários para o desenvolvimento acadêmico, científico e tecnológico em níveis local, regional, nacional e internacional”, ressalta a coordenadora.
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