Professor William Cruz trabalha com o tema em projetos de pesquisa e agora leva o assunto aos profissionais de educação com o novo livro

“Experimentos mentais: uma nova metodologia para o ensino de Matemática”. Esse é o mais novo livro do professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Willian José da Cruz. Depois de um período de trabalho de quatro anos, a obra será apresentada a professores da educação básica, com o intuito de oferecer a esses profissionais e à comunidade acadêmica processos de experimentação, analogias e criatividade para o desenvolvimento de atividades e/ou conceitos matemáticos em sala de aula.

Segundo Cruz, que é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática, os experimentos mentais no campo da educação matemática são formas que alunos, professores e outros profissionais têm de colocar seus próprios pensamentos como objeto de consideração em uma dada atividade por meio de uma representação. “O sujeito faz experimentos partindo de especulações, analogias e abduções, chegando a certos resultados que podem confirmar suas hipóteses iniciais ou podem mostrar que há a necessidade de uma revisão conceitual.”

Por exemplo, quando usamos os dedos numa soma simples ou pegamos algum objeto para simular a adição ou a formação de um conjunto estamos praticando essa experimentação por meio de representações. “Três laranjas mais quatro bananas dá sete frutas – esse é um exemplo simples. Quando falamos em triângulo, já vem a mente uma representação desse objeto, que, no geral, parece com o triângulo equilátero”, ilustra Cruz sobre esse exercício mental. 

Assim, mesmo que a matemática esteja presente em tantas outras ciências e no dia a dia, o processo de aprendizagem se dá por meio de representações ou signos como na forma de equações, funções, sistemas lineares, vetores, etc. “Por isso, apostamos na semiótica. No nosso entendimento, esta metodologia resgata as experimentações, o uso de metáforas e a criatividade para o ensino de Matemática”, detalha Cruz. A semiótica é, justamente, o estudo desses signos, ou seja, a representação de algo que atribuímos valor, significado e/ou sentido.

O livro está disponível no site da editora Ciência Moderna ou em sites de compras de livros na internet. 

A Matemática é para todos

Cruz conta que foi professor de escolas públicas de educação básica por mais de 20 anos. E que essa experiência no ensino público fez com que ele compreendesse as dificuldades dos professores de terem acesso a materiais, processos e tecnologias didáticas. Ele destaca que a formação continuada é a melhor ferramenta para uma transformação efetiva, principalmente quando se trabalha uma disciplina que culturalmente é considerada difícil, sem sentido e decifrada somente por um número reduzido de alunos “gênios”.

Por isso, um curso está sendo preparado para apresentar a obra aos professores. Em uma segunda fase, alguns professores serão selecionados para retratar como foi a aplicação dos experimentos em sala de aula. “O nosso foco é que os professores possam trabalhar, principalmente no ensino médio, com os chamados itinerários formativos na área da Matemática e suas tecnologias”, comenta Cruz. Ele explica que, devido à mudança na estrutura do ensino médio por conta da Lei 13.417, que altera as Diretrizes e Bases da Educação Nacional e amplia o tempo mínimo na escola, a nova organização curricular possibilita que esses itinerários possam se dar de diferentes modos, como projetos, oficinas, núcleos de estudos.

“Trabalhos como este valorizam ainda mais a importância dos Programas de Pós-Graduação profissionais, como é o caso do Mestrado em Educação Matemática da UFJF, por abrir espaços para professores em serviço, proporcionando possibilidades que precisam ser efetivadas pelos setores públicos que cuidam da educação básica”, finaliza Cruz.