O Observatório da Qualidade no Audiovisual, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCom) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), promove o terceiro encontro dos Seminários de Formação em Literacia Midiática. O evento, on-line, com tema “A literacia publicitária como resistência à apropriação ideológica de causas sociais pelo mercado”, será na próxima quarta-feira, dia 30, às 15h30, e as inscrições já podem ser feitas pelo link.
“Se uma marca se apropria das causas sociais, pode ser vista como uma grande porta-voz dessas minorias e, ao mesmo tempo, ser opressora desses grupos”, Ana Paula Bragaglia.
A convidada desta edição é a professora do curso de Cinema da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Ana Paula Bragaglia. Com pesquisas nas áreas de Indústrias Criativas, Capitalismo e Ética, com destaque para o Cinema e Economia Política da Comunicação e da Cultura, abordando políticas de representação em suas interfaces com os atravessamentos do capital, a convidada vai falar sobre como os anúncios publicitários podem funcionar como “ideologias de consumo”.
Segundo a professora, essas ideologias são “discursos mais ocultos que visam legitimar a hegemonia do capital representado pelas marcas anunciantes”. Ainda de acordo com Ana Paula, esse conteúdo ideológico se faz presente na publicidade comercial com apelo emocional ligado à alguma causa social. A pesquisadora defende que a publicização das ideias e reivindicações de minorias sociais seja feita por esses próprios atores. Ela enxerga riscos na incorporação dessas pautas pela publicidade. “Um dos efeitos pode ser enaltecer um dos opressores das minorias sociais, que muitas vezes são justamente as empresas anunciantes. É preciso atentar para os riscos seja da exploração capitalista, que fere principalmente as minorias como de raça e gênero, seja das possíveis opressões diretas a esses grupos no cotidiano da empresa.
Se uma marca se apropria das causas sociais, pode ser vista como uma grande porta-voz dessas minorias e, ao mesmo tempo, ser opressora desses grupos. Essas marcas podem até acabar ajudando quanto à representatividade de um grupo específico, de forma bem pontual e limitada”, avalia a professora. A base da discussão é um artigo escrito por Ana Paula em 2018, em que a pesquisadora analisa a campanha publicitária “Skol Reposter” (2017), cujo apelo central foi a causa feminista.
As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas até terça, dia 29.
Transmissão: Canal do YouTube do Observatório da Qualidade no Audiovisual
Inscrições: https://bit.ly/3uaSBlM