José Luiz Ribeiro, à direita, em cena de “O Rei da Vela”, em 1982 (Foto: Divulgação)

Há cem anos, em 1922, acontecia a Semana de Arte Moderna no Theatro Municipal de São Paulo. A manifestação coletiva, que visava romper com o academicismo e o tradicionalismo predominantes no país desde o século XIX, para criar, conscientemente, uma arte brasileira autônoma, é considerada o marco inicial do Modernismo no Brasil. Em comemoração ao centenário da Semana, o Forum da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) abriu, na terça-feira, dia 22, a mostra “Celebração Modernista”, que focaliza a produção modernista de dramaturgia.

Os três dias do evento de 1922 reuniram artistas das mais diversas áreas, entre elas, pintura, escultura, arquitetura, música e dança. No entanto, como ressalta o diretor do Grupo Divulgação, José Luiz Ribeiro, o teatro ficou de fora da semana, “mas de certa forma, ele foi representado pela poesia de Manuel Bandeira, ‘Os sapos’, na segunda noite, que foi a mais sugestiva e bagunçada que se conseguiu com vaias e gritos”, pontua o professor.

Mais tarde, com o lançamento do Manifesto Pau-Brasil, que pretendia promover uma literatura vinculada à realidade brasileira, e o Movimento Antropofágico que, na mesma linha, buscava “engolir” as influências estrangeiras e enxergar como era o Brasil dentro delas para desenvolver uma cultura que tivesse a ver com o país, o escritor Oswald de Andrade, responsável pelo Manifesto, escreve, na década de 1930, peças que refletem a Semana de Arte Moderna e as mudanças trazidas por ela. 

Buscando valorizar as origens e as história brasileiras, tendo visão crítica da realidade, além de romper com os paradigmas teatrais burgueses, Oswald de Andrade contribui com o teatro nacional através das peças “O Homem e o Cavalo” (1934), “O Rei da Vela” (1937) e “A Morta” (1937).

A mostra

Em 1972, o teatro do Forum da Cultura foi inaugurado com a peça “A Morta”, de Oswald de Andrade, apresentada pelo Centro de Estudos Teatrais Grupo Divulgação. Mais tarde, quando a Semana de Arte Moderna completou 60 anos, o grupo exibiu o espetáculo “O Rei da Vela” e, posteriormente, “O Homem e o Cavalo”. José Luiz Ribeiro conta que em “Celebração Modernista” será possível conferir registros das históricas apresentações das obras do escritor modernista: “As três peças memoráveis estarão presentes na exposição, através de fotos e levantamentos de como o Modernismo chega ao teatro e como o Divulgação consegue realizar esse resgate.” 

Peça “A morta”, encenada em 1972 (Foto: Divulgação)

A mostra conta com fotos que narram a história do grupo, refletindo sua relação com o Modernismo ao longo de sua trajetória; programas das peças, com informações sobre os espetáculos, datas e horários em que aconteceram, os principais atores e atrizes que compuseram os elencos; além de obras performáticas. “Estamos usando objetos do teatro para realizar a teatralização do projeto ‘Celebração Modernista’, como por exemplo, o sapo feito em papel machê”, conta José Luiz Ribeiro, sobre a obra que resgata a poesia de Manuel Bandeira. 

A exposição está aberta para visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, seguindo até o dia 1º de abril. As visitações são gratuitas e abertas ao público em geral, sendo necessária a apresentação do cartão de vacinação em dia e o uso de máscara no local.

Galeria de Arte 

O espaço, instalado em um local privilegiado no segundo pavimento do Forum da Cultura, abriga produção eclética, com exposições de artes plásticas, documentais e pedagógicas que já chegaram a ter mais de mil visitantes por mostra.

Criada em 1981, no reitorado do professor Márcio Leite Vaz, a Galeria de Arte do Forum da Cultura foi muito utilizada pelas promoções do circuito cultural das Instituições de Ensino Superior (Ifes) mineiras. Importantes nomes da pintura do Estado e da cidade tiveram suas obras expostas no local, que recebe jovens artistas e profissionais já consagrados, assim como coletivos.

Forum da Cultura 

Instalado em um casarão centenário, o Forum da Cultura é o espaço cultural mais antigo da UFJF. Em atividade há cinco décadas, leva à comunidade diversos segmentos de manifestações artísticas, abrindo-se a artistas iniciantes e consagrados para que divulguem seus trabalhos.

Cena da montagem “O homem e o cavalo” (Foto: Divulgação)

Visitação

O retorno das atividades presenciais da UFJF está sendo realizado de maneira monitorada e gradual, visando a preservar a saúde e a vida das pessoas em meio ao contexto da pandemia de Covid-19. Dessa forma, alguns protocolos estritos que permitam a manutenção da segurança para todos os usuários deverão ser seguidos. Para visitação da mostra, será necessário:

  • Apresentação do comprovante de vacinação em dia (pode ser o cartão de vacinação físico ou digital, disponível no App ou site do ConecteSUS), juntamente com o documento de identidade;
  • Uso obrigatório de máscara;
  • Poderá ser feito agendamento prévio por meio eletrônico (e-mail forumdaculturaufjf@gmail.com) e/ou telefone (32) 3215-3850, a fim de evitar filas e/ou aglomerações. Em casos de grupos, o agendamento é necessário;
  • Levar consigo a própria garrafa de água. Será disponibilizado nos bebedouros apenas o sistema de enchimento através de torneiras;
  • Manter o distanciamento físico de, no mínimo, 1 metro;
  • O tempo médio de visitação será de 25 minutos.

As visitas mediadas acontecem de segunda a sexta-feira, com entrada franca, das 10h às 19h.

O Forum da Cultura fica localizado na Rua Santo Antônio 1.112, no Centro da cidade. 

Outras informações: (32) 3215-3850 (Forum da Cultura-UFJF)

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