Diante da confirmação da transmissão comunitária da variante Delta e mesmo com o nível de transmissão da Covid-19 em queda no município de Juiz de Fora, registrou-se um aumento no número de óbitos pela doença em relação à 33ª semana epidemiológica. É o que aponta a trigésima quinta edição do boletim informativo da plataforma JF Salvando Todos, publicado no dia 1º de setembro.
Conforme os dados publicados no documento, na 34ª semana epidemiológica (22 a 28 de agosto), o município registrou 369 novos casos e 17 vidas perdidas, configurando uma redução de 22,3% no número de casos e um aumento de 41,7% no número de registros de óbitos, em relação à 33ª semana epidemiológica (15 a 21 de agosto). Marcel Vieira, um dos pesquisadores responsáveis pela elaboração do boletim, explica que “quedas ou aumentos dos números de casos levam algumas semanas para serem refletidos no número de vidas perdidas, por conta do processo natural de evolução da doença”.
Já a média móvel de casos novos nos últimos sete dias na cidade teve uma redução de 42,2% quando comparada ao período de 14 dias atrás, com o registro de 95,7 casos em 16 de agosto para 55,3 casos em 30 de agosto. Entretanto, a média móvel do número de casos suspeitos passou de 135,4 casos por dia, no dia 16 de agosto, para 159,9 casos por dia no dia 30 de agosto, levando a aumento de 18,1% no período destacado.
O boletim também demonstra que a média móvel para o número de óbitos diários evoluiu de 1,4 óbitos por dia, no dia 16 de agosto, para 2,0 óbitos por dia no dia 30 de agosto, configurando um aumento de 42,9%. Vieira avalia que é necessário continuar atento a variação desses indicadores ao longo das próximas semanas, sobretudo em um cenário da circulação da nova variante e numa população com cobertura vacinal de duas doses das vacinas ainda baixa.
Taxa de positividade no município e nível de transmissão elevados
Como novidade da trigésima quinta edição do boletim, foi incorporada a análise da taxa de positividade dos testes de Covid-19 realizados no município. O documento explica que, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, um dos métodos mais eficazes de monitorar uma epidemia é analisando a proporção de notificações positivas no tempo. De acordo com dados da Prefeitura de Juiz de Fora, a taxa de positividade era de 19% em 23 de agosto e 23% em 30 de agosto, indicando um aumento de 4 pontos percentuais no período.
De acordo com a OMS, uma taxa de positividade inferior a 5% é um indicador de que a epidemia está sob controle, algo que não é verificado no município. Diante da confirmação da transmissão comunitária da variante delta na cidade, Vieira comenta que novos aumentos da taxa de positividade poderão servir como sinal de alerta. “Precisaremos acompanhar este indicador nas próximas semanas para verificar possíveis efeitos da circulação comunitária da variante delta no município”, completa.
A partir do critério estabelecido pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças norte-americano (CDC), pode-se inferir que o nível de transmissão no município foi classificado como “elevado” na 34ª semana epidemiológica, com o registro de 64,4 casos por 100 mil habitantes. Uma redução, quando comparada à 32ª semana epidemiológica, que tinha o nível caracterizado como “elevadíssimo”, com 112,9 casos registrados por 100 mil habitantes.
Queda no número de leitos ocupados e desaceleração da vacinação
Nos dias 3 e 17 de agosto, município tinha, respectivamente, de 75 e 66 leitos de UTI para adultos dedicados à Covid-19 ocupados. No dia 31 de agosto, passou para 57 pacientes internados em cuidados intensivos. Houve, portanto uma redução na taxa de ocupação geral das UTIs, passando de 64,4% no dia 17 de agosto, para 60,0% no último dia de agosto.
Diante dos dados da vacinação na cidade, o boletim aponta uma redução no ritmo de aplicação das doses. Até o dia 31 de agosto, haviam sido aplicadas 596.481 doses das vacinas em Juiz de Fora, sendo 395.285 primeiras doses, 186.485 segundas doses e 14.711 de doses únicas. Desta forma, 68,4% da população do município recebeu a primeira dose e 34,8% receberam as duas doses ou a vacina de dose única.
Entretanto, houve uma redução na média móvel do número de primeiras e segundas doses aplicadas. No dia 31 de agosto, a média de primeiras doses aplicadas era de 1952,1; e de segundas doses, 1817,9. Já no dia 17 de agosto, o número era de 2.686,1 primeiras doses e 1437,9 segundas doses aplicadas. Para Vieira, “o quanto antes tivermos cobertura vacinal com duas doses da maior parte da população será melhor para o controle da pandemia. Por isso, é importante continuarmos avançando com a vacinação em um bom ritmo e buscando cumprir o cronograma.”, complementa.