O secretário do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e atual responsável pela área de Ciência, Tecnologia, Inovação e Cooperação Técnica na Embaixada do Brasil em Berlim, na Alemanha, Pedro Ivo ferraz da Silva, o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), Amâncio Jorge Silva Nunes de Oliveira, e a professora do Departamento de Química da Universidade de São Carlos (Ufscar), a paquistanesa Almas Taj Awan, foram os convidados da mesa-redonda “Diplomacia da Inovação: Oportunidades para o Brasil”, na manhã desta segunda-feira, 19. O evento integra a 73ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada, via on-line, em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
A mesa foi conduzida pelo diretor do Instituto de Ciências Avançadas da USP, Guilherme Ary Plonski. Abrindo o debate, Oliveira destacou algumas consequências do cenário pandêmico para a política industrial e a diplomacia científica e da inovação. Segundo ele, um possível desdobramento é o “fortalecimento da agenda multilateral e da ideia de bem público global e, portanto, uma noção de cooperação internacional mais clara” ou, ao contrário, “um refluxo muito severo de nacionalismo, na medida em que os países começaram a perceber que dependência internacional é um problema sério”. Ele dimensionou as questões analisadas com gráficos.
Desenvolvimento x desigualdade social
Em seguida, Silva também utilizou um gráfico, que leva ao Índice Global de Inovação, ressaltando que países como China, Vietnã e Quênia estão num nível de inovação semelhante aos de maior renda per capita e que, portanto, darão grandes saltos de desenvolvimento. Por outro lado, analisou países de renda maior, como Qatar e Kuwait, que dependem de seus recursos naturais e apresentam grandes taxas de desigualdade social e má distribuição de renda, índices que atrapalham o desenvolvimento. O secretário ressaltou que as maiores empresas de tecnologia espalhadas pelo mundo são dependentes de conhecimentos e recursos físicos de outros países, destacando o papel das relações internacionais para o avanço de projetos de inovação.
Por fim, Almas Taj contou sobre suas experiências acadêmicas, que são internacionais, levando uma visão ligada à diplomacia científica para a mesa. Almas já participou e foi precursora de inúmeros projetos de educação e inovação ao redor do mundo, especialmente na Ásia. Com seu forte currículo como cientista química ligado à internacionalização, a convidada deu recomendações sobre como seguir uma carreira em diplomacia da inovação, como “identificar verbas e oportunidades” e “trabalhar com o desenvolvimento de produtos tangíveis e entregáveis”.
Após as conferências, os participantes debateram estratégias e responderam questões dos internautas. O vídeo da mesa-redonda pode ser assistido na íntegra.
O evento segue até sábado, 24, com a programação transmitida pelo canal da SBPC e pelos canais da UFJF no Youtube, entre eles o do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt).