De acordo com a pesquisa realizada pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética (ISAPS), a procura e a demanda por cirurgias estéticas registraram um aumento considerável em todo o mundo, mesmo durante a pandemia. Para debater sobre esse tema, abrangendo também a imagem corporal e o impacto da internet nesse cenário, o podcast Encontros A3, vinculado à Revista A3 da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), convidou a professora Maria Elisa Caputo Ferreira, líder do Grupo de Pesquisa Corpo e Diversidade, e o professor Marilho Tadeu Dornelas, diretor do Departamento de Cirurgia Plástica da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Juiz de Fora.
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Somente em 2020, o Brasil foi o país em que mais procedimentos cirúrgicos foram realizados na região da face e da cabeça. Entre as mais de 483 mil cirurgias feitas ao longo do ano, as duas mais procuradas foram a de pálpebra (143 mil) e a rinoplastia (87,9 mil). No ranking mundial, o país ficou atrás somente dos Estados Unidos em número total de procedimentos estéticos, tanto cirúrgicos quanto não cirúrgicos, totalizando mais de um milhão (precisamente, 1.306.962).
Mesmo com o fechamento de clínicas devido à Covid-19, profissionais do ramo relatam que a demanda continuou. “Voltamos a observar uma maior procura pelas cirurgias. Esse aumento se dá de maneira mais acentuada com as cirurgias relacionadas à face, muito pela imagem com as mídias sociais e o trabalho à distância”, corrobora Marilho Dornelas. Também no contexto de reclusão por conta da pandemia, as chamadas de vídeo, popularizadas no modelo remoto de trabalho e estudo, geraram grande impacto na maneira como as pessoas veem a própria imagem – vide o “efeito Zoom”, como foi denominado o fenômeno de insatisfação com o próprio rosto devido ao maior tempo gasto em exposição frente às telas.
“O corpo sofre permanentemente a influência do meio em que ele se encontra, então pensar o corpo é entendê-lo imerso em crenças, mitos, valores e padrões. A expectativa que temos em relação ao nosso corpo é influenciada, em especial, pelo momento histórico que vivemos”, pontua Maria Elisa Caputo Ferreira. A professora destaca, ainda, que a busca interminável por um “corpo ideal” pode causar sofrimento: “A chance de uma pessoa se frustrar quando coloca todas as expectativas em um corpo que não é o dela, em um ideal, em um padrão, em uma ideia que é inatingível, é muito grande”.
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