Antes de se encontrar com os alunos da Escola Municipal Augusto Gotardelo, os pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juliane Lopes Santos e Gustavo Stroppa, montaram uma estrutura sobre a mesa: de um lado, um viveiro de formigas; do outro, dois recipientes com folhas. Quando as crianças chegaram à biblioteca e viram as formigas, as perguntas começaram: “tia, essa formiga no chão é de vocês?”, “não pode pisar?”, “ela vai ficar na escola depois?”. Motivados pela curiosidade deles – e com a ciência e as formigas como aliadas –, os convidados deram início à conversa com os alunos.
O encontro aconteceu na última segunda-feira, 27, organizado e acompanhado pelo projeto de extensão e divulgação científica “A ciência que fazemos”. Inicialmente, as crianças se reuniram em volta da mesa para acompanhar o experimento que, segundo os pesquisadores, é chamado de “Teste de seleção de folhas”. Os alunos concluíram, após minutos de observação, que as folhas de cor avermelhada deveriam ser mais “saborosas” do que as de cor verde, já que as primeiras pareciam ser a preferência das formigas. Juliane Santos explica que, ao contrário do que pode parecer, as formigas não se alimentam de folhas, mas sim as utilizam para cultivar a verdadeira fonte de alimento delas: os fungos.
Aproveitando a deixa, Stroppa se aproximou das crianças apresentando um segundo pote com outra espécie de formiga, explicando que, dentro dele, havia uma “esponja” (como estava a aparência do fungo), o verdadeiro alimento das formigas. Usando esse mesmo pote como referência, Juliane apresentou às crianças uma das formigas rainhas; o momento gerou comoção entre os alunos, que descobriram que a rainha é mãe das demais formigas operárias. As questões voltaram: “como as formigas ficam grávidas?”. Foi o momento de Santos contar que, diferentemente dos mamíferos, as formigas colocam ovos – função da mãe rainha.
A conversa avança e chega a hora de outro pote: esse trouxe uma espécie mais conhecida, a tanajura. Sua rainha, significativamente maior e menos amigável, foi exibida para os alunos com a ajuda de uma pinça. As crianças se agitaram, envolvidas com a “organização formigável” do encontro, e compartilharam o entusiasmo ao falar sobre os novos conhecimentos adquiridos – como é o caso de Franciely, que afirmou ter aprendido muito com o experimento e a pesquisadora.
O aluno Guilherme, por sua vez, fez questão de contar, ao longo do encontro, que é “muito fã de ciências” e sabia muita coisa sobre formigas. Ainda no início da apresentação, antes mesmo da explicação dos pesquisadores, ele explicou para um colega que estava próximo que as formigas não se alimentam de folhas. Guilherme falou, com alegria, que estava gostando muito da oportunidade de aprender mais. Alessandra, uma aluna mais tímida, compartilhou que o que mais a surpreendeu foi o fato de que a rainha era mãe de todas as demais formigas ali. Disse, ainda, que ficou muito feliz com o encontro e com a possibilidade de interagir com os pesquisadores.
“A abertura que o projeto ‘A ciência que fazemos’ proporciona para pesquisadores e estudantes é ímpar. A troca de saberes acontece fácil e naturalmente. Só dessa forma podemos somar e construir um mundo melhor”, pontuou Juliane Lopes Santos. Entre os presentes no encontro, foi consenso que houve uma experiência rica para todos.
A ciência que fazemos
O projeto de extensão da UFJF “A Ciência que Fazemos” busca promover a cidadania científica e aproximar cientistas da Universidade, bem como o conhecimento que é produzido nela, de alunos da rede pública de ensino. Dentre os objetivos da iniciativa, estão a desconstrução do estereótipo da figura do cientista e reforçar com os alunos que a universidade pública é uma oportunidade para todos e pode fazer parte do futuro deles.