Alexandre Faria ressalta que a parceria com German Perez foi moldada com muita liberdade, deixando que a imaginação e a interpretação do ilustrador fossem os pontos principais (Foto: Carolina Bezerra)
Com o lançamento virtual marcado para quinta feira, dia 10, o livro “Prenda – Versos livres para crianças livres” – voltado ao público infantojuvenil – é composto por 30 poemas escritos pelo docente da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Alexandre Faria, e ilustrado pelo estudante do ensino fundamental do Colégio de Aplicação João XXIII-UFJF, German Perez, 14 anos. O lançamento será às 20h, nas redes sociais da Editora Guismofews.
“Prenda” é um livro de poemas infantis destinados a crianças que estão no período de transição da infância para a pré adolescência, aquele momento dos 9 aos 12, 13 anos. São poemas que tratam de uma mudança, começa falando dos brinquedos, dos interesses mais infantis, e é dividido em duas partes, cada uma com 15 poemas. A segunda parte reflete sobre a participação da criança na esfera pública, as questões sociais e políticas que estão acontecendo, de gênero, de afirmação de grupos tradicionalmente marginalizados, questões que passam pelo reconhecimento da liberdade e dos respeitos a diferenças”, ressalta Faria.
Mesmo contando com outros livros de poesias publicados, como “Lágrima Palhaça”, “Venta Não” e “I”, essa é sua primeira experiência escrevendo livros para esse tipo de público. A inspiração veio ao observar o crescimento da sua filha mais nova, de 12 anos, “Escrevi esse livro, a primeira versão desses poemas, em 2019, quando ela tava passando dos 10 para os 11 anos, momento que começou o crescimento, a transformação, surgimento dos sinais da puberdade, e eu fiquei muito mobilizado para escrever sobre essas mudanças nesse momento.”
Criação e ilustração
German Perez desenha desde os 7 anos, mas foi com 12 anos que começou a sonhar em se tornar ilustrador. Seu talento e a experiência de já desenhar charges e quadrinhos, como a série “Memento Mori” ainda em produção, chamou a atenção de Faria, seu padrasto, que sentiu a necessidade de ilustrar seus poemas devido à tradição dos livros infantis ilustrados.
Para Perez, o processo de ilustrar “Prenda” “foi uma experiência de aprendizado. Eu entendi melhor como funciona a edição das ilustrações em um livro, e isso vai me ajudar bastante em trabalhos futuros. Também foi difícil, porque eu nunca tinha certeza se o que eu estava desenhando era o que o autor queria. Mesmo assim, eu me diverti bastante lendo e ilustrando os poemas que o Alexandre escreveu”.
A parceria foi moldada com muita liberdade, o autor deixou que a imaginação e a interpretação do ilustrador fossem os pontos principais. “O processo de juntar os poemas com os desenhos foi um trabalho menos difícil do que eu imaginava. Eu gosto bastante de ler e criar histórias em quadrinhos e talvez, por isso, tive mais facilidade para fazer com que o texto e as ilustrações conversassem entre si. Além disso, cada poema me tocou de uma maneira única, tornando ainda mais fácil de transmitir o que eu senti através dos desenhos.”
No fim, a parceria foi de extremo sucesso,uma experiência incrível e divertida para ambos. Para Faria, um dos detalhes que mais lhe chamou a atenção foi o modo como as ilustrações foram posicionadas ao longo das páginas, combinando com os poemas.
Além da infância
Mesmo sendo voltado para o público mais jovem, a discussão proposta no livro vai além de temas infantis e também se torna uma experiência diferente ao ser lido por um leitor mais maduro. Faria ressalta que a sua infância também acabou vindo à tona durante a criação dos poemas, então, o público adulto pode encontrar referências a programas de TV ou super heróis antigos, causando uma sensação de nostalgia.
Além disso, “Prenda – Versos livres para crianças livres” também tem função pedagógica ao trazer discussões sobre direitos humanos e das crianças, e sobre relações familiares e seus conflitos, construídos pelo olhar sensível das crianças. Os poemas ainda trazem referências a autores modernistas, como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, ajudando a introduzir as crianças aos clássicos da literatura brasileira.
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