O tema “Desindustrialização do Brasil” foi debatido no painel desta terça, 20, da 73ª Reunião Anual da SBPC na UFJF. O encontro virtual foi coordenado por Ignacio Delgado, professor da UFJF e atual Secretário de Desenvolvimento da Prefeitura de Juiz de Fora. Participaram também do debate: Renato Fonseca (CNI), Helena Lastres (UFRJ) e Clemente Ganz Lúcio (Centrais Sindicais).  

Fonseca, Superintendente de Economia da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), demonstrou os impactos das transformações na estrutura industrial do país nas últimas décadas. Diante do índice de Herfindahl, percebe-se que o Brasil tem um alto nível de diversificação da indústria. Ainda que a taxa de concentração tenha aumentado na última década, este é um fator que compromete o pleno desenvolvimento do setor. Para que isto aconteça, o economista reforça que é primordial diminuir o “Custo Brasil”, assim como o governo também deve redirecionar suas prioridades diante do “teto de gastos”.

Ganz abordou em sua fala a questão da indústria numa perspectiva social, tendo em vista a existência de uma grande lacuna entre a produtividade de empresas pequenas, médias e grandes. De acordo com o professor, esse fator implica diretamente na questão da empregabilidade da população, e é algo que pode ser corrigido através de políticas públicas e sociais.

Helena defendeu uma mudança na maneira de se pensar o desenvolvimento nacional, algo que teve sua necessidade escancarada pelas consequências da pandemia. Desta forma, a transformação da base produtiva deve ocorrer sobre a perspectiva de um Estado que irradie e suporte seus investimentos.

No debate final, foi abordada a questão do teto de gastos na atual perspectiva da pandemia no país. Fonseca defende o instrumento como uma maneira de diminuir o endividamento público e o consequente aumento de juros. Para a professora, a realização de políticas públicas no momento atual é mais que necessária, sendo que a preocupação com o orçamento deve ser secundária. Da mesma maneira, o representante das centrais sindicais vê a situação como um processo imposto ao país na última crise, ao mesmo tempo em que retira a autonomia da reorganização orçamentária em momentos de crise, como a atual pandemia.