Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) e técnico-administrativo em Educação (TAE) da Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Jhonatan Mata lança o livro “O amador no audiovisual”, às 18h, na próxima sexta-feira, 25, no Forum da Cultura. A obra faz uma análise sobre as fronteiras e os vínculos entre produções audiovisuais categorizadas como amadoras e profissionais.
Publicado pela Editora da UFJF em um contexto de pandemia e de campanhas políticas, o livro dialoga com a explosão de materiais produzidos por “não-jornalistas” em um período de luta intensa contra os perigos da desinformação. Além disso, a publicação, fruto da tese de doutorado de Mata, defendida em 2017 no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura (EcoPós) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), faz uma investigação sobre a produção audiovisual no país que é promotor das maiores lives do planeta.
“Precisamos, mais do que nunca, de literacia e fluência midiáticas para entender o mundo midiatizado que habitamos e que nos habita. Fica cada vez mais nítida essa ‘emergência’ de uma midiatização sistêmica das coisas. Da política ao streaming, do YouTube às plataformas de games, das produções amadoras às profissionais, tudo se emaranha de um modo complexo. O que exige pesquisadores atentos a essas hibridizações. Se lá pelo início dos 2000 pairava uma ideia de que a TV estava perto do fim, hoje discutimos as relações da TV nas multitelas. Esse livro é um bom combustível, sobretudo para compreender lucros financeiros e afetivos, obtidos a partir das relações entre amadores e profissionais no audiovisual”, ressalta.
Mata explica que a análise parte dos quadros colaborativos “Outro Olhar”, programa exibido pela TV Brasil, e “Parceiro do RJ”, quadro exibido pelo RJTV, da Rede Globo. Segundo o autor, tais produtos são fenômenos de “cultura e prática social”, visto que exibe em tela o papel do cidadão comum enquanto “jornalista colaborativo” no cenário contemporâneo da TV aberta.
“Ambos os quadros abrem espaço para a atuação de cidadão nas funções repórter, pauteiro, cinegrafista, assistente de edição. O objetivo, então, é perceber se o jornalismo colaborativo no país colabora para uma prática jornalística mais plural, promovendo descentralização nas abordagens e escolhas daquilo que se transforma em notícia”, detalha Mata, que também é vice-coordenador do grupo de pesquisa Núcleo de Jornalismo e Audiovisual (NJA) e coordenador dos projetos “Música Para Olhos e Ouvidos” (UFJF), “Amadores, profissionais e seus amalgamas” (CNPQ) e “Polijovem: construindo competências cidadãs” (Fapemig).
Paralelamente, o autor, que foi orientado pela professora Beatriz Becker no trabalho, busca compreender as contradições e semelhanças existentes entre o material produzido pelos cidadãos comuns na televisão pública (TV Brasil) e na comercial (RJTV-Rede Globo).
Entre os resultados apontados em “O amador no audiovisual”, conforme Mata, é que tais tipos de produções amadoras são colocados à margem daquelas ditas como profissionais. “A desnaturalização deste procedimento revela que essas inserções audiovisuais são apostas e não certezas de valorização e incorporação do discurso alheio e implicam os ônus e bônus da segregação a que são submetidos”, finaliza o professor.