A Editora da UFJF acaba de lançar três novos livros. As obras tratam da multiplicidade das sociedades africanas; relações de gênero no ambiente esportivo; e metodologia de pesquisas científicas na área da Saúde. Com as novidades, já são nove obras lançadas este ano. Todas estavam represadas e haviam tido a confecção interrompida por conta da pandemia da Covid-19. As obras estão disponíveis em formato e-book no site da Editora UFJF.
“Acho que é um grito de resistência, mediante um cenário tão complexo, com cortes orçamentários, e, mesmo com tanta dificuldade, a gente consegue fazer ciência e produzir seus resultados a partir dos e-books, de acesso gratuito, disponíveis para toda a comunidade da UFJF e para aqueles que desejarem ter acesso a essas obras”, afirma o diretor da Editora, Ricardo Bezerra Cavalcante.
A previsão é de que 51 obras desenvolvidas a partir dos 14 selos editoriais da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) sejam lançadas até o início de 2023. Os selos são desenvolvidos em parceria com programas de pós-graduação da Universidade.
“Tem sido um trabalho intenso com os selos, em que temos conseguido viabilizar a produção de conhecimento e mostrar os resultados das pesquisas que fazemos nos programas de pós-graduação e que culminam no desenvolvimento desses e-books. Vamos ter uma divulgação de conhecimento de larga escala, amplo e gratuito, para que qualquer pessoa possa baixar e imprimir, destaca Cavalcante.
Áfrikas
“Afrika é a forma como este imenso continente tem sido grafado em muitas línguas africanas (…). A Afrika nos cabe aqui por nos permitir compreender as múltiplas formas de perceber, sentir e vivenciar realidades em um continente múltiplo e diverso, mas que, em muitas vezes, nos é apresentado dentro de uma uniformidade.” Esse é o trecho inicial da apresentação da coletânea de textos “Afrikas: histórias, culturas e educação”, organizada pela professora de História da África, da UFJF, Fernanda Thomaz.
Os artigos são divididos em três partes: Culturas e histórias de um continente; Ensino de História da África, da Cultura Afro-Brasileira e Indígena; e Africanidades: Reflexões nas Américas. A origem da obra está relacionada ao curso de pós-graduação “lato sensu” em História da África Pós-Áfrikas, organizado por Fernanda.
De acordo com a docente, os textos da coletânea foram escritos por professores que lecionaram no projeto, com objetivo de formar e atualizar professores da rede básica de ensino na área de estudos africanos. “Uma das propostas era organizar um livro que fosse escrito pelos professores que participaram do curso”, afirma.
Segundo Fernanda, a escolha da grafia “Afrikas”, com K, da forma como conta em diversas línguas africanas, partiu da vontade de tratar do continente de uma forma mais cuidadosa. “Foi algo decidido coletivamente. No continente africano essa é a forma grafada em várias línguas diferentes. Então, pensamos que simboliza a forma como vários povos representam a África. Essa escolha partiu do interesse de falar do continente de uma forma menos alheia a essas culturas, mas também mais plural.”
Pesquisa científica na área da Saúde
A obra “Metodologia, Modelos e Estatísticas Aplicados à Pesquisa Científica na Área da Saúde” é organizada pelo professor José Antonio Chehuen Neto, chefe do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina (Famed) da UFJF. O objetivo com o livro é facilitar o acompanhamento e a atualização de estudantes e profissionais sobre os temas mais relevantes na área da saúde.
Por meio de uma abordagem didática e abrangente, o leitor tem acesso a uma base conceitual sólida em um contexto de informações nem sempre seguras e muitas vezes complexas, a exemplo das obtidas na Internet. O prefácio do livro foi escrito pelo professor Djalma José Fagundes, do Departamento de Cirurgia da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O docente destaca o potencial de contribuição da coletânea para ajudar alunos da graduação e da pós-graduação em diferentes cursos na redação de um projeto e sua execução, divulgação e publicação dos resultados.
“Os resultados devem ser interpretados sob o prisma do determinismo das probabilidades, expurgando, com certa margem de erro, os desfechos que possam ocorrer por obra do acaso. Na área da Saúde, a constante necessidade de aprimorar o diagnóstico das doenças, identificar seus agentes fisiológicos, seus fatores epidemiológicos, propor novos tratamentos mais eficazes ou eficientes é uma prioridade para a qual estão voltadas as atenções dos centros universitários de pesquisa”, destaca Fagundes.
De acordo com o organizador da coletânea, a necessidade de promover o ensino da pesquisa voltado à prática é percebida pelo professor desde que criou a disciplina de Metodologia Científica para os alunos da graduação em Medicina.
“Notei a necessidade de promover o ensino da pesquisa voltado à prática. Ou seja, com a devida bibliografia disposta aos alunos, nossos discentes passaram a ter uma melhor oportunidade para publicarem seus artigos. Com essa obra, alunos de todo o país terão facilidades para desenvolver projetos, estudar, consultar e evoluir cientificamente”, enumera Chehuen.
Relações de gênero no mundo esportivo
O campo dos Estudos de Gênero no mundo do esporte é tema da coletânea “Pesquisas em Educação Física e Gênero: Desafios e possibilidades nas práticas corporais e experiências profissionais”, organizado pelos professores Ludmila Mourão, João Paulo Fernandes Soares e Ayra Lovisi, do grupo de pesquisa Gênero, Educação Física, Saúde e Sociedade (GEFSS/CNPq).
A temática da obra se insere em um contexto em que as relações de gênero no mundo esportivo ainda são desiguais. Como as práticas esportivas surgiram em contextos históricos e culturais específicos, o que se construiu histórica e culturalmente sobre o sexo feminino, também tem implicações no mundo esportivo. Como aponta a professora aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Silvana Vilodre Goellner, que assinou o prefácio do livro, a produção da obra “reafirma a relevância e a atualidade do tema, visto que contribui para perceber os processos pelos quais a diferença biológica é tomada para explicar desigualdades sociais. Em outras palavras: reafirma a potência do conceito de gênero como ferramenta política para analisar práticas e discursos que produzem corpos e subjetividades”, analisa.
Os artigos da obra foram divididos em dois tópicos: “Gênero nas práticas corporais e esportivas” e “Práticas corporais e experiências educacionais”. “Esta coletânea sobre Educação Física e Gênero inspira-se na inquietação de um grupo de professores e pesquisadores em Educação Física que fizeram a formação continuada no Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGEF) da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) e que abordaram a temática das relações de gênero em suas pesquisas nos últimos anos”, afirma a professora da Faefid e líder do grupo de pesquisa GEFSS, Ludmila Mourão.