Ingresso do Jardim Botânico da UFJF visa à integração de ações com outras instituições (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Ingresso do Jardim Botânico da UFJF visa à integração de ações com outras instituições (Foto: Raul Mourão/UFJF)

No ambiente natural, é usual encontrar exemplos de associações entre seres da mesma espécie ou de diferentes grupos. Alguns fungos e plantas realizam trocas para se fortalecerem, e abelhas sobrevivem em sociedade. Uma associação não seria diferente com instituições que tendem a aprender com as espécies que nelas habitam. É assim que o Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) abriu suas portas, construiu um perfil próprio e agora se associa à Rede Brasileira de Jardins Botânicos. 

“Estar na Rede e trabalhar em rede, é no meu ponto de vista, a única alternativa viável para que os jardins botânicos possam exercer seu  importante papel na execução de estratégias nacionais de conservação, envolvendo todos os setores da sociedade, além do Governo Central”, ressalta o presidente do Comitê Executivo da Rede, João Neves Toledo.

A adesão ocorre após a instituição local acumular experiências, com um Plano Político-pedagógico posto em prática. “Foi preciso sentir quais eram as demandas, as realidades, construir uma certa identidade, ainda que ela mude ao longo do tempo”, explica o diretor do Jardim, Gustavo Soldati.

Com a identidade delineada, foi o momento de o vice-diretor Breno Moreira formalizar o pedido de adesão.  “A associação à Rede irá permitir ao Jardim um maior nível de cooperação e intercâmbio com os demais jardins botânicos e institutos que trabalham em prol da conservação e preservação da biodiversidade”, destaca Moreira. 

Ainda conforme o vice-diretor, na conjuntura atual do país, “em que há um desmonte dos órgãos ambientais e retrocessos na legislação de proteção à biodiversidade, essa integração entre os diferentes institutos nos dá força e ânimo para resistir, trabalhar e realizar estudos que permitirão criar bases de dados que comprovem que a criação de espaços direcionados à conservação e à educação ambiental são fundamentais e devem ser difundidos e estimulados em todo o país”. 

Estratégia nacional

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Rede Brasileira de Jardins Botânicos participou da fundação de 30 jardins entre 2011 e 2018 (Foto: Raul Mourão/UFJF)

Fundada há 30 anos, a Rede Brasileira de Jardins Botânicos reunia, em 2020, 46 associados. A meta é chegar a 70 jardins – total próximo dos 64 alcançados em 2016. Conforme o presidente João Neves Toledo, entre 2011 e 2018, a entidade teve participação na criação de pelo menos 30 jardins. 

 “Ao trabalharem em rede, os jardins botânicos demonstram estar imbuídos da necessidade de agir localmente em busca de soluções globais para problemas que afetam a conservação dos recursos vegetais vitais ao planeta”, ressalta Toledo.

Os principais objetivos da Rede são: promover a cooperação entre jardins botânicos e instituições congêneres; estimular o estudo da botânica e a conservação da biodiversidade; e apoiar a criação e desenvolvimento de novos jardins botânicos.

“A interface da ciência, através da Rede,  com os tomadores de decisão e com o público em geral é a estratégica que nos resta para promover uma cultura cada vez mais científica, humanista e zelosa com as riquezas ambientais, combatendo as atuais correntes impostas pelo Governo Federal, que ignoram as metas nacionais para conservação da biodiversidade, redobrando a responsabilidade, quase que exclusiva, dos jardins botânicos na tarefa de conservar a flora brasileira”, acrescenta.

Refúgio local

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Ação de educação ambiental explica sobre Plantas Alimentícias Não-Convencionais (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

O Jardim Botânico da UFJF foi aberto ao público em abril de 2019. Com  mais de 82 hectares e situado em um fragmento de Floresta Atlântica, o Jardim se destaca pela variedade de sua flora e por ser um abrigo para a fauna local. Possui dois lagos com deck; alamedas; mais de  500 espécies vegetais identificadas, entre árvores, arbustos e ervas, incluindo ameaçadas de extinção. 

Visitantes também têm à disposição a Casa-sede com galerias de arte, o Laboratório Casa Sustentável e  a Casa de Educação Ambiental. Está em implantação no local um bromeliário e um orquidário. Com foco em educação ambiental, o Jardim recebeu mais de 50 mil visitantes, em seu primeiro ano de abertura ao público, com destaque para grupos escolares. 

Atualmente encontra-se temporariamente fechado, devido a medidas de prevenção contra a pandemia de Covid-19. Nesse período, o Jardim avança, mediante restrições de biossegurança, na implantação de bromeliário e de viveiro de mudas. Realiza eventos on-line, capacita monitores de educação ambiental e publica conteúdos em mídias sociais.

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