Nesta quinta-feira, 19, é celebrado o “Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua”. A data marca as reivindicações desse grupo social por direitos e cidadania. E nos recorda o episódio nomeado “Massacre da Sé”, quando, nesse mesmo dia no ano de 2004, na Praça da Sé, na região central da capital paulista, sete pessoas foram assassinadas e oito ficaram gravemente feridas, enquanto dormiam em via pública.
O professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e coordenador do “Projeto de Extensão Interdisciplinar Encontro”, André Luiz de Oliveira, alerta sobre o crescimento em todo o país do quantitativo de brasileiras e brasileiros vivendo nessa complexa situação de vulnerabilidade.
“O número de pessoas que vivem em situação de rua vem aumentando a cada ano. Em Juiz de Fora, no ano de 2017, foi constatado que 880 pessoas viviam em situação de rua. Entre os meses de janeiro e maio deste ano, esse número subiu para 1300 pessoas que buscaram por assistência nos equipamentos públicos do município”, destaca o docente.
“Projeto de Extensão Interdisciplinar Encontro”
O “Projeto de Extensão Interdisciplinar Encontro”, sob coordenação de Oliveira, tem por objetivo a garantia de direitos e o fortalecimento da rede de assistência à população em situação de rua. Para tanto, reúne docentes da UFJF de diferentes áreas do conhecimento: Juliana Maddalena Trifilio Dias, da Faculdade de Educação; Alexandre Arbia e Viviane Pereira, da Faculdade de Serviço Social; Telmo Mota Ronzani, da Faculdade de Psicologia; Danielle Teles da Cruz, da Faculdade de Medicina; Bruno Stigert, da Faculdade de Direito; e a jornalista do quadro técnico-administrativo em educação, Bárbara Duque.
Dentro dessa iniciativa, está a elaboração de um aplicativo, baseado em interação por redes sociais, que começou a ser desenvolvido em 2018, também sob coordenação de Oliveira, no projeto de extensão Pró-Inclusão. O propósito do uso da tecnologia é conectar pessoas que vivem em situação de rua, com o seu devido consentimento, a pessoas e organizações do Poder Público e não-governamentais, dispostas e engajadas na provisão dos mais diversos serviços de assistência.
“O usuário deverá criar uma conta no aplicativo e também poderá acessar o dispositivo com a sua conta/perfil de rede social. A princípio, além da criação da conta no próprio aplicativo, pretendemos disponibilizar o acesso por meio de contas do Facebook, Google e Twitter”, destaca Oliveira.
A previsão de lançamento da primeira versão do aplicativo – com as funcionalidades básicas de cadastro de usuários, registro de dados de pessoas em situação de rua, registro e gerenciamento de ofertas e solicitações de ajuda – é de seis meses. “No momento, a versão protótipo está passando por manutenção e testes, para garantir que o aplicativo seja de fácil utilização por qualquer pessoa, tenha alto desempenho e proporcione uma boa experiência aos seus usuários”, explica o docente. Para quem quiser mais informações sobre o projeto pode entrar em contato por e-mail: encontropoprua@gmail.com ou seguindo o Instagram do Projeto.
“A Rua é Nóiz”
No campus da avançado da UFJF, em Governador Valadares, o projeto de extensão “A Rua é Noiz”, sob a coordenação do professor da Faculdade de Medicina, João Paulo Moreira Rigueira, também tem como público-alvo a população em situação de rua. Em parceria com o poder público e com organizações não-governamentais, a iniciativa pretende colaborar para a redução de danos no uso de drogas lícitas e ilícitas; o direito à cidade; e a saúde reprodutiva e sexual desse grupo social.
“Temos debatido virtualmente com pessoas e entidades de diversos locais, como a Pastoral Nacional do Povo de Rua; os projetos relacionados da Universidade Federal de Minas Gerais, em especial, o Programa Polos de Cidadania; a Pontifícia Universidade Católica de Minas, por meio do ‘Projeto Klínica’; além da Escola Livre de Redução de Danos, de Pernambuco; dentre outros”, pontua Rigueira.
O professor ressalta a importância das ações extensionistas. “A Universidade por meio da extensão não só alimenta a sociedade, ao devolver de forma bastante palpável todo o investimento que é feito, mas também é alimentada e revigorada pela sociedade, criando um vínculo precioso que nos leva à autoavaliação e autocrítica, colocando-nos diante, o tempo todo, da responsabilidade de ser útil à sociedade e de ajudar a edificá-la dentro dos valores do direito à vida digna, à liberdade e à igualdade”, conclui.
Ensino, pesquisa e demandas da sociedade articulados
A pró-reitora de Extensão da UFJF, Ana Lívia Coimbra, salienta que a Universidade está atenta às demandas da sociedade, tendo elaborado, no ano de 2020, um edital específico para atendimento à população em situação de rua nos municípios de Juiz de Fora e Governador Valadares. “Esses dois projetos, estimulados em sua criação e apoiados institucionalmente, passaram a ser desenvolvidos articulando diferentes unidades acadêmicas dos dois campi. Com isso, têm-se a formação dos estudantes de forma interdisciplinar, dialogada e, principalmente, a UFJF contribui para o fortalecimento de direitos e reforça a luta da população em situação de rua.”
A pró-reitora acrescenta que trata-se de uma iniciativa piloto. “Os projetos estão sendo acompanhados bem de perto para que vejamos quais são as necessidades e os desafios que precisamos superar. A ideia é formularmos outros editais com características semelhantes, para atendimento a outros grupos sociais”, conclui.
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