As universidade federais do país formaram 50.066 estudantes entre março e dezembro de 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19. Impactadas pela suspensão das atividades presenciais e pelos sucessivos cortes de orçamento, foi possível, ainda assim, entregar à sociedade mais de 50 mil novos profissionais no ano. O dado faz parte da pesquisa “Conhecimento e Cidadania: Ações de Enfrentamento da Covid-19 realizadas pelas Ifes (2020)“, desenvolvida pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
No mesmo período, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi responsável por diplomar 1.706 alunos, excedendo a média nacional – 771 – se consideradas as 65 instituições do país. Mesmo levando em conta apenas as 48 instituições que responderam ao questionário, a média da universidade juiz-forana ainda ultrapassa a brasileira de 1.066 alunos formados no ano.
Os dados da pesquisa apontam uma maior concentração de estudantes que conquistaram os diplomas de ensino superior no Sudeste do país, onde 23.122 alunos finalizaram os cursos em uma das 21 universidades federais localizadas na região.
Os números refletem as diferentes realidades das instituições pelo país e, apesar de a UFJF ter alcançado uma posição de destaque, é preciso considerar a região em que as Ifes estão inseridas e o tempo de existência. Para o pró-reitor de Graduação da UFJF, Cassiano Amorim, essa diversidade se reflete também no processo de organização dos calendários acadêmicos, no momento da pandemia, considerando a situação epidemiológica e a resposta de cada instituição para aquele contexto local.
Colação online e diploma na mão
A estudante do curso de Engenharia de Produção, Laura Matos Vasconcellos, foi uma das pessoas que colaram grau durante a pandemia. “Esperava ter me formado em julho de 2020, mas isso só foi acontecer em novembro, com o final do primeiro semestre. Ver as aulas em casa, pra mim, não foi uma tarefa fácil. Meu curso é noturno e é o tempo que meu pais ficam em casa e aproveitam o tempo livre deles: televisão ligada, muito barulho, conversas altas.”
Apesar da dificuldade para se concentrar nos estudos, a aluna conseguiu apresentar o trabalho de conclusão de curso (TCC) e, na hora da formatura, pôde contar com a participação de familiares e amigos na solenidade de Colação de Grau online. “Peguei o diploma ainda na semana seguinte, o que eu acho incrível porque alguns amigos meus de outras faculdades levam meses ou até anos para conseguir o diploma oficial”.
Acima da média
De acordo com o pró-reitor de Graduação, Cassiano Amorim, o fato de a UFJF ter formado mais alunos do que a média nacional é bastante significativo. “No momento em que vivemos essa pandemia, é importante destacar que as universidades federais não paralisaram as suas atividades nos campos de ensino, pesquisa e extensão, considerando as dificuldades de oferta e as adaptações para que a graduação se mantivesse”, destaca Amorim.
O pró-reitor reconhece os desafios para ofertar os componentes curriculares teóricos e, principalmente, os práticos e os estágios presenciais. Mesmo assim, a UFJF, assim como demais instituições, têm conseguido se adaptar, seguindo as normas do Conselho Nacional de Educação (CNE) e do Ministério da Educação (MEC).
“Na UFJF optou-se pela oferta do Ensino Remoto Emergencial (ERE), reorganizando os calendários de 2020 e 2021 conforme a legislação orientadora para o momento. O trabalho realizado pela Prograd, pelas comissões do Conselho de Graduação (Congrad) e do Conselho Superior (Consu), permitiu a recomposição da oferta conteúdos curriculares, contemplando as necessidades dos cursos e as demandas de colação de grau dos estudantes. São muitos os desafios, pois há cursos que não conseguem mais avançar na oferta da graduação por meio remoto.”
Dessa forma, outras estratégias de desenhos de calendários são propostos e estão, paulatinamente, sendo construídos e aprovados. “Toda a Universidade vem se adaptando para os desafios impostos pela pandemia. Desde a matrícula, que se adaptou para ser totalmente remota, até a colação de grau, que também tem sido viabilizada por meio virtual, a UFJF tem trabalhado para garantir a manutenção da qualidade acadêmica e a inclusão de todas e todos, em diferentes processos de ensino aprendizagem”, finaliza Amorim.
Auxílios contemplaram mais de 4.600 alunos
Outro fator considerado pela pesquisa, no âmbito da graduação, foram os auxílios oferecidos ao segmento estudantil durante o quadro epidemiológico. O estudo aponta que 197.521 estudantes receberam algum benefício oferecido pelas 65 instituições de ensino. Os alunos do Sudeste foram os mais beneficiados, seguidos dos acadêmicos do Sul, Nordeste, Norte e Centro-oeste.
Apenas no Sudeste, entre as 21 Ifes da região, mais de 95 estudantes receberam algum apoio estudantil. Entre as instituições, a UFJF foi responsável por ofertar mensalmente uma média de 4.699 benefícios, o que equivale a um total de 49.405 auxílios disponibilizados durante o período vigente da pesquisa.
De acordo com a pró-reitora de Assistência Estudantil, Cristina Simões Bezerra, os auxílios oferecidos pela UFJF são imprescindíveis para que estudantes de classes vulneráveis tenham acesso ao ensino superior, pois garante a permanência deles durante a graduação. “Alunos historicamente excluídos do ensino superior, assim como seus antepassados e familiares, estão tendo essa oportunidade e a assistência estudantil é fundamental.”
Cristina também destaca que os benefícios se tratam de direitos estudantis criados para fomentar a formação acadêmica dos alunos e representa a certeza de uma sociedade mais diversa, igualitária e justa. “E, principalmente, com oportunidades que superem as desigualdades históricas no Brasil. Acredito que esses auxílios, ainda mais agora na pandemia, não só possibilitaram a sobrevivência desses estudantes, mas também que eles se mantivessem no meio acadêmico, evitando a evasão e o desligamento da Universidade e, com isso, permitindo que nós continuemos nossa tarefa de formação profissional e acadêmica.”
O aluno do curso de Matemática, Vinicius Quintiliano, foi um dos beneficiários dos auxílios oferecidos pela Pró-reitoria de Assistência Estudantil (Proae). Durante o período recebeu o Auxílio Digital Graduação e a bolsa do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes). “Nessa pandemia, após a suspensão das aulas, tive que adaptar a rotina de aprendizado ao isolamento social. Com isso, diversas questões para que pudesse me manter na universidade foram necessárias, inclusive, para conseguir estudar.”
Entre as adaptações, Quintiliano teve que reorganizar o ambiente para estudo e ainda comprar um notebook e impressora para que pudesse acompanhar as aulas. “Porém, com tudo fechado e sem emprego ou outra fonte de renda, o auxílio permitiu que eu conseguisse adquirir essas ferramentas e melhorias para meu estudo. Além disso, foi necessário pagar por uma internet melhor, porque acabou que todos em minha casa centralizaram as atividades remotamente.”
Conhecimento e Cidadania: Ações de Enfrentamento da Covid-19 realizadas pelas IFES (2020)
O estudo, relativo ao período de março a dezembro de 2020, teve como objetivo avaliar a atuação das universidades federais durante a pandemia causada pela Covid-19. No total, 48 das 65 das universidades, o que equivale a uma média de 70%, responderam ao questionário enviado pelo colegiado às instituições. O levantamento faz parte da campanha “Conhecimento e Cidadania. Juntos pela Vacina”.
De acordo com o levantamento, o público beneficiado pelas ações das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) equivalem a 85.537.773 pessoas. Se divididos pelas regiões do território nacional, essas atividades foram mais incisivas na região Sudeste do país, alcançando mais de 43 milhões de cidadãos, seguida pela região Sul, Nordeste, Centro-oeste e Norte, respectivamente.
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