A Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realizou na tarde desta quarta, 16, a abertura da VI Mostra de Ações de Extensão e IV Congresso de Extensão no Auditório das Pró-Reitorias, no campus sede. Aberto para toda a comunidade acadêmica, com atividades presenciais e em formato on-line, o evento deste ano tem como temática central “A extensão que fizemos, a extensão que faremos: um novo tempo para a universidade pública na sociedade brasileira”.
Para celebrar a programação, que, entre os dias 16 e 18 de novembro, conta com mesas redondas, rodas de conversas, palestras e publicações de vídeos e relatos de experiências extensionistas, a abertura da solenidade foi composta pela apresentação da Orquestra do Instituto de Artes e Design (IAD) da UFJF, seguida pela fala da pró-reitora de extensão da UFJF, professora Ana Livia Coimbra.
“A mostra de extensão para a UFJF manifesta objetivamente o sentido da extensão para a administração superior: um espaço para avaliarmos os trabalhos que temos feito, para avaliarmos as atuais tendências, para pensarmos a extensão universitária e a sua função social no nosso país. Este é um momento de revermos o que fazemos e modificarmos metodologias e práticas, para que, de fato, tenhamos efetividade na formação de nossos estudantes e na contribuição ao desenvolvimento social”, ressaltou Coimbra.
A pró-reitora reforçou a importância da retomada da Mostra em caráter presencial. Durante o auge de contaminações pela Covid-19, no ano de 2021, docentes, técnicos-administrativos em educação (TAEs) e estudantes dos campi de Juiz de Fora e Governador Valadares participaram conjuntamente da programação. Neste ano, as atividades serão realizadas separadamente, com a Mostra em GV acontecendo entre 22 e 23 de novembro, em comemoração aos 10 anos do campus avançado.
O pró-reitor de planejamento, orçamento e finanças, Eduardo Condé, representando o reitor Marcus Vinícius David, esteve presente na mesa de abertura da Mostra. “Vivemos um momento em que a universidade brasileira está se preparando para um novo tempo. Há muito esperança de que a universidade retome seus caminhos, que foram afetados por sucessivos cortes orçamentários e também pela campanha de desqualificação do ensino superior. Uma das formas mais objetivas que temos de nos apresentarmos à sociedade é justamente a extensão. Atravessar os muros da Universidade representa justamente mostrar à sociedade a produção do conhecimento científico e o reconhecimento da própria sociedade enquanto financiadora da universidade pública brasileira”.
A extensão no combate à pandemia da Covid-19
Após a abertura, o público presente pôde conferir a mesa redonda “Impactos da Covid-19 no reordenamento da Extensão Universitária”, mediada pela pró-reitora adjunta de extensão e professora da Faculdade de Letras (Fale) Fernanda Cunha Sousa, com a participação do diretor da Faculdade de Farmácia Marcelo Silva Silvério, da professora do departamento de Direito, do campus de GV, Tayara Talita Lemos, e da deputada federal eleita, ex-secretária de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e professora da Universidade Federal de São Del Rei (UFSJ) Ana Pimentel.
Lemos abriu as discussões a respeito dos impactos da Covid-19 na extensão destacando os diferentes desafios enfrentados pelas cidades de Juiz de Fora e Governador Valadares. Durante a pandemia, segundo Lemos, os Institutos de Ciências da Vida (ICV) e de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) de GV elaboraram uma série de análises de dados da pandemia da Covid-19 na região, bem atuaram na capacitação de docentes, discentes e profissionais da saúde de hospitais locais e em outras ações e grupos de estudos. “Em razão da divulgação desses projetos, a visão da comunidade sobre a UFJF foi transformada, pois a Universidade esteve presente de fato na vida dessas pessoas.”
A produção de milhares de litros de álcool em gel e máscaras, distribuídos para as comunidades indígenas Krenak e Maxakali, localizadas em regiões próximas a Governador Valadares, bem como para quilombolas, bairros carentes, população carcerária e seus familiares, também foram ações elencadas pela professora. “Além dessas, não podemos deixar de mencionar aquelas que não foram catalogadas como ações de enfrentamento à Covid-19, mas que impactaram na saúde social e mental das pessoas vivendo em isolamento, como lives, debates, cine-debate, atividades culturais, clubes de livro, entre tantas outras, que continuaram produzindo conhecimento, interagindo ativamente com a comunidade, ainda que virtualmente, demonstrando que, através da universidade pública, encontramos também outras formas de cura”.
