Os profissionais de todo o país que constituem a rede de cuidados à pessoa com deficiência têm agora um novo material para qualificar a sua atuação. O livro ‘Redecin Brasil: o cuidado na Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência nos diferentes Brasis’ apresenta perspectivas sobre o processo de implantação da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD).
O e-book está disponível gratuitamente no site da Editora Rede Unida, sendo resultado de um trabalho colaborativo entre pesquisadores de oito estados brasileiros que, ao longo de cinco anos, desenvolveram o projeto de pesquisa ‘Avaliação da Rede de Cuidados Integral à Pessoa com Deficiência no SUS – Redecin Brasil’. Ele foi aprovado em chamada conjunta (35/2018) entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério da Saúde (MS).
Integrante do grupo de pesquisa, a professora do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da UFJF, Silvia Lanziotti, informa que o principal objetivo do livro é que, a partir dos dados da investigação, gestores, profissionais e pesquisadores ampliem seus conhecimentos sobre a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência. “Ele traz alguns resultados inéditos da pesquisa Redecin Brasil, com perspectivas qualitativas e quantitativas, visão de trabalhadores, as potencialidades e fragilidades em todos os níveis de atenção da RCPD.”
Para identificar as similaridades e diferenças regionais, o edital exigia, já na submissão, representatividade das cinco regiões geográficas brasileiras, o que foi contemplado pelos estados participantes: Amazonas, Paraíba, Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio Grande do Sul.
“Observamos que a implantação da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, em todos os estados, foi deflagrada pela indução financeira do Governo Federal, em 2012. Alguns, como Minas Gerais, tiveram grande protagonismo da gestão estadual, enquanto outros, as macrorregiões de saúde foram mais participativas, como a Paraíba e São Paulo. Os serviços dos Centros Especializados de Reabilitação se concentram em municípios maiores, polos com mais recursos que atendem aos municípios menores da mesma região”, detalha Silvia.
Dividida em três seções, a obra aborda, na primeira parte, uma concepção teórica acerca do tema, assim como resgate histórico, organização da rede e formação de recursos humanos. A segunda seção é dedicada ao projeto Redecin Brasil, desde sua concepção aos resultados alcançados em sua trajetória. Na última seção, é apresentada a visão de pessoas com deficiência sobre o controle social, o cuidado em saúde e o capacitismo, além da saúde da mulher com deficiência.
“Nada sobre nós, sem nós”
O lema defendido pelas pessoas com deficiência – “Nada sobre nós, sem nós” – também serviu de motivação para que fossem ouvidos os principais interessados da RCPD. “Uma vez que acreditamos na importância do controle social e da participação das pessoas com deficiência na construção da rede para si, não poderíamos deixar de incluir a voz delas sobre sua saúde. Não há ninguém melhor para falar sobre a atenção recebida e sensibilizar profissionais, gestores e outros leitores para os ajustes que precisam ser feitos para oferecer um serviço de qualidade”, defende a docente.
Com relação aos desafios atuais da rede de cuidado, Silvia destaca o desfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) em todas as áreas, que inclui o cuidado à pessoa com deficiência, e a redução da indução financeira federal. Ela cita também a falta de incentivo à capacitação dos profissionais para ampliação do uso de ferramentas como o Projeto Terapêutico Singular; a necessidade de ampliação da rede, principalmente no interior dos estados; a criação e uso de indicadores epidemiológicos e da rede para quantificação da demanda; e a garantia da continuidade do cuidado na atenção primária, sobretudo pelo desmonte dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) criados a partir do Programa Previne Brasil.
Pesquisa está alinhada aos ODS da ONU
A UFJF também tem contribuído para o alcance das metas previstas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A pesquisa citada nesta matéria está alinhada ao ODS 10 (Redução das desigualdades).
Confira a lista completa no site da ONU.