Mesmo com as quedas graduais nos números de casos e óbitos por Covid-19 no país, o cenário como um todo ainda requer cautela. É o que aponta a quadragésima primeira edição do boletim informativo da plataforma JF Salvando Todos. O documento, que é desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora, foi lançado nesta quinta-feira, 24 de novembro.
Para Marcel Vieira, coordenador da plataforma e professor do departamento de Estatística do ICE, os indicadores que trazem algum otimismo se referem ao avanço da vacinação no Brasil, mas de modo especial em Juiz de Fora, que vem apresentando uma taxa de cobertura mais elevada em relação ao país. Entretanto, o documento ressalta a necessidade de manter cuidados, diante do número ainda considerável de casos e óbitos no município e no país.
“Apesar de os indicadores nos trazerem algum otimismo, é preocupante o grande aumento no número de casos na Europa e nos Estados Unidos, que também podem levar ao aumento do número de vidas perdidas nestes países. A cautela também se dá por conta das festas de final de ano que se aproximam e também pelo período de férias e carnaval”, aponta o pesquisador.
Dados epidemiológicos do boletim
Até o dia 22 de novembro, foram confirmados 47.835 casos de Covid-19 em Juiz de Fora, com 2.056 vidas perdidas em decorrência de complicações geradas pela doença. Estes números representam um aumento, respectivamente, de 1,0% e 0,9% em relação aos dados do dia 08 de novembro. Portanto, na 46ª semana epidemiológica (14 a 20 de novembro) foram registrados 238 novos casos e 4 óbitos – um aumento de 3,5% no número de casos e uma redução de 75% no número de mortes em relação à 45ª semana epidemiológica (7 a 13 de novembro).
Ainda na 46ª semana epidemiológica, o nível de transmissão da doença na cidade continuou como “moderado” diante da classificação disponibilizada pelo CDC norte-americano, assim como registrado na última edição do documento, disponibilizada em 10 de novembro. Diante da média móvel de casos confirmados no município, houve uma redução de 9,1% no período de duas semanas – evoluindo de 52,9 casos, no dia 08 de novembro, para 48,1 casos no dia 22 de novembro.
Entre os dias 09 e 22 de novembro, o Número de Reprodução Efetivo (Rt) estimado para o município esteve igual ou acima de 1 por 5 dias, com o valor máximo de 1,64 no dia 10 de novembro. Vieira explica que este é um dos indicadores que indicam cautela: “Tendo em vista que o índice de Rt ainda não ficou abaixo de 1 por um período de 14 dias, como seria indicado para o controle da pandemia, ainda é necessário prestar atenção neste e em outros números em Juiz de Fora e no Brasil”, aponta.
Cerca de 70% da população vacinada e diminuição das hospitalizações
O boletim também aponta para o avanço da vacinação no município. Até o dia 23 de novembro, foram aplicadas 913.127 doses em Juiz de Fora, sendo 446.445 primeiras doses, 387.857 segundas doses, 63.930 terceiras doses e 14.895 doses únicas. Diante da projeção da população do município pelo IBGE para 2021, é estimado que 77,3% da população recebeu a primeira dose, 69,7% receberam as duas doses ou a vacina de dose única e 11,1% receberam a dose de reforço – métricas que são superiores à média nacional encontrada no Brasil como um todo.
Já no dia 09 de novembro, a cidade tinha 92 pessoas hospitalizadas pela Covid-19, com 43 leitos de UTI dedicados à doença ocupados. Estes números evoluíram para 95 pessoas hospitalizadas e 25 leitos de cuidados intensivos dedicados ocupados no dia 23 de novembro, configurando assim um aumento de 3,3% e uma redução de 41,9%, respectivamente, nas hospitalizações e internações em cuidados intensivos. Desta forma, Vieira avalia positivamente o cenário certamente influenciado pela eficácia das atuais vacinas.
“A queda do número de leitos de UTI ocupados por pacientes com Covid-19 é uma das maneiras de perceber que as vacinas estão sendo de fato eficazes na prevenção de casos graves. Constatamos isso ao acompanhar o número de hospitalizações e de internações em leitos intensivos ao longo do tempo. Entretanto, o número de vidas perdidas precisa continuar reduzindo para que fiquemos ainda mais otimistas”, aponta o pesquisador.