O Ministério da Educação (MEC) reconheceu o curso de Bacharelado em Administração Pública, ofertado pela Universidade Aberta do Brasil (UAB), em convênio com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Universidade Eduardo Mondlane (UEM), em Moçambique. A ação fecha um ciclo que se iniciou em 2012, quando os estudantes africanos iniciaram a graduação. Já em 2016, a turma, que começou com 90 alunos, teve 71 recebendo o certificado.
O reconhecimento, no último dia 10 de fevereiro de 2022, se deu por meio da Portaria 482, do Secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior. Os alunos da graduação receberam a dupla certificação, considerada um ponto diferencial da oferta em Moçambique, pois o diploma emitido pela UEM é chancelado no Brasil pela UFJF. Dessa forma, tem validade nos dois países, concedendo, assim, a chance aos alunos de exercerem sua profissão onde houver oportunidade. Este modelo foi objeto de pesquisa entre as universidades brasileiras, mas a forma e a sua legalidade foram arquitetadas pela Coordenadoria de Assuntos e Registros Acadêmicos (Cdara) da UFJF.
“Foi importante porque, para Moçambique, conseguimos formar 71 servidores; e para a UFJF, por ser o primeiro e único curso internacional da Universidade” (Marcos Tanure, pró-reitor de Infraestrutura e Gestão da UFJF)
De acordo com o pró-reitor de Infraestrutura e Gestão da UFJF e ex-coordenador do curso, Marcos Tanure, são inúmeros fatores relevantes para que a oferta do curso acontecesse: “Para Moçambique, conseguimos formar 71 servidores das províncias de Maputo, Beira e Lichinga. Para a UFJF, por ser o primeiro e único curso internacional da Universidade”. Ele ressalta que foram muitos desafios e adaptações para as peculiaridades de Moçambique, como, por exemplo, disciplinas específicas para o curso, respeito à cultura moçambicana, e discentes com ênfase na linguagem oral e não escrita, entre outros.
Projeto robusto
Segundo o pró-reitor de Graduação da UFJF, Cassiano Amorim, o curso do Bacharelado em Administração configura uma importante e interessante iniciativa no campo de formação de quadros para o serviço público, considerando a aproximação entre os dois países do eixo sul. “Fez parte de um robusto projeto de parceria entre Brasil e países africanos, em que a UFJF pôde oferecer o curso de Administração Pública a distância, com grande participação e alta taxa de sucesso, verificada pelo número de formandos em Moçambique.”
“Os estudantes participavam em três diferentes polos de Moçambique. Isso exigiu adaptações pedagógicas. Esta experiência trouxe muitos avanços para a educação a distância da Universidade” (Cassiano Amorim, pró-reitor de Graduação da UFJF)
No âmbito da configuração político-pedagógica, a parceria foi considerada um grande desafio para a UFJF, assim como para a UEM, levando em conta que todo o curso foi organizado a partir do Centro de Educação a Distância (Cead) da UFJF, com a participação da universidade do país africano.
“Na época, os estudantes participavam em três diferentes polos de Moçambique. Isso exigiu adaptações pedagógicas que consistiram em iniciativas de muito sucesso na aprendizagem, o que fez com que tivéssemos grande número de formandos com bastante qualidade. Esta experiência trouxe muitos ganhos e avanços para a educação a distância da UFJF”, avalia Amorim.
Experiência humana
Para a coordenadora adjunta da UAB e coordenadora do Projeto de Monitoramento e Avaliação Institucional do Programa UAB/Moçambique, junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, a (Capes), Eliane Borges, foi uma iniciativa muito rica, em que seus frutos estão espalhados nos itinerários dos graduados e na experiência de professores e gestores. “Minha principal preocupação foi com a implantação e desenvolvimento de um projeto inédito e pioneiro, e com as diferenças culturais envolvidas. A experiência é extremamente marcante e, basicamente, humana.”
“A experiência é extremamente marcante e humana. Fica o sonho de termos mais projetos formativos internacionais compartilhados” (Eliane Borges, coordenadora adjunta da UAB)
Eliane ainda destaca o esforço dos alunos: “A despeito das enormes dificuldades, houveram pouquíssimas desistências. Fica o sonho de termos mais projetos formativos internacionais compartilhados, cada um trazendo o melhor de si e de sua cultura.”
O curso
O projeto pedagógico foi construído coletivamente entre as duas universidades, UFJF e UEM, a partir de várias missões internacionais. A configuração pedagógica foi baseada no curso de Administração Pública a distância do Programa Nacional de Formação de Administradores Públicos (PNAP/UAB) e do curso de Licenciatura em Administração Pública presencial da UEM.
As aulas foram ministradas por docentes da UFJF e da UEM. A produção de material didático para as disciplinas é de autoria de professores brasileiros e moçambicanos, com coordenação e supervisão da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFJF.
O curso teve duração aproximada de quatro anos e meio. O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) utilizado foi o Moodle. O software foi instalado nos servidores da UEM, em Moçambique, e gerenciado pela Coordenação de Tecnologia do Cead da UFJF.