A sobrecarga de profissionais de saúde ao longo dos últimos dois anos evidenciou um cenário que já se anunciava antes da pandemia de Covid-19: as dificuldades para alimentar e atualizar o Sistema Único de Saúde (SUS) com informações sobre a população de determinado município ou região. Esses entraves prejudicam desde a compreensão do perfil da população da cidade, até o próprio repasse de recursos financeiros para subsidiar ações de saúde em Juiz de Fora.
A fim de compreender quais são essas dificuldades e, consequentemente, otimizar esse percurso para o bem estar de todos, pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) conduzem um estudo voltado para Agentes Comunitários de Saúde (ACS) do município. Para participar, os agentes devem preencher um breve questionário, disponível on-line, ou entrar em contato com os pesquisadores por meio do e-mail oficial do projeto. Também é possível acessar o questionário através do QR Code presente nesta matéria.
De acordo com a coordenadora do projeto, Danielle Teles da Cruz, a pesquisa surgiu a partir de um projeto de extensão, realizado em 2020, dedicado a reunir dados gerenciais para enfrentamento da Covid-19 por meio da alimentação do e-SUS APS – trata-se de um sistema público cujo objetivo é atender as necessidades de modernização do cuidado em saúde nas unidades de Atenção Primária à Saúde (APS). Por meio dele, é possível registrar e organizar informações para profissionais de saúde, em formato de prontuário eletrônico e de Coleta de Dados Simplificada, além de monitorar e avaliar as ações de saúde na região.
Impacto direto nos recursos financeiros destinados à saúde
“Juiz de Fora não conta com 100% de cobertura de um sistema informatizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Assim, as informações são coletadas manualmente em documentos físicos para, posteriormente, serem digitadas”, explica Danielle Teles. “A sobrecarga dos profissionais pela pressão exercida sobre os serviços de saúde, atrelada à redução da força de trabalho, aumentou a defasagem no quantitativo de fichas de cadastro individual e domiciliar e territorial de UBS no e-SUS APS.”
“Resumidamente, se o indivíduo não é cadastrado, o município não recebe o repasse financeiro. Assim, é importante que os Agentes Comunitários de Saúde estejam cientes disso”
Os pesquisadores ainda frisam que a defasagem na alimentação de dados do e-SUS prejudica, diretamente, no repasse e na distribuição de recursos financeiros destinados à saúde. “Temos a Portaria nº 2.979/2019, que determina nova forma de financiamento da Atenção Primária à Saúde, com alteração do critério de transferência de recursos federais para os municípios de forma a considerar o número de usuários cadastrados (captação ponderada), o cumprimento de indicadores de saúde (desempenho das unidades básicas de saúde) e incentivos a ações específicas e estratégias. Assim, a adequada alimentação do sistema de informação que já era importante para o planejamento em saúde, assume centralidade e imprescindibilidade para a garantia do financiamento.”
“Ou seja, de forma muito resumida, se o indivíduo não é cadastrado, o município não recebe o repasse financeiro. Assim, é importante que a população e também os Agentes Comunitários de Saúde (que são os principais responsáveis por esse cadastro) estejam cientes dessa nova forma de financiamento. A correção de pequenos problemas precisa acontecer”, complementam.
Agentes Comunitários de Saúde estão convocados a participar da pesquisa
Para fortalecer a Atenção Primária em Saúde em Juiz de Fora, os pesquisadores convocam todos os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da cidade para participar do estudo. As únicas exceções, de acordo com a equipe, são “aqueles que por ventura estejam atuando em cargos exclusivamente administrativos, sem manuseio com o e-SUS APS e daqueles que estejam de afastamento das atividades laborais durante todo o período de coleta de dados (dezembro de 2021 a fevereiro de 2022)”.
Para participar da pesquisa, basta acessar o formulário disponível on-line (ou pelo QR code presente no início desta matéria) ou entrar em contato com os pesquisadores por meio do e-mail oficial do projeto. “Pensando em alcançar os objetivos da pesquisa, construímos um questionário que conta com perguntas relacionadas ao perfil socioeconômico dos ACS, formação profissional, atuação profissional, processo de trabalho e uso do e-SUS APS na UBS. Estas informações são essenciais para que possamos compreender melhor os entraves de utilização do sistema citado e pensar estratégias em conjunto com a secretaria de saúde para otimizar o seu uso.”
Selo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Como estratégia de fortalecimento das ações científicas da Universidade, a Coordenação de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional, em parceria com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (Propp), criou um selo para indicar que as pesquisas estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Os ODS são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. A pesquisa citada nesta matéria está alinhada com os ODS 3 (Saúde e Bem-Estar) e 10 (Redução das desigualdades). Confira a lista completa no site oficial da ONU.
Outras informações:
E-mail do projeto: usoesusaps@gmail.com
Formulário para participar da pesquisa