A parceria entre a UFJF e Prefeitura
Pimentel contou que assumiu a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora em janeiro de 2021 e sua primeira ação foi fazer uma reunião com representantes da UFJF para discutirem o combate à Covid-19 diante de um colapso do sistema de saúde, ocasionado pelo excesso de internações. “Conseguimos um gesto muito rápido, com a abertura de 11 leitos no Hospital Universitário (HU), o que era uma porcentagem importante para aquele momento muito delicado. Esse movimento que a Universidade fez, junto com a gestão municipal, possibilitou que outras instituições tomassem atitudes”.
A ex-secretária de Saúde da PJF ainda reforçou outras iniciativas que as unidades acadêmicas, via projetos de extensão, desenvolveram. “Sempre é cobrado que a universidade tenha conexão com a sociedade. E ela foi decisiva, enquanto o Governo Federal não assumiu seu papel. Após os desafios dos cortes orçamentários nas áreas da Educação, da Ciência e da Tecnologia e da Saúde, é preciso pensar sobre o que nós produzimos durante a pandemia. Vivenciamos enormes desafios sobre o tempo de produção científica, sobre a relação entre Educação e Saúde, sobre extensão”.
Finalizando o debate, o diretor da Faculdade de Farmácia apresentou dados sobre as ações extensionistas realizadas pela UFJF durante o período pandêmico. Segundo levantamento da Proex, cerca de 87 ações foram realizadas no campus de Juiz de Fora, nas grandes áreas de Inovação e Empreendedorismo (19,5%), Saúde e Ciências Biológicas (34,5%), Educação, Letras, Artes e Design (11,5%), Exatas e Engenharias (8%) e Humanas e Sociais Aplicadas (26,5%).
O professor ressaltou iniciativas de grande impacto para o município de Juiz de Fora e região, a começar pelo projeto “Campanha de Vacinação Juntos contra a Covid-19”, da Faculdade de Enfermagem (Facenf), responsável pela aplicação de mais de 52 mil doses de vacinas. Além dessas, Silvério elencou, entre outros resultados, a produção de mais de 5 mil máscaras protetoras face shields; mais de três mil quilos de álcool em gel; mais de 48 mil exames realizados em Laboratórios de Diagnóstico Molecular de Covid-19; mais de 13 mil litros de sabonete líquido e cerca de 20 mil barras de sabão; suporte psicológico a profissionais de saúde; e a atuação do grupo de Modelagem Epidemiológica para a Covid-19, apresentando dados constantes sobre a evolução da doença na cidade.
“A pandemia da Covid-19 ainda não acabou, mas a UFJF exerceu e ainda segue cumprindo o seu papel de atender as demandas da sociedade, através de suas ações de ensino, pesquisa e extensão. As diversas iniciativas extensionistas foram fundamentais para o combate à Covid-19 e deram a resposta que nossa sociedade esperava da nossa Universidade”, afirmou Silvério.
Programação extensa
A VI Mostra Ações de Extensão e IV Congresso de Extensão ainda conta com uma série de outras atividades. Nas Faculdades de Direito (Facdir), de Serviço Social (FASS) e de Administração e Ciências Contábeis (Faac), também ocorrem uma série de rodas de conversas. Mais de 100 projetos e programas extensionistas serão apresentados, gerando debates acerca das temáticas “A não presencialidade da ação extensionista e o uso de tecnologias remotas no contexto da pandemia” e “A retomada da presencialidade e a incorporação das metodologias apreendidas durante o distanciamento”.
Outro destaque da programação é o seminário “Curricularização da extensão em movimento”, com a palestra do pró-reitor de extensão e cultura da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), professor Marcos Eduardo Knupp, que ocorre no dia 17, às 19h. Já no dia 18, o evento será encerrado com uma mesa redonda sobre “O papel da UFJF no enfrentamento da Covid-19 em Juiz de Fora”, com as presenças de Ana Livia Coimbra, de Ana Pimentel e da professora da Faculdade de Medicina (Famed) e membro do Comitê de Combate e Enfrentamento da Covid-19 da UFJF, Maria Cristina Vasconcellos.
Por fim, haverá entrega de menção honrosa para as ações extensionistas que atuaram durante o período pandêmico, bem como premiação para os melhores vídeos publicados no canal da Proex no YouTube e que fizeram parte das atividades on-line da Mostra.