Durante os primeiros nove meses da pandemia, período entre março e dezembro de 2020, inúmeras ações universitárias foram impactadas pela crise sanitária, causada pela Covid-19. Entretanto, mesmo com a suspensão das atividades presenciais, as instituições de ensino superior conseguiram se aproximar das comunidades, próximas ao espaço onde estão inseridas, por meio de 29.451 projetos de extensão. O dado faz parte da pesquisa “Conhecimento e Cidadania: Ações de Enfrentamento da Covid-19 realizadas pelas Ifes (2020)“, desenvolvida pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
No mesmo período em que as 65 universidades federais brasileiras, componentes da Andifes, realizaram mais de 29 mil ações extensionistas, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) desenvolveu 640 programas e projetos de extensão. Entre eles, 102 são direcionados ao tema Covid-19, e as demais 548 iniciativas englobando as áreas de Comunicação, Cultura, Direitos Humanos e Justiça, Educação, Meio Ambiente, Saúde, Tecnologia e Produção e Trabalho.
Os indicadores apontam que o número de ações realizadas pela UFJF está acima das médias regional e nacional. Se consideradas as atividades realizadas apenas pelas 21 universidades federais do sudeste do país, a média seria um total de cerca de 535 projetos e programas por instituição. Já em nível nacional, a Universidade fica ainda mais a frente, pois a média seria de aproximadamente 454 iniciativas por instituição de ensino e, se consideradas apenas as 48 que responderam ao levantamento, o total equivaleria a 615 ações por cada Ifes.
“Diante da pandemia, na qual se recomenda o distanciamento social, nossa comunidade extensionista teve o desafio de se adaptar a essa nova realidade, utilizando novas metodologias e tecnologias para se fazer presente junto aos beneficiários atendidos tanto no campus de Juiz de Fora, quanto no campus avançado de Governador Valadares”, destacou a pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra.
Enfrentamento da Covid
As 102 ações com foco no enfrentamento da Covid-19 aconteceram nos dois campi, sendo 83 no campus Juiz de Fora e 19 em Governador Valadares. Neste período, foram produzidos 5.553 litros de álcool em gel 70º, 43.250 protetores faciais (faceshield) e 9.500 máscaras. “O material produzido pela UFJF foi utilizado tanto pela própria instituição, como também foi doado a órgãos públicos parceiros, principalmente da área de saúde, e a pessoas em situação de vulnerabilidade social”, esclarece a pró-reitora de Extensão.
Ana Lívia também também destaca a campanha de vacinação no campus de Juiz de Fora, por meio da modalidade drive-thru; a realização de diagnóstico molecular de Covid-19, por meio de exames RT-PCR, promovida nos laboratórios da Faculdade de Farmácia e do Instituto de Ciências Biológicas (ICB); a atividade de suporte psicológico a profissionais de saúde durante a pandemia; a ação de orientação à população referente à solicitação do benefício assistencial emergencial; bem como oficinas de análise de notícias junto à população, para evitar a disseminação de fake news.
“Ações no campo da saúde foram executadas de forma direta, mas também houve atividades no campo de apoio psicológico e de suporte à população como, por exemplo, na solicitação do auxílio emergencial e por meio de atividades culturais realizadas, via internet. A preocupação da universidade foi trabalhar no enfrentamento direto da pandemia, bem como auxiliando a saúde mental e estimulando a convivência, ainda que virtual das pessoas”, resumiu.
29.350 exames nos laboratórios da UFJF
O professor da Faculdade de Farmácia, Marcelo Silva Silvério, atua no Laboratório de Diagnóstico da Covid e na Produção de Álcool em Gel na Farmácia Universitária. Além dessas iniciativas com foco na pandemia, Silvério também coordena o programa de extensão na Farmácia Universitária, em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).
A UFJF, em parceria com o executivo municipal, está responsável pela realização dos exames de Covid-19 oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS) dos municípios das regionais de saúde de Juiz de Fora, Leopoldina e Ubá. No total já foram realizados 29.350 exames nos laboratórios da Universidade.
Silvério explica que foi preciso adaptar as estruturas destinadas para pesquisa em laboratórios que pudessem servir a comunidade, por meio da extensão universitária. “Tanto docentes quanto técnico-administrativos em Educação (TAEs) se mobilizaram para desenvolver um trabalho de diagnóstico da Covid-19, por meio do exame RT-PCR, e colocar a atividade a disposição do serviço público de saúde. Logo no início das nossas atividades, fizemos parcerias com o município e com a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e passamos a receber amostras de várias cidades da região para que fizéssemos os diagnósticos.”
As contribuições da extensão universitária são fundamentais para o combate da pandemia na cidade, segundo a avaliação do professor. “Foram ações desenvolvidas, desde o início da pandemia, para tentar dar uma resposta rápida às necessidades do município e todas com muito sucesso”, reitera Silvério.
35 mil vacinados contra a Covid-19 na UFJF
O processo de imunização, na modalidade de drive-thru, surgiu como alternativa, em 2020, na campanha de vacinação contra o vírus influenza. Em parceria com a Faculdade de Enfermagem, a PJF conseguiu aplicar os imunizantes em 7 mil pessoas em apenas uma semana.
De acordo com o coordenador do curso da ação, Thiago César Nascimento, a partir da experiência adquirida, e por meio da cooperação entre a Universidade e a Prefeitura, nas ações de enfrentamento ao combate à pandemia, foi proposto ao município a constituição de uma equipe da Faculdade de Enfermagem para apoiar o processo de vacinação do município com a modalidade de drive-thru.
“No âmbito da instituição, criamos a Ação Extensionista ‘Juntos contra à Covid-19’, congregando docentes e discentes da Faculdade de Enfermagem e hoje já contamos com a participação também das Faculdade de Fisioterapia, Odontologia e Nutrição. Desde fevereiro estamos envolvidos nesse processo e o sentimento é de muito orgulho e satisfação. Alternativamente, também constituímos um ponto fixo na unidade centro do Restaurante Universitário (RU – Centro) como ponto estratégico para vacinar alguns grupos prioritários. Até o momento nossa ação foi responsável pela vacinação de aproximadamente 35 mil pessoas.”
Participação estudantil
Maria Júlia Pereira de Souza, estudante do curso de Enfermagem, participa das ações extensionistas da campanha de Vacinação contra a Covid-19. Segundo a aluna, é extremamente gratificante envolver-se em um projeto desse porte, que traz visibilidade ao papel dos enfermeiros em contexto nacional. Além disso, percebe o reconhecimento das pessoas em relação ao trabalho, esforço e dedicação da equipe em um momento crítico, que ficará marcado na história.
“Olhando para o lado mais técnico, estamos aplicando e colocando em prática muitas das coisas que vimos durante a graduação, desde o manejo e aplicação das vacinas até a administração da assistência, quando pensamos em toda a logística para atender o público da melhor maneira possível”, explica Maria Júlia sobre os benefícios profissionais que a ação extensionista traz para a formação acadêmica.
É preciso empatia. Às vezes parece fácil falar para alguém esperar que sua vez de vacinar vai chegar, mas as pessoas veem a vacina como um último fio de esperança – Maria Júlia de Souza
“É preciso empatia. Às vezes parece fácil falar para alguém esperar que sua vez de vacinar vai chegar, mas as pessoas veem a vacina como um último fio de esperança, muitas chegam contando histórias de que perderam seus familiares para a Covid-19. É preciso ter um olhar de cuidado com toda a população. Não existe Enfermagem sem esse acolhimento humano incluso”, completa a estudante.
De acordo com Ana Lívia, ponto significativo que merece ser destacado nesse período, é a possibilidade de estudantes experimentarem novas formas de trabalhar a extensão universitária, antes baseada na presencialidade e no diálogo e, diante da suspensão das atividades presenciais, começaram a trabalhar com seus coordenadores, professores e TAEs, novas metodologias que pudessem garantir o cumprimento da função social da universidade junto às demandas sociais.
“Nesse momento tão difícil para todos nós, nossas atividades extensionistas foram fundamentais para manutenção da necessária relação da Universidade com as comunidades dos territórios em que está inserida, promovendo ações que objetivam amenizar as dificuldades enfrentadas neste contexto”, finaliza a pró-reitora.
Conhecimento e Cidadania: Ações de Enfrentamento da Covid-19 realizadas pelas IFES (2020)
O estudo, relativo ao período de março a dezembro de 2020, teve como objetivo avaliar a atuação das universidades federais durante a pandemia causada pela Covid-19. No total, 48 das 65 das universidades, o que equivale a uma média de 70%, responderam ao questionário enviado pelo colegiado às instituições. O levantamento faz parte da campanha “Conhecimento e Cidadania. Juntos pela Vacina”.
De acordo com o levantamento, o público beneficiado pelas ações das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) equivalem a 85.537.773 pessoas. Se divididos pelas regiões do território nacional, essas atividades foram mais incisivas na região Sudeste do país, alcançando mais de 43 milhões de cidadãos, seguida pela região Sul, Nordeste, Centro-oeste e Norte, respectivamente.
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