A Clio Edições Eletrônicas lançou esta semana o livro “Gênero, Narrativas e Identidades”. A obra, disponível gratuitamente, apresenta dez artigos de diferentes autoras/es, divididos em duas sessões intituladas: “Discursos e representações acerca da identidade de gênero e sexualidade” e “Trajetória de mulheres, identidade de gênero e participação política feminina”.
Acesse o livro na íntegra aqui.
A publicação é organizada pela professora Fernanda Thomaz, e foi idealizada a partir da disciplina “Tópico Especial em Narrativas, Imagens e Sociabilidades”, ministrada pela docente, no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
“O título específico da disciplina era ‘Gênero e suas Múltiplas Dimensões’. As leituras instigantes, as longas discussões teóricas e os incríveis relatos de experiências de vida permitiram a gestação deste livro, que foi pensado e produzido pelas próprias pós- graduandas da turma. Os vínculos pessoais e as afinidades teórico-politicas construídas ao longo da disciplina foram o impulso necessário para a construção de um projeto coletivo, que permitisse a apresentação da pesquisa de cada uma das estudantes”, destaca a docente.
De acordo com Fernanda Thomaz, um dos pontos instigantes do livro é o entrelaçamento das teorias acadêmicas, experiências pessoais e atuações políticas, do mesmo modo como ocorreu durante a realização da disciplina, no Programa de Pós-Graduação em História da UFJF.
“Teoria acadêmica, experiência pessoal e atuação política estiveram entrelaçadas no mesmo ritmo e cadência, ficando explícita a compreensão de que a produção de conhecimento na academia não está alheia à realidade de quem a realiza”
“Teoria acadêmica, experiência pessoal e atuação política estiveram entrelaçadas no mesmo ritmo e cadência, ficando explícita a compreensão de que a produção de conhecimento na academia não está alheia à realidade de quem a realiza”, ressalta.
As teorias e o movimento social das mulheres
Outro aspecto enfatizado pela docente é como esses entrelaçamentos mencionados contribuíram ao longo do tempo para a emancipação feminina na ciência e na sociedade em geral, no Brasil e no mundo.
“A proposta do movimento feminista nos anos 1970 e 1980 era transformar as condições das mulheres, sabendo que, para isso acontecer, tornava-se necessário mudar o mundo. A partir dos projetos políticos de pensadoras e ativistas surgia o projeto intelectual-acadêmico, a chamada teoria feminista, que vinha a reboque do movimento das mulheres”, explica Fernanda.
“As ativistas negras denunciaram o racismo inserido no pensamento feminista e reivindicaram olhares e preocupações para as mulheres não brancas e das classes menos privilegiadas”
Do mesmo modo, a docente destaca a relevância das ativistas negras que transitaram dos movimentos sociais para a academia. Conforme salienta Fernanda Thomaz, foram as ativistas negras que denunciaram o racismo inserido no pensamento feminista e, além disso, reivindicaram olhares e preocupações para as mulheres não brancas e das classes menos privilegiadas.
“Se as teóricas, de certa forma, ajudaram a mudar seus campos de estudos, isso foi resultante da atuação do movimento feminista. Parte dessa reflexão esteve presente, de maneira orgânica, nas discussões da disciplina que está na origem desta obra. Embora os textos deste livro retratem diferentes pesquisas realizadas pelas pós-graduandas, seus anseios e concepção de mundo estão mergulhados na relação dialética entre movimentos sociais e produção acadêmica.”
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