Primeiro encontro discute livro com autores

Primeiro encontro discute livro com autores

Começam nesta quinta-feira, 11, os Seminários CULTNA – Cultura Negra no Atlântico, eventos on-line organizados pelo Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pelo Center for Latin American Studies da University of Pittsburgh. 

O primeiro encontro ocorre a partir das 18h, horário de Brasília, com a participação dos pesquisadores da Rutgers University e da Universidade Federal do Sergipe (UFS), respectivamente, Kim Butler e Petrônio Domingues. Os acadêmicos debatem seu livro Diásporas Imaginadas: Atlântico Negro e Histórias Afro-Brasileiras (perspectivas 2020). O evento, aberto ao público, acontece de forma remota e as inscrições devem ser feitas por meio deste link.

Os autores da obra abordarão a introdução e os capítulos 1 e 9 do Diásporas Imaginadas. De acordo com a professora da UFJF, Hebe Mattos, a apresentação do livro abre com uma epígrafe de Lélia Gonzales que diz “os problemas dos negros do Brasil são os problemas dos negros do mundo”, o que traz o tom para as reflexões durante o estudo desta quinta-feira. Como o nome da obra diz, a proposta promove uma discussão conceitual sobre a ideia de um Atlântico Negro e como as histórias afro-brasileiras são colocadas nesse enredo.

“Nós vamos discutir, conceitualmente, como trabalhar o termo ‘diáspora’ e pensar na realidade negra que se relaciona com a migração forçada, por meio do tráfico de pessoas africanas escravizadas, o que é algo muito forte de se pensar na diáspora negra, sobretudo no mundo atlântico. Mas também temos as migrações das antigas colônias africanas para a Europa, que colocam em convivência as pessoas caribenhas, afro-brasileiras e afrolatinas com indivíduos de origens geográficas tão diferentes. Essa relação com o Atlântico representa a relação com a África, com a terra de origem e com o trauma de escravidão, mas também com diferentes pontos, lugares e a circulação entre eles. Essas são as partes fortes dos estudos da Butler”, aponta Hebe.

Já em relação aos trabalhos de Petrônio, Hebe observa que eles abordam o quanto a experiência negra no Brasil, que sempre se pensou como algo peculiar e específico, une-se à estadunidense. “Temos a tradição de pensar que temos uma experiência diferente do resto do mundo Atlântico. No entanto, essa vivência negra e brasileira, na sua peculiaridade, sempre esteve em contato com outras experiências de negritude, há um diálogo com essa experiência diaspórica.”

Fortalecimento interinstitucional

Segundo a professora Fernanda Thomaz, que também está envolvida na organização dos eventos, uma das características importantes da iniciativa é o diálogo promovido entre diferentes instituições de ensino, que reúne departamentos e áreas de estudos ligados à História e às Ciências Humanas, contribuindo para reflexões acadêmicas. “O Lab/Afrikas, durante o ensino remoto, continuou a discutir, mensalmente ou quinzenalmente, textos nossos e de outros autores. A partir disso, decidimos ampliar o diálogo com outros laboratórios de outras instituições, pois acredito que seja muito importante que o nosso aluno tenha a oportunidade de um contato contínuo com outros grupos.”

A professora explica que a atividade contribui institucionalmente, pois está produzindo conhecimento acadêmico para a UFJF em parcerias com outras instituições. “O seminário proporciona para a comunidade acadêmica, tanto interna quanto externa, a ampliação da discussão de pesquisadores que estão produzindo e publicando recentemente. Nesse seminário contínuo, vamos ouvir os próprios autores das obras selecionadas e dar continuidade aos debates.”

Seminário contínuo

O Cultura Negra no Atlântico (CULTNA) é uma iniciativa que congrega o Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense e da Universidade Federal de Juiz de Fora, e o Center for Latin American Studies da University of Pittsburgh. Uma vez por mês, trabalhos recentes serão debatidos com especialistas e estudantes interessados no tema.

Os Seminários CULTNA acontecerão em português, com curadoria conjunta da linha de pesquisa Memória, Áfricas e Escravidão do LABHOI-UFF, em que atuam Hebe Mattos e Martha Abreu; do LABHOI-AFRIKAS-UFJF, coordenado por Hebe Mattos e Fernanda Thomas; e de Keila Grinberg, pelo CLAS/Pittsburgh.

Programação

A programação dos seminários estende-se até junho. Confira:

“Descolonizando imaginários e saberes”
Convidado: Clement A. Akassi (Howard University)
1 de abril às 18h
Inscreva-se

“O massacre dos libertos”
Convidado:Matheus Gato (Universidade Estadual de Campinas)
13 de maio às 18h
Inscreva-se

“A revolução dos ganhadores”
Convidado: João José Reis (Universidade Federal da Bahia)
10 de junho às 18h
Inscreva-se

Outras informações: Cultura Negra no Atlântico

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