Nesta sexta-feira, dia 1º de outubro, é celebrado o Dia do Idoso. A data foi instituída mundialmente no ano de 1991, pela Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, foi criada em 2003, quando da entrada em vigor da Lei 10.741/03, conhecida como o “Estatuto do Idoso”. O objetivo de ambas as ações é reforçar e valorizar as contribuições e os direitos desse grupo social, composto por todas as pessoas com mais de 60 anos de idade.

Além disso, conforme ressalta a professora da Faculdade de Serviço Social e coordenadora do programa de extensão “Polo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre o Processo de Envelhecimento” da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Estela Saléh da Cunha, o Dia do Idoso nos estimula a refletir sobre como a nossa sociedade se relaciona com o processo de envelhecimento e a velhice.

“Precisamos compreender que a velhice é uma construção social. Portanto, nós somos seres humanos, vamos vivendo e passando por um processo de envelhecimento. A forma como nos relacionamos com o mundo no qual estamos inseridos é a forma que define a nossa velhice, o nosso processo de envelhecimento e a nossa velhice. Todos os desgastes que nós, enquanto sujeitos, vamos sofrendo ao longo desse processo são resultantes e resultado da forma como essa sociedade se organiza”, pontua a docente.

Etarismo e impacto na vida dos idosos

Nos anos de 1960, o médico norte-americano Robert Butler cunhou o termo “etarismo” ou “ageismo” para definir uma forma de intolerância relacionada às pessoas idosas, com conotações semelhantes ao racismo e ao sexismo. De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, essa discriminação impacta consideravelmente a vida das pessoas, podendo levá-las ao isolamento social, à depressão e ao descuido com a própria saúde.

Na avaliação da professora Estela Saléh, o etarismo está estreitamente relacionado à exigência permanente por produtividade na sociedade capitalista. “A forma como a sociedade se organiza para a valorização do capital, desvaloriza o homem, a humanidade dos sujeitos. Nesta sociedade, a velhice é uma etapa da vida sem um valor. Uma etapa que não permite mais essa produção exacerbada de capital. Portanto, nesta sociedade o idoso pode ser descartado e não tem valor.”

Nesse sentido, alerta a professora, a superação dessa discriminação exige-nos refletir sobre as relações entre os sujeitos sociais e, do mesmo modo, as relações dos sujeitos com o mundo material. “Pensar na valorização da velhice na nossa sociedade significa repensar todas as formas de relações que estabelecemos. A sociedade capitalista altera as relações entre os sujeitos. O que é valorizado ou desvalorizado a partir da lógica da produção de capital?”, questiona Saléh.

Polo sobre o Processo de Envelhecimento: 31 anos de atividades  

Com o objetivo de combater o processo de exclusão ao qual, frequentemente, estão expostas as pessoas idosas, a Universidade Federal de Juiz de Fora desenvolve diversas iniciativas, dentre as quais o programa de extensão “Polo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre o Processo de Envelhecimento”, que completa neste mês 31 anos de atividade.

A iniciativa, vinculada à Faculdade de Serviço Social, procura contribuir para a vivência consciente do processo de envelhecimento, através de ações extensionistas socioeducativas e de projetos que envolvem inúmeros segmentos da sociedade. Além disso, colabora também para a formação de graduandos e estabelece parcerias com as redes local e regional, no sentido de compartilhar conhecimentos e aprimorar ações e políticas públicas na área.

“O programa de extensão, desenvolvido pela Faculdade de Serviço Social nessas mais de três décadas, revela uma grande preocupação em acompanhar os debates em torno do processo de envelhecimento. O Polo Interdisciplinar permite que os estudantes tenham uma formação baseada nas necessidades sociais que ao longo da história são colocadas para essa faixa geracional, ao mesmo tempo em que fortalece a relação com a comunidade, por meio da valorização de todas as etapas da vida de uma pessoa”, ressalta a pró-reitora de Extensão da UFJF, Ana Lívia Coimbra.

A coordenadora do programa extensionista acrescenta que a iniciativa enfatiza a possibilidade de não exclusão dos sujeitos idosos das relações sociais mais amplas. “A intenção é possibilitar que esses idosos sejam reconhecidos ou buscar espaços de reconhecimento desses sujeitos. Essas atividades não estão vinculadas à produção de mercadorias, ao consumo de produtos e bens materiais e/ou culturais, mas numa perspectiva de reconhecimento desses enquanto sujeitos do tempo presente”, destaca Estela Saléh.

Durante esses mais de 30 anos, o “Polo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre o Processo de Envelhecimento” da UFJF já atendeu cerca de sete mil pessoas, envolvendo em média 20 bolsistas graduandos por ano, que colaboram no desenvolvimento de atividades como o curso de idiomas, oferecido em Espanhol, Francês, Inglês e Italiano; e o projeto “Memória e Qualidade de Vida”, que busca estimular e aprimorar o desempenho da memória a partir da valorização das lembranças e experiências dos participantes.

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