Luizinho Lopes se apresenta novamente no Som Aberto (Foto: Humberto Nicoline)

Com o objetivo de motivar a demonstração dos talentos dos estudantes e abrir um espaço de apresentação para músicos de Juiz de Fora, o Som Aberto será realizado no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Os shows acontecerão nesta sexta-feira, 16, a partir das 18h, no Anfiteatro A do instituto. Essa é uma reedição do evento homônimo que marcou época na década de 1970 e que ganhou uma nova versão realizada pela Pró-Reitoria de Cultura (Procult), na Praça Cívica, em 2016 e 2017. A entrada é franca. 

A cantora, guitarrista e técnica do Laboratório de Imunologia do ICB Priscila Santos abre a programação, a partir das 18h. Na sequência, haverá apresentações dos cantores e compositores Luizinho Lopes e Cacáudio, além de Estêvão Teixeira, na flauta, acompahado de Guto (Carlos Agusto Gomes) ao violão e, por fim, o pianista Márcio Hallack.

O repertório será composto de canções autorais dos artistas convidados, além de canções importantes da década de 1970, período do Som Aberto original. Além disso, haverá apresentações conjuntas e outras surpresas para o público que vai estar presente no Anfiteatro A do ICB nesta sexta-feira.

O pianista Marcio Hallack também está entre os músicos convidados (Foto: Fernando Fiúza)

A primeira edição do Som Aberto original aconteceu em outubro de 1974, organizada por um grupo de estudantes liderado pelo então presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Ivan Barbosa. As apresentações realizadas no auditório do então Instituto de Ciências Biológicas e Geociências (ICBG) refletiam manifestações por liberdade, criatividade e contestação do período. Além de música, havia também exibições de literatura, dança, teatro e pintura. 

Um dos artistas que vão se apresentar nesta sexta-feira, Luizinho Lopes começou a sua carreira musical em uma edição do Som Aberto no final de 1977. Na época, o músico estava no segundo período de Engenharia Civil e se apresentou ao violão com três canções de sua autoria. O artista conta que o instrumento musical foi um presente de seu pai, dado três meses antes.

“É muito marcante para mim. Na minha primeira apresentação, fui tocar sozinho, estava nervoso, o auditório cheio de gente. Eu tinha 18 anos. A sensação que tenho hoje é como foi importante para mim ter me apresentado, eu tinha consciência de que aquelas músicas não eram boas, mas sabia que estava fazendo o que eu mais gostava na vida e que depois viriam composições melhores. Quase não teve palmas, foram mais por educação do que tudo. Uma colega foi comigo, disse que foi lindo. Eu disse que ‘não, é porque você é minha amiga. Mas um dia vou compor coisas boas’”, conta o músico que se sentiu honrado e emocionado com o convite. 

Edição do Som Aberto nos anos 1970 no anfiteatro do ICBG (Foto: Divulgação)

O convite para integrar a nova edição do novo Som Aberto partiu do professor Henrique Teixeira, do Departamento de Parasitologia, Microbiologia e Imunologia do ICB. Teixeira também participou do evento no antigo ICBG quando cursava a graduação em Farmácia. “Eu fui muitas vezes ao Som Aberto, mesmo antes de entrar para a UFJF. Meu irmão Xico Teixeira organizava o evento junto com Ivan Barbosa, Márcio Itaboray, Guto, entre outros. E o Som Aberto atraía muita gente, inclusive diversos músicos de fora, como João Bosco, João do Vale, Jaime Alem. E estimulou muitos de Juiz de Fora a se interessarem mais pela música.”

Em 2016, proposta foi resgatada e ampliada pela Pró-Reitoria de Cultura da UFJF, sendo realizada na Praça Cívica (Foto: Divulgação/UFJF)

Henrique Teixeira e Luizinho Lopes estão entre os fundadores do grupo “Vértice”, marco da história musical da cidade, que iniciou sua carreira no Som Aberto. “E tinha outros três fundadores, Tadheu Grizendi, Rodolpho Tostes e Oscar Parrot. Começamos a nos apresentar no Som Aberto no final de 1978 e início de 1979. No início éramos cinco, depois viemos a ser 12 componentes. Em 1981 fomos ao programa Som Brasil, da Rede Globo, comandado por Rolando Boldrin. Apresentamos três músicas: duas minhas e uma de outro integrante do grupo. A gravação foi exibida em janeiro de 1982, isso nos colocou em evidência”, conta Luizinho Lopes, que agora trabalha na restauração de uma fita VHS com a participação do grupo para postá-la no YouTube. 

‘Reabrir atividade cultural de rica história’

Segundo o professor Henrique Teixeira, alguns motivos levaram à realização do Som Aberto em 2022. O principal foi a vontade de “reabrir uma atividade cultural que teve rica história no ICB, dando oportunidade aos muitos músicos da cidade se apresentarem e isto poder motivar novos talentos entre os estudantes”. 

O evento conta com o apoio dos diretórios acadêmicos da Nutrição e de Biologia. A expectativa, segundo Teixeira, é de que o novo Som Aberto se torne um projeto de extensão em 2023. “Eu não poderia deixar de agradecer todos os músicos que gentilmente aceitaram participar dessa reestreia”, finaliza.

Na avaliação do diretor do ICB, Lyderson Viccini, poder contribuir para a realização do evento é um motivo de alegria. “Uma manifestação cultural inspirada em um evento que por vários anos encantou estudantes, técnicos, docentes e entusiastas de uma boa música. Uma oportunidade de confraternização da comunidade acadêmica embalada pelo talento de artistas locais”, reitera.

Programação – Som Aberto no ICB (16/12/2022):

Priscila Santos – 18h

Luizinho Lopes – 18h20

Cacáudio – 18h40

Estêvão Teixeira e Guto – 19h

Márcio Hallack – 19h30 

Outras informações:

Instituto de Ciências Biológicas (ICB): (32) 2102-3201 / (32) 2102-3202