Programas de Residência Médica do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) participaram da reunião final da oficina de capacitação de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) nesta quarta-feira, 20. A ação de orientação teve como foco o enfrentamento às arboviroses de forma interprofissional. As arboviroses são as doenças causadas por arbovírus. Esses vírus são transmitidos por mosquitos. Exemplos de arboviroses são a dengue, a zika e a chicungunha.
As oficinas foram realizadas ao longo de quatro semanas em diferentes espaços cedidos pela PJF e contaram com a coordenação de residentes em saúde dos Programas de Residência Médica em Medicina da Família e Comunidade e Multiprofissional em Saúde da Família e do Adulto, além de funcionários da Secretaria de Saúde de Juiz de Fora, incluindo Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias. Cada oficina foi ministrada a grupos de até vinte ACS, com o objetivo de fomentar a discussão e a reflexão entre os participantes. Os trabalhos foram encerrados com uma oficina de fechamento e avaliação.
A enfermeira Barbara Aparecida Souza Correia, residente Multiprofissional em Saúde da Família, participou da formatação das oficinas e da divisão dos grupos. Para ela, foi uma oportunidade de sair de fazer exposições com metodologias ativas, não se restringindo ao modelo teórico. “No meu grupo, por exemplo, nós fizemos os encontros em roda, levamos casos clínicos para discutir como os ACS que atuam naqueles contextos. Foi uma experiência muito rica”, acredita.
A residente de Medicina da Família e Comunidade Lívia Ramos Lage considerou a participação nas oficinas como “engrandecedora” para a sua formação como futura médica de família e comunidade. “A formação na área requer o compartilhamento de conhecimentos com diversos profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS) e a sensibilização dos usuários quanto à promoção da saúde e prevenção de doenças na comunidade, sendo o enfrentamento a arboviroses uma pauta importante na prevenção de doenças”, afirma. Avaliação semelhante à da também residente de Medicina da Família e Comunidade, Jéssica Machado Nogueira. “A orientação comunitária e a gestão de cuidados primários fazem parte das competências do médico de família e comunidade. Esse projeto de capacitação dos ACS é um exemplo perfeito da aplicação desses conceitos, já que as arboviroses são um problema de saúde pública.”
Residente Multiprofissional em Saúde da Família, a dentista Sara Machado de Amorim avalia que ouvir as experiências dos agentes contribui para o planejamento de novas medidas de saúde pública. “Nós batemos na tecla de que não dá para falar de saúde bucal sem considerar os fatores condicionantes desse processo. Quando entramos na parte de arboviroses e o quanto elas impactam na saúde do município, conseguimos elencar novas condutas e pensar em nosso papel enquanto dentistas”, relata.
Parceria qualifica o SUS
A integração ensino-serviço é um fundamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Na avaliação do professor da Faculdade de Medicina (Famed) e vice-supervisor do Programa de Residência em Medicina da Família e Comunidade do HU, Márcio Alves, a parceria é relevante por este motivo e, ainda, porque as arboviroses seguem a exigir atenção. “No contexto atual, as arboviroses coexistem com as viroses respiratórias, cada qual na sua estação ‘predileta’. As mudanças climáticas produzem uma coincidência temporal que contribui para a letalidade de ambos os tipos de doença”, avalia.
Para o gerente do Departamento de Programas e Ações de Atenção à Saúde (DPAAS) da Prefeitura de Juiz de Fora, João Daniel Neto, a execução dos Programas de Residência na Rede de Atenção à Saúde do Município qualifica e contribui para a ampliação do acesso às ações e cuidados em saúde. “A parceria entre a Secretaria de Saúde de Juiz de Fora e a UFJF é fundamental para a qualificação do SUS. Acreditamos que o modelo de ensino em serviço desenvolvido pelos Programas de Residências em Saúde seja uma importante estratégia para a formação e aprimoramento profissional, tanto para os residentes quanto para os trabalhadores da rede”, destaca